No canal da avenida Yolando Fonseca, o mau-cheiro não incomoda mais

Responsável há cerca de dez anos por um dos quiosques da Praça da Pedra, ao lado do Restaurante Popular e à margem da Avenida Yolando Fonseca, a comerciante Ângela Maria Menezes, 53 anos, percebeu uma mudança significativa no ambiente, há algumas semanas: a ausência do mau cheiro que predominou no local durante anos.

“Hoje, nós estamos no céu, porque antes nós estávamos no inferno. Era muita mosca, um mau cheiro insuportável. E, agora, nós estamos tranquilos em relação a isso. Não está tendo mais o fedor e aquelas moscas”, garantiu a vendedora.

Ângela não foi a única a deixar de sentir o incômodo. O corretor Osvaldo Barros da Silva, 66, que também trabalha diariamente por ali, no ramo da venda de automóveis, também demonstrou alívio. “Acho que o cheiro melhorou muito. Três meses atrás, ninguém estava aguentando aqui, de mosca e fedor”, lembrou o vendedor de carros, que também diz ter percebido mudanças no ritmo de suas vendas: “Agora, ficou melhor para nós. Os clientes vêm comprar carro. O povo nem estava mais querendo vir aqui. Sumiram os clientes. Agora, começou a voltar tudo de novo”.

No Restaurante Popular, onde almoçam aproximadamente 800 pessoas por dia, a alteração foi percebida pela nutricionista Alane Oliveira. Retornando das férias no final do mês passado, ela notou o ar diferente de quando entrou de férias. “Dentro do restaurante, os clientes reclamavam. Até o movimento deu uma diminuída, por conta disso. Eu estava de férias e os clientes me encontravam na rua e me informavam que o mau cheiro passou”, relatou Alane.

De volta ao batente, ela pôde comprovar o que os clientes tinham dito. “Hoje eu já observei que a quantidade de moscas diminuiu bastante, até porque esse mau cheiro também fazia com que as moscas aumentassem, principalmente aqui dentro. Era insuportável o mau cheiro”, disse a nutricionista.

Intervenções na praça Vítor Brito

A explicação para a mudança está nas intervenções recentes feitas pela Prefeitura de Vitória da Conquista nas redes de drenagens que passam pela região da Ceasa e da praça Vítor Brito. Após a abertura de uma cratera na praça, provocada pelas chuvas, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) constatou que, além da presença de ligações clandestinas, uma rede de esgoto de responsabilidade da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) vinha despejando dejetos na rede de drenagem municipal.

Como essa rede deságua no canal de drenagem que passa pela Avenida Yolando Fonseca, bem em frente ao Restaurante Popular, o odor era sentido por todos que passavam por ali, principalmente nos períodos de calor mais intenso.

Após ter sido notificada pela Prefeitura, a Embasa realizou os reparos necessários para retirar o excesso de dejetos sanitários que estavam sendo direcionados à rede de drenagem municipal. Dessa forma, o odor fétido desapareceu.

“Melhorou para todo mundo”

“Felizmente, tudo solucionado”, assegura Neuzivaldo Gusmão, 73 anos, presidente da Associação de Veículos São Vicente e velho frequentador da Praça da Pedra – desde os tempos em que funcionava na praça Hercílio Lima, em frente ao Hospital São Vicente de Paulo.

Ele conta que, em nome da categoria, chegou a participar de reuniões com representantes dos poderes Legislativo e Executivo, além do Ministério Público, para reivindicar a tomada de providências que resolvessem o problema. “Aqui, nós estávamos com o problema de não termos mais nem gente para vir, por causa do mau cheiro. Temos aqui um Restaurante Popular que serve quase mil refeições diárias, e os quiosqueiros que trabalham com comida e lanche. Então, estava uma vergonha, inclusive para os moradores. Isso afetava a saúde de todo mundo”, lamentou.

Agora, a situação está bem diferente. “Graças a Deus, devido ao que teve na praça Vítor Brito, naquele buraco que se formou, foi descoberto que realmente os esgotos da Embasa eram despejados dentro do leito do rio”, comemorou Neuzivaldo. “Sem sombra de dúvida, melhorou para todo mundo. Até o movimento melhorou”.