Dois momentos marcaram a celebração, em Vitória da Conquista, do dia 18 de Maio, data em que se celebra a Luta Antimanicomial. As atividades tiveram início com a realização do 1º Simpósio pela Luta Antimanicomial, realizado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde por meio da Coordenação Municipal de Saúde Mental. O evento contou com a presença dos representantes dos Caps e dos discentes e docentes da área.

A abertura do simpósio ficou por conta da coordenadora municipal de Saúde mental, Thayse Fernandes. Ela ressaltou a importância de se falar em Luta Antimanicomial, mesmo que os manicômios já não existam mais no país. Ela explica: “Quando se pensa em manicômio só se pensa naquele formato antigo, com abordagens intensas, com nível enorme de sofrimento. Mas a luta antimanicomial é contra as práticas manicomiais e não necessariamente restrito a essas instituições físicas aterrorizantes”.

Para Daniela Rodrigues Goulart, psicóloga e professora da Ufba, qualquer pessoa está sujeita a passar por uma crise mental. “Ela pode vir de um término amoroso, da perda de um ente querido, de algum rompimento. A crise é um grito primitivo que vai nos desnudar, nos expor e vai precisar ser cuidado”. Sobre isso, ela considera que o profissional precisa estar preparado para acolher o indivíduo: “é preciso redefinir e reinventar o cuidado em saúde mental a partir das problemáticas que vivenciamos”.

A coordenadora ainda lembra que, por muitos anos, o tratamento mental foi feito de forma excludente, violadora de direitos humanos. Foi apenas após uma grande Só reforma psiquiátrica que foi possível garantir o direito a um tratamento mais humano para os pacientes. “É uma luta que não pode acabar. Todo ano a gente tem que lembrar que acreditamos no tratamento feito com respeito à liberdade, à dignidade, à escolha, à cidadania, e à autonomia do indivíduo, e que é oferecido pelos serviços de saúde mental do município, o Caps”, ressaltou.

O segundo momento se deu durante à tarde desta sexta-feira (18) na Praça 9 de Novembro, com uma exposição dos trabalhos artísticos realizados pelos usuários dos Caps do município. A arte, segundo Thayse Fernandes, é uma forma de expressar o inconsciente, as angústias e os sofrimentos em forma de pinturas, fotografias, músicas, poemas, dentre outros.

“É uma forma de lembrar, através dos elementos artísticos, que todos somos seres humanos e passíveis de sofrimentos”, destacou. “Levar o resultado das atividades desenvolvidas pelos serviços para a comunidade é uma forma de desfazer preconceitos e estigmas construídos, mostrando que é possível conviver com esses indivíduos, garantindo e reafirmando a importância de um tratamento adequado e não preconceituoso” completou.

Todas as atividades desenvolvidas nos CAPS são acompanhadas por uma equipe multidisciplinar que trabalha, não só com os transtornos, mas com a individualidade de usuários. Para isso, são utilizadas ferramentas como atendimento individual e familiar, grupos terapêuticos, atendimento médico e oficinas, o que inclui os trabalhos artísticos. Dona Marinalva de Moura, que frequenta o Caps AD há 13 anos, comemora os resultados de todo esse trabalho: “Este é um serviço que atende às nossas necessidades com profissionais que se preocupam a gente. É muito importante, fico feliz!”.