A data comemorativa pelo Dia Municipal da Fissura Labiopalatina é oficialmente 26 de Maio, de acordo com a Lei nº 2712/21, mas a equipe do Hospital Esaú Matos celebrou, antecipadamente, na sexta-feira (24), com uma manhã de ofertas de serviços de saúde para crianças fissuradas e cuidadores. Os participantes estavam reunidos por um mesmo objetivo: dar visibilidade a esse defeito congênito que é um dos mais comuns entre as malformações que afetam a face do ser humano, atingindo uma criança a cada 650 nascidas, de acordo com a literatura especializada.

Representando a prefeita Sheila Lemos, a secretária municipal de Governo, Geanne Oliveira, compôs a mesa de abertura e destacou em sua fala a importância da comemoração. “Estar em um momento como esse é muito emocionante porque é muito claro o esforço de todos nessa luta tão importante, e, ainda, neste hospital que é referência quando se trata de cirurgias reparadoras. O Governo Municipal parabeniza a todos por esse trabalho que vem sendo desempenhado tão bem nos últimos anos e que deixa muito claro o quanto é importante a gente sempre colocar em evidência esse assunto para que mais pessoas tomem conhecimento a respeito”, disse.

O projeto de lei foi pensado por meio do mandato do vereador Subtenente Muniz, sendo a lei sancionada em dezembro de 2022. No encontro, o representante da casa legislativa discursou para os presentes dando destaque à data, e reforçou que, mesmo a comemoração sendo recente, o empenho em colocar como legislação é antigo. “Foram esforços diários para chegarmos até aqui”, afirmou o vereador.

Durante o evento, os presentes receberam atendimento psicológico, pediátrico, odontológico, aferição de pressão arterial e glicemia, e vacinação.

Dignidade

Não há apenas uma causa para a ocorrência da fissura labiopalatina, mas acredita-se que a fissura se dê por uma interação de diversos genes associados a fatores ambientais e este modelo é conhecido como herança multifatorial.

Em Vitória da Conquista, o Hospital Esaú Matos é a referência em cirurgias reparadoras das Anomalias Faciais e oferece atendimento gratuito a centenas de crianças portadoras da fissura, considerando a especificidade do problema e garantindo tratamento adequado a cada paciente. Além da intervenção cirúrgica, os pacientes passam por atendimento odontológico especializado, tratamento fonoaudiológico e de motricidade orofacial especializado, incluindo cuidados para o aleitamento materno no caso de recém-nascidos e lactentes, além de acompanhamento pediátrico e, a depender do caso, fisioterapia motora.

Uma das pacientes é Elisa, de 5 anos, filha de Iracilda Pereira, umas das apoiadoras da mobilização. De acordo com ela, é preciso sempre falar sobre esse tema, destacá-lo na sociedade para trazer mais dignidade para aqueles que nascem com a malformação. “Por exemplo, não se fala mais ‘labioperino’ porque se refere a um animal, e não é a qualidade do ser humano”, explicou Iracilda, que complementou: “Esse momento é de muito importante para todos nós que estamos lutando por essa causa e traz um conforto no coração saber que mais pessoas estão se mobilizando para contribuir”.

A coordenadora de saúde bucal do município, Luiza Lorrayne Castro, compartilha do mesmo sentimento. “Nós sempre buscamos oferecer uma assistência humanizada a nossos pacientes não só por ser o básico quando se trata de atendimento na área da saúde, mas porque tanto as crianças quanto os pais chegam até nós de forma fragilizada. Esse legado foi deixado pelo saudoso Carlos Elias de Freitas que dedicou parte da sua vida para auxiliar crianças fissuradas”, elucidou.

O serviço está em atividade desde outubro de 2008, iniciado pelo cirurgião bucomaxilo Carlos Elias de Freitas (in memóris), e, desde então, vem facilitando o acesso da população local e regional a esse tratamento que antes era feito apenas em grandes centros.

O atendimento odontológico especializado tem sido gradativamente implantado na rede municipal de saúde, atualmente realizado no Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), situado ao lado do Centro Municipal de Atenção Especializada (Cemae).

Já foram realizadas mais de 120 de cirurgias, incluindo a correção de fissuras de lábio e palato (lábio leporino) e cirurgias para correção do maxilar inferior pequena (micrognatia). Atualmente quem está conduzindo as cirurgias iniciais reparadoras é o Dr. Rafael Moura e o acompanhamento com o fonoaudiólogo, Jorge Fernando Cunha.