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Postado em 7 de fevereiro de 2013 as 12:57:04
“Gosto muito destas reuniões. Isso enturma mais as pessoas”, disse uma usuária
Um baile de carnaval, realizado na tarde desta quarta-feira, 6, animou os usuários do Centro de Atenção Psicossocial (Caps II), ligado à Secretaria Municipal de Saúde de Vitória da Conquista. Assim como nos demais procedimentos terapêuticos adotados pelo órgão, o caráter democrático prevaleceu no evento: os usuários participaram de todas as etapas da organização festa, desde a escolha do local até a seleção do cardápio mais adequado. É assim em todas as ocasiões festivas do ano.
Durante a folia, tornou-se apenas um detalhe o fato de todos ali serem portadores dos chamados transtornos severos e persistentes – entre os quais se incluem a depressão, o transtorno afetivo bipolar e a esquizofrenia. Eram, portanto, apenas foliões preocupados somente em se divertir.
Comunicação – “Aqui eu me dou bem com todo mundo”, disse a usuária Celeste Silveira, de 52 anos, durante um breve intervalo do baile carnavalesco. “Gosto muito destas reuniões. Isso enturma mais as pessoas”, acrescentou Celeste, que há oito anos é atendida pelo Caps II.
Diagnosticada com transtorno bipolar, ela utiliza os medicamentos e participa de oficinas oferecidas pelo serviço. Ela se inscreveu nas de crochê e bordado, atividades com as quais já tinha familiaridade antes de ser atendida pelo Caps II, e também numa terceira, a de rádio. “Rádio é comunicação, e comunicação é comigo mesmo. Sou muito comunicativa”, explicou.
Paixão pela arte– O baile de carnaval também veio a calhar para Rudh Oliveira, outra usuário do Caps II. “Gosto de me fantasiar de várias formas, para animar as pessoas”, conta. Aos 29 anos, ele está há oito no Caps II, e afirma ter encontrado no serviço o equilíbrio de que precisava. “Isto aqui é tudo para mim. É minha segunda família”, sintetiza. Rudh inscreveu-se em quase todas as oficinas – inclusive como monitor – e descobriu uma inesperada atração pela arte dramática.
A oficina de teatro serviu-lhe como uma libertação momentânea para certas limitações pessoais. “Sou muito tímido. Mas, quando entro num personagem, preciso mostrar a que ele veio”, observa. “Tudo o que é movido a arte, música e teatro, é comigo mesmo”.
Autonomia– Cada um dos 313 usuários do Caps II tem seu projeto terapêutico individual, organizado pela equipe multidisciplinar. O tratamento com medicamentos é complementado com a participação dos usuários em atividades internas, como oficinas. O atendimento é feito com base na demanda espontânea. Quando alguém procura pelo Caps II e o caso não se encaixa no perfil do público-alvo, a equipe o encaminha ao serviço onde poderá ser atendido.
A equipe incentiva alguns usuários a exercerem atividades profissionais simultaneamente ao período de tratamento. “Isso é para que eles tenham mais autonomia”, explica a gerente do Caps II, Paula Botelho. “Queremos incentivá-los a buscar alternativas também fora do serviço para que, quando receberem alta, possam se reinserir no mercado de trabalho, como as demais pessoas”.
O Caps II funciona no Hospital Crescêncio Silveira, localizado na Rua Antônio Pereira, s/n, Centro. O telefone é (77) 3422-9392.