Mais de 80 mil animais atendidos em 25 anos. Localizado na Serra do Periperi, o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Vitória da Conquista é administrado pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) e já devolveu mais de 62 mil animais à natureza.

Em 25 anos de história completados no mês em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, o Cetas recebeu 80.950 animais de diferentes espécies, sendo que no ano passado, foram 6.261 animais. De janeiro até o início deste mês de junho, deram entrada no Cetas 1.257 animais. As aves correspondem a cerca de 90% dos animais que chegam ao centro, cujas espécies mais recorrentes são canário-da-terra, papa-capim e cardeal-do-nordeste. Do grupo dos répteis, estão o jabuti e a jiboia. Já entre os mamíferos, os que mais dão entrada no Cetas são o saruê e o sagui.

Ana Claudia

“O Cetas é extremamente importante para a manutenção da biodiversidade. Aqui, a gente trabalha salvando vidas de animais que são vítimas e estão em situação de fragilidade. Então, aqui a gente vê a presença de diversas espécies de animais que, se não houvesse o Cetas, provavelmente estariam correndo um alto risco, poderiam morrer vítimas do tráfico de animais silvestres. Então, o trabalho desenvolvido pelo Cetas é maravilhoso e é fundamental para a gente continuar preservando e dando condições para que a biodiversidade se restabeleça cada vez mais”, destacou a secretária de Meio Ambiente, Ana Cláudia Passos.

Os animais que chegam ao Cetas são provenientes, principalmente, de fiscalizações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e da Guarda Municipal, resgates do Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal, Cetas e operações policiais. No entanto, podem dar entrada também por meio de órgãos, a exemplo do Inema, e de entregas voluntárias da própria população.

Nos últimos anos, tem aumentado a quantidade de animais vítimas do tráfico que chegam ao Cetas. A maioria estressados e debilitados pelas condições em que são transportados, em locais pequenos, com sede e fome.

“São animais vítimas do tráfico de animais silvestres e algumas vezes vítimas de atropelamento também nas rodovias. Então os animais chegam por diversas formas, pelas polícias, por ações de fiscalização da nossa equipe, do Gama (Guarda Municipal), Ibama, Inema, ICMBio, são vários os caminhos. E quando são vítimas do tráfico, muitas vezes chegam em situações bem precárias. Chegam milhares de aves juntas, vários animais, alguns já indo a óbito ou já estão mortos por causa das condições de transporte. Então, é bem delicado, é crime. As pessoas sabem, mas infelizmente ainda existe”, pontuou Ana Cláudia.

Veterinário no Cetas há mais de 20 anos, Aderbal Azevedo contou que desde o ano passado aumentou bastante a quantidade de animais que deram entrada no espaço. “Foi o período que nós recebemos o maior número de animais. E não só por conta da apreensão do tráfico, mas também pela conscientização, que o pessoal está entregando mais animais, estão mais conscientes”, disse o veterinário.

Aderbal

Ao chegarem ao centro, os animais silvestres passam pela triagem e recebem os cuidados necessários, com alimentação adequada até a total recuperação. O tempo de recuperação dos animais varia de acordo com o estado clínico em que eles se encontram quando chegam ao Cetas. Quando ocorre a plena recuperação, eles são devolvidos à natureza em áreas mapeadas de acordo com as características de cada espécie.

E para atender à grande demanda e proporcionar mais qualidade de vida enquanto estiverem aos cuidados do Cetas, a Prefeitura iniciou a reforma do espaço, que também vai ampliar a quantidade de atendimentos.

“É um equipamento muito importante e pensando na melhor qualidade de vida e no bem-estar desses animais no período que eles estão dentro do Cetas, a gente buscou iniciar as reformas que estava precisando bastante, até para ampliar a quantidade de atendimentos. O espaço estava pequeno para o tamanho da demanda, então começamos pela ala dos grandes felinos, que é uma ala que tem um suporte maior e mais uma segurança, tanto para o animal quanto para os tratadores”, explicou a secretária, que também citou a construção de quiosques e da guarita. “A gente tem bastante coisa para fazer”, disse.

O Cetas de Vitória da Conquista é referência na Bahia e no Brasil. O trabalho realizado pela equipe já foi divulgado em programas da TV, a exemplo do Globo Rural, telejornais regionais e nacionais e com aparições no Animal Planet e no documentário “E agora? O Tráfico de Animais Silvestres no Brasil”, lançado em 2017, com direção de Humberto Bassanelli.

A população pode ajudar a colaborar com a fauna e a biodiversidade, realizando denúncia de criação irregular e comercialização de animais silvestres. Além disso, a Secretaria de Meio Ambiente solicita que as pessoas não criem animais silvestres como se fossem pets e evitem o consumo de carne de caça. Para acionar o Cetas, a população pode entrar em contato com o telefone (77) 3423-2247 ou por meio do e-mail cetasvca@yahoo.com.br. A equipe irá resgatar o animal e fornecer os cuidados necessários.