Desenvolvimento Econômico
Postado em 25 de agosto de 2014 as 16:58:55
Evento reuniu jovens interessados em arte – do hip hop ao cangaço, passando pelo rock e pela literatura
Em sua terceira edição, realizada na noite de sexta-feira, 22, nas dependências da Secretaria Municipal de Trabalho, Renda e Desenvolvimento Econômico (Semtre), o Sarau Jovem da Coordenação Municipal de Juventude brindou novamente um grupo de representantes desse público com algumas manifestações culturais aparentemente díspares, mas que se complementavam e enriqueciam mutuamente. Em linhas gerais, foi uma noite em que se apresentaram um rapper cangaceiro e uma banda de rock, ao mesmo tempo em que ocorria o lançamento oficial de um livro de crônicas. Enquanto isso, o microfone se mantinha aberto a qualquer um que quisesse declamar textos em prosa e verso.
A cada edição, a programação segue a lógica da “mistura”, uma saudável orientação que rege o funcionamento do sarau. “Chamamos convidados diferentes, que tenham uma arte para apresentar”, explicou Helder Rocha, membro da equipe que organiza o evento mensal. “A temática maior é que as atrações são jovens. Elas têm a idade que é o foco da gente”, completou.
Hip hop e cangaço – Para Dernevaldo Santos, cujo nome artístico é Cangaço Negro, o chapéu de couro, à moda dos antigos cangaceiros, não destoa do restante do vestuário, idenficado com o universo visual do hip hop. Enquanto ele canta seus versos, a batida eletrônica que o acompanha se sobrepõe às vozes de antigas duplas caipiras – e até a citações de Luiz Gonzaga, o rei do baião.
Segundo Cangaço, não há nenhuma heresia em se juntar esses elementos num só artista. “Meu som é uma expressão regional que mistura a tradição da cultura nordestina, que tem o aboio, a poesia e a literatura de cordel, com o urbano que é o rap e o hip hop”, descreveu-se o artista, cuja trajetória pode ser considerada uma reprodução de suas influências musicais e comportamentais: ele nasceu no povoado de São Sebastião, zona rural de Vitória da Conquista, e passou algum tempo em São Paulo antes de retornar à cidade natal. Apresenta-se como artista independente desde 2005.
Unindo a juventude – Tiago Santos, Vinícius Campos, Gabriel Ribeiro e Glauber Fonseca, os garotos que há seis meses formaram a banda Route 96, são estudantes com idade entre 18 e 20 anos. O número presente no nome do conjunto é uma referência ao ano em que a maioria deles nasceu. Enquanto produz seu repertório de músicas autorais, o grupo apresenta covers de bandas famosas, geralmente associadas à década de 80, como Titãs, RPM e Ultraje a Rigor. A esse som, costuma misturar o punk rock de grupos como Ramones, e ainda algo do hardcore dos Raimundos.
Glauber, que se divide entre os vocais e a guitarra, acredita que a apresentação da banda numa iniciativa como o Sarau Jovem ultrapassa os limites da música em si. “É muito importante, principalmente, porque não é só a música. É também a literatura, a poesia. Isso une a juventude. É importante que haja um espaço assim”, sintetizou o jovem roqueiro.
‘Iniciativa interessante’ – Embora esteja circulando já há algum tempo, o livro “Quartos de hotel” foi lançado oficialmente no 3º Sarau Jovem. O autor, o jornalista e escritor Alberto Marlon, considera “interessante” haver um espaço mantido pelo Governo Municipal exclusivamente para acolher as manifestações do público jovem – sobretudo as literárias. “É muito interessante a abertura deste espaço para ser um local onde se reúnam atividades culturais das mais diversas formas, propiciando não só aos jovens, mas ao público em geral, esse contato e esse encontro”, disse.
Outro aspecto positivo de poder lançar seu livro no evento, segundo Marlon, é a possibilidade de estimular que os jovens interessados em literatura também se vejam como potenciais novos escritores. “Isso incentiva outros a também escreverem e lançarem suas obras”, observou o autor, que, antes de “Quartos de hotel”, publicou a coletânea “Crônicas conquistenses: na trincheira eletrônica”.
‘Vim para prestigiar’ – “O Sarau Jovem é um espaço multiuso, agradabilíssimo, e a juventude tem se apresentado com um público bastante diversificado”, avaliou o secretário municipal de Trabalho, Renda e Desenvolvimento Econômico, Gildelson Felício.
O coordenador municipal de Juventude, Rudival Maturano, identificou outra característica notável. “O público que tem visitado as edições do Sarau Jovem é bastante qualitativo”, destacou. De acordo com Rudival, a explicação está no fato de que, a cada edição, o evento contempla um público diferente – que costuma ser composto majoritariamente por indivíduos interessados no que a programação tem a oferecer.
É o caso de Sayonara Malta, que atua como articuladora do plano que tem por objetivo desenvolver ações que reduzam a vulnerabilidade a que está exposta a juventude negra no Brasil. Sayonara representa o plano em Teixeira de Freitas e Porto Seguro, além de Vitória da Conquista – cidade que ela elogiou, em razão da qualidade das políticas públicas direcionadas à juventude, que viu serem executadas pela Prefeitura local. “Vim para prestigiar o trabalho que a Coordenação de Juventude tem feito aqui. Estão conseguindo agregar os jovens em espaços nos quais eles possam ser protagonistas”, disse.