Declamação de poesias com forte crítica social. A estratégia foi muito bem utilizada para dar início à roda de conversa Juventude, Literatura e Hip Hop, nesse domingo, 12. A discussão foi coordenada pelo cantor de rap e poeta Gog, que se apresenta mais tarde no palco da Praça Barão do Rio Branco. O próprio Gog, antecedido por Nelson Maca e Michel Yakine, proferiu também seus versos de contestação.

Nelson Maca

“Os heróis mais importantes são aqueles que a gente pode abraçar”, comentou Nelson Maca, que falou sobre a importância da articulação da juventude para combater a discriminação e a exclusão social. Para o paranaense que vive em Salvador, o conhecimento e a valorização da cultura negra são elementos importantes da cultura hip hop.

Michel Yakine, rapper paulista

“Eu fui me entregando ao rap a partir das rádios comunitárias. Depois eu comecei me relacionar com a literatura negra e com a realização de saraus. Esses saraus são uma celebração da arte na periferia. Lá na minha comunidade, além da negritude, estamos associados à cultura nordestina, cada periferia tem a sua identidade”, comentou Michel Yakine, rapper paulista, de família nordestina. Sobre a impressão que teve de Vitória da Conquista, Michel declarou: “Eu vou voltar pra minha comunidade com a minha chama mais acesa”.

Gog

“Não desviar na reta do fim, as vozes do início”, frisou como meta que deve ser tomada pelos jovens que se integram à cultura hip hop. “O hip hop foi para mim um despertador periférico”, contou Gog sobre sua história. Para o artista é preciso compreender o significado existente e ressignificar as expressões da favela. “Nós que requeremos UPPs: unidades de poema na periferia; união dos poetas pretos”.

“O hip hop não é para criar um mercado alternativo, mas para criar alternativa ao que já estava posto. O hip hop é um fogo social”, afirmou o cantor, que falou sobre a importância social da cultura englobada pelo hip hop. Segundo Gog, suas letras são sua contribuição, sua forma de atuação dentro do hip hop.

Naiane Silva Santos

Naiane Silva Santos, 21, moradora do Bairro Panorama, veio buscar mais conhecimento sobre hip hop. A jovem é monitora de dança do Programa Mais Educação e faz parte de um grupo de rap. A relação dela com a cultura hip hop começou há cerca de cinco anos. “Primeiramente eu gostava de dançar, mas depois de conhecer os outros elementos eu comecei a gostar mais. Agora eu faço parte do movimento, eu tenho mais conhecimento, minha forma de pensar, de ver as coisa é completamente diferente. Acho importante abrir espaço no Festival da Juventude para a cultura hip hop”.

O rapper Neilson Santos

Segundo o rapper Neilson Santos, 24, morador do Alto Maron, a oficina foi bastante proveitosa. “Comecei a dançar em 2007, depois, quando eu vi que eu tinha condições e também comecei a compor. Eu e meus amigos viemos participar porque a gente quer mostrar que o hip hop tem força em Conquista. Nessa festa tão abrangente, a gente quer tentar mostrar que rap não é coisa de ladrão”.

Gabriela Viana

A estudante de jornalismo Gabriela Viana, 20, moradora do Santa Cruz, foi atraída para a oficina porque há algum tempo acompanha o trabalho de Gog. “Sou fã de Gog, a militância dele no hip hop é muito importante. Eu gosto muito de música com teor social, o rap está entre minhas preferidas, porque mostra a realidade sem embelezar muito”, disse.
Atenção integral à juventude –A Prefeitura de Vitória da Conquista desenvolve uma série de ações com o objetivo de garantir direitos e oferecer oportunidades aos jovens do município. São programas e políticas públicas nas áreas de saúde, educação, desenvolvimento social, geração de emprego e renda e cultura que proporcionam melhores condições de vida para a juventude. A criação de uma coordenação para atender às necessidades da juventude conquistense, já no início de 2013, evidencia o interesse do Governo Municipal em dar voz e visibilidade ao setor que representa uma parcela significativa da população conquistense. A coordenação da Juventude, ligada à Secretaria Municipal de Trabalho, Renda e Desenvolvimento Econômico, vem atuando, desde então, para melhorar a qualidade de vida de jovens das zonas urbana e rural.