Educação
Postado em 9 de outubro de 2013 as 12:50:34
Simultaneamente às exibições de filmes, a 4ª Mostrinha de Cinema Infantil disponibiliza quatro oficinas de iniciação à técnicacinematográfica paraalunos e professores. Todas são ministradas por professores do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) e acontecem nesta terça e quarta, dias 8 e 9 de outubro.
A Mostrinha é realizada pela Uesb, por meio da Pró-Reitoria de Extensão e do Programa Janela Indiscreta Cine-Vídeo Uesb, com a correalização da Prefeitura de Vitória da Conquista, através da Secretaria Municipal de Educação.
Oficina de animação: um presente para Maria Eduarda
Essa terça-feira, 8 de outubro, foi um dia muito importante para a estudante Maria Eduarda Oliveira. Primeiro, porque ela comemorou 10 anos de idade e, segundo, porque ela recebeu um presente mais que especial: participar de uma das oficinas da 4ª Mostrinha, juntamente com um grupo de colegas da Escola Municipal Paulo Setúbal, no distrito de Inhobim, onde cursa o quinto ano do Ensino Fundamental I.
Acompanhados por professores, eles passaram o dia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), participando da oficina “Introdução à Animação”. “Eu vi que tinha muitos amigos meus, e ia ser um bom passeio. Aí eu vim. Valeu muito a pena”, contou Maria Eduarda.
Para o professor Márcio Venâncio, responsável por ministrar a oficina, a experiência tem sido positiva. “Os meninos estão participando bastante e são muito criativos. Está melhor que as expectativas, principalmente por conta deles. São muito proativos”, avaliou.
A professora Adriana de Jesus, que acompanhou os alunos ao lado do colega Wilson Brasil, demonstrou boas expectativas quanto aos futuros resultados que a experiência terá, já na sala de aula. “Eles se empolgaram muito. Estão interessados mesmo em passar o que aprenderam aqui para os outros colegas”, disse.
Som de cinema: ‘a linguagem audiovisual como um novo instrumento de expressão’
Na oficina “A Construção Sonora no Audiovisual”, alunos do Centro Educacional Eurípedes Peri Rosa, localizado em Bate-Pé, foram apresentados a noções básicas de captação de som no cinema. Segundo o ministrante, Glauber Lacerda, a iniciação de crianças em questões técnicas do universo audiovisual acontece de forma semelhante ao processo de alfabetização. “Depois que nascemos, com um ou dois anos de idade, aprendemos as palavras, mas não sabemos codificá-las. O mesmo acontece com a linguagem audiovisual”, comparou.
Ainda de acordo com o professor, hoje as pessoas têm contato permanente com filmes, em vários tipos de mídia. A maioria delas, no entanto, ainda não foi apresentada a conhecimentos técnicos sobre como essas obras são feitas. Daí a importância desse tipo de oficina. “As pessoas passam a ter um instrumento novo para se expressar. E, com esse instrumento, podem surgir grandes artistas e pessoas mais atentas às artes”, disse Lacerda.
Foi isso o que aconteceu à estudante Ingrid Queiroz, de 10 anos. Embora tenha assistido a vários filmes ao longo da vida, ela nunca havia atentado para a complexidade e importância da captação de som. “Estou gostando muito, porque estou aprendendo coisas que eu não conhecia”, observou. Ingrid disse ter ficado especialmente surpresa com o cinema mudo, algo que, para ela, era uma novidade. “O professor falou que a orquestra é que tocava para dar um tom mais alegre às exibições”, contou a estudante, já compartilhando os conhecimentos recém-adquiridos.
Fotografia: crianças adquirem um novo olhar sobre as coisas
A pequena Alice Pereira Brito, de 10 anos, afirmou ter gostado de conhecer a Uesb. Ao longo do dia, ela e os colegas visitaram vários lugares da universidade. “Demos uns passeios para conhecermos mais, vimos animais e árvores. Foi muito interessante”, contou a estudante, deixando bem claro que, na paisagem acadêmica, foram as plantas que mais lhe despertaram a atenção – a ponto de elegê-las como personagens centrais das fotografias que ela produziu para a oficina “Fotografando com Tião”. Dedicou especial atenção às flores, que, como observou, são da mesma espécie de outras que ela já costumava fotografar, ao lado de sua casa.
Leonardo Rocha, 11 anos, colega de Alice na Escola Municipal Cláudio Manuel da Costa, foi mais diversificado na escolha de seus temas. Além de flores, árvores e vegetação em geral, ele também se interessou pelos animais. O garoto garantiu que, após a participação na oficina, modificou a forma de olhar para o que vê em volta. “Agora vejo de outro ângulo, muito melhor. Vejo tudo mais claro e específico”, explicou o pequeno fotógrafo.
Para o ministrante da oficina, Rogério Luiz Oliveira, a reação de crianças como Alice e Leonardo é natural, após a exposição a novos conhecimentos básicos sobre as técnicas fotográficas. “Percebemos, nas mínimas coisas, como uma pequena orientação ajuda as pessoas a olharem de uma forma diferente para o que está ao redor”, observou o professor. “A fotografia de fato acaba chamando atenção para que a gente olhe para pequenas coisas que, muitas vezes, passam despercebidas”.
Produção audiovisual: alunos produzem, atuam, dirigem, filmam e editam
Os alunos da oficina “Introdução à Produção Audiovisual” já são acostumados a ver filmes e produções audiovisuais em geral. Mas estão aprendendo agora, na prática, sobre os detalhes de todo o processo de realização, desde o planejamento até a definição da história, passando pelo roteiro, definição de cenas e personagens, figurino, enfim. “Fizemos essa primeira abordagem um pouco mais teórica para, depois, partir para a prática”, explicou a ministrante, Macelle Khouri.
A turma, formada por alunos da Escola Municipal J. J. Seabra, na Limeira, foi dividida em dois grupos, que chegaram a consensos entre si sobre duas ideias de histórias. Após passarem por todo o processo inicial de produção, eles partiram para a filmagem. O trabalho de edição e finalização dos vídeos também será feito de forma coletiva – e, nessa etapa, haverá uma parceria com os responsáveis pela oficina “A Construção Sonora no Audiovisual”. Ao fim do segundo dia de oficina, nesta quarta-feira, 9, os dois grupos se sentarão para assistir aos dois vídeos, já finalizados. “O que percebemos é que a experiência, para eles, está sendo muito interessante, porque eles não tinham noção de como fazer”, avaliou Macelle. “Aí, quando eles se viram tendo de fazer cada uma dessas etapas, passaram a conhecer a dimensão do processo”.