A mobilização alcançou localidades das zonas rural e urbana de Vitória da Conquista

Durante o mês de maio, as unidades de atendimento da assistência social de Vitória da Conquista intensificaram as ações de combate ao abuso e à exploração sexual contra crianças e adolescentes, em diferentes localidades do município. Essa iniciativa faz parte da campanha municipal “Faça Bonito: proteja nossas crianças e adolescentes”, lançada pela Prefeitura de Vitória da Conquista, em articulação com o Comitê Municipal de Gestão Colegiada da Rede de Cuidado e de Proteção Social das Crianças e dos Adolescentes Vítimas ou Testemunhas de Violência (CMRPC).

A programação das ações conta com atividades como rodas de conversa, apresentação de peça teatral do Semáforo do Corpo para crianças e adolescentes, caminhada de conscientização, apresentação de vídeos educativos, panfletagem e palestras nas escolas e unidades de saúde. Toda a programação foi pensada para atingir variados públicos, de diferentes idades e gêneros.

Segundo a diretora de Assistência Social, Irlane Gomes, a iniciativa tem o objetivo de informar e conscientizar a população sobre a importância de combater o abuso e a exploração sexual contra crianças e adolescentes. “As unidades da assistência social têm um papel muito importante no fortalecimento da rede de proteção e na garantia de direitos nos territórios. Com atividades socioeducativas e mobilizações nos territórios, a gente buscou informar, orientar e conscientizar a população. Entendendo que isso faz toda a diferença na prevenção da violência e na construção de uma responsabilidade coletiva com a infância e a adolescência”, pontuou Irlane.

No Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do Bruno Bacelar, a equipe do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos promoveu uma roda de conversa com jogos de perguntas sobre o maio laranja, voltada para o grupo Crianças Empoderadas, com objetivo de orientar o público sobre os tipos de violência sexual e a como denunciá-los por meio do Disque 100.

Uma das participantes da roda de conversa foi a moradora do Bruno Bacelar, Vitória Melissa Santos. Para ela, a atividade foi fundamental para orientar os adolescentes sobre o direito a uma infância sem violência. “Eu achei a palestra muito legal. Elas falaram sobre a importância do 18 de maio, de como ensinar a criança a se proteger. Eu achei importante a forma que foi abordado, porque assim a gente entende o que é o nosso direito”, disse Vitória.

O Cras Bruno também promoveu atividade com o público da Academia de Saúde, localizado no Bairro Brasil. Para a educadora social que conduziu a atividade, Paula Lima, a campanha é um momento para facilitar o acesso das pessoas às informações, principalmente nos grupos do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), que proporcionam um diálogo mais próximo com os integrantes. “Quando falamos sobre esse tema com os adultos, eles se tornam multiplicadores, levando esses conhecimentos para suas famílias. Precisamos discutir cada vez mais, pois assim ajudamos nossas crianças a se proteger e ensinamos os adultos a acolher. É preciso que as pessoas saibam como identificar e denunciar, para que esses crimes não fiquem impunes”, ressaltou a educadora social.

Além de palestras com os referenciados, as equipes dos SCFV também realizaram mobilizações nas escolas com apresentações teatrais do Semáforo do corpo, exibição de vídeos educativos e dinâmicas, visando informar as crianças e os adolescentes com uma linguagem mais acessível. As ações foram realizadas nas escolas municipais Celina de Assis Cordeiro, Iara Cairo Azevedo, Guimarães Passos, Claudio Manoel da Costa, Zica Pedral, Antônia Cavalcante, Batista Peniel e Carlos Santana.

A adolescente Evelyn Santos participou da ação do Cras Jardim Valéria na Escola Municipal Celina de Assis Cordeiro. Ela considerou a atividade enriquecedora. “Eu aprendi que outras pessoas não podem tocar em algumas partes do nosso corpo. Precisamos ter atenção, falar quando se sentir incomodado e contar para alguém que a gente confia se acontecer alguma coisa”, contou a estudante.

Os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) Rurais de José Gonçalves e de Bate-Pé também realizaram mobilizações nas escolas da zona rural. Foram alcançadas as escolas municipais Lírio dos Vales, no povoado de Boqueirão; Álvares de Azevedo, povoado de Xavier; Euclides da Cunha, distrito de São Sebastião; Professor Antônio Moura, povoado de Ribeirão; e Ovídio Santos Lemos, comunidade quilombola de São Joaquim.

Articulação com o CMRPC

A mobilização das unidades de atendimento da assistência social também contou com a articulação dos órgãos integrantes do CMRPC, como o Conselho Tutelar e a Polícia Civil.

Foi o caso do Centro de Convivência do Idoso (CCI), que reuniu os usuários do serviço para uma roda de conversa sobre como identificar os sinais de violência contra crianças e adolescentes e como denunciá-los. Os diálogos foram mediados pela conselheira tutelar, Mickelle Xavier, que ressaltou o dever do órgão não governamental de zelar pela proteção e efetivação dos direitos de crianças e adolescentes do município. “O 18 de maio é muito importante, mas nós do Conselho Tutelar trabalhamos todos os dias do ano para combater qualquer forma de violência contra crianças e adolescentes. A campanha é uma forma de nos lembrar que o 18 de maio é todo dia”, lembrou a conselheira.

Integrante do CCI, dona Sirlene Vilas Boas ressaltou como essa campanha é fundamental para informar e alertar as pessoas. “Esse trabalho é altamente necessário. Os mais velhos precisam estar antenados para esses assuntos. Na roda de conversa, podemos perceber que as crianças e adolescentes que passam por essas situações apresentam determinados comportamentos que precisamos conhecer, para poder acolher e ajudar”.

No Centro de Convivência Conquista Criança (CCCC), a ação alcançou crianças e adolescentes e equipe da unidade; além dos alunos e trabalhadores da Escola Municipal Rainha da Paz. A discussão foi mediada pela delegada do Núcleo da Criança e Adolescente da Polícia Civil, Rosilene Moreira, que destacou a importância da campanha como estratégia de enfrentamento à violência sexual. “Essa é uma realidade dura, pois a violência sexual contra crianças e adolescentes configura, em sua maioria, um crime doméstico, que acontece dentro da própria família. É um tipo de violência que interrompe a infância e causa marcas profundas e permanentes. Por isso, é fundamental conscientizar e orientar. Precisamos ensinar aos adolescentes a diferença entre um carinho e uma carícia, para que saibam se proteger. E, diante de qualquer sinal de abuso, é essencial que a denúncia seja feita, seja para um familiar, professor ou qualquer pessoa em quem confiem”, afirmou.