Meio Ambiente
Postado em 19 de junho de 2025 as 07:00:53
Com a chegada dos festejos juninos, a alegria das celebrações vem acompanhada do estampido dos fogos de artifício, um elemento que, para muitos, é sinônimo de festa. No entanto, o barulho intenso e as luzes fortes representam um grande desafio para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e para animais, sejam domésticos ou silvestres. Neste momento é importante que as pessoas demonstrem empatia e adotem medidas para minimizar o impacto negativo dessas festividades. O psicólogo e coordenador de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Vinícius Reis, explica que o barulho dos fogos de artifício pode ser uma experiência extremamente dolorosa e perturbadora para pessoas com TEA. “Isso se deve à hipersensibilidade sensorial, uma característica comum no TEA que faz com que sons altos e luzes intensas sejam processados de forma avassaladora pelo cérebro, causando uma sobrecarga sensorial”.
Para indivíduos com TEA, o som estrondoso e imprevisível dos fogos pode desencadear:
- Crises de estresse e ansiedade.
- Choro e agitação.
- Dor física.
Eles podem não compreender a origem do barulho, sentindo como se o mundo estivesse acabando, o que leva a um profundo desconforto emocional e comportamental.
O Sofrimento de animais domésticos e silvestres
O veterinário e coordenador do Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) de Vitória da Conquista, Aderbal Azevedo, resalta que o sofrimento de animais domésticos e silvestres durante os períodos de festividade com fogos por seu estampido e a luminosidade intensa pode causar estresse, medo e pânico nos animais.
Segundo Aderbal, os fogos de artifício podem provocar:
- Tentativas de fuga, que podem resultar em ferimentos nos animais.
- Problemas cardíacos, como taquicardia, podendo levar à morte em alguns casos.
- Desconforto intenso pela luminosidade para animais silvestres, pricipalmentes para aqueles que estão em cativeiro e não podem escapar do ambiente barulhento.
Adebal traz como exemplo comparativo o barulho que incomoda animais de grande porte como a onça. “Se um impacto de um disparo de arma de fogo para grandes felinos, como leões e tigres, os faz fugir, imagine o que um animal pequeno e preso sente quando ouve o barulho dos fogos de artifício”.
Medidas de proteção e conscientização
Pequenas atitudes podem fazer uma grande diferença para garantir que todos possam vivenciar momentos de celebração com segurança e bem-estar.
Para pessoas com TEA:
- Proteção auditiva: O uso de abafadores de ruído ou algodão nos ouvidos pode ajudar a minimizar a intensidade do som.
- Ambiente seguro e calmo: Criar um espaço tranquilo e familiar dentro de casa, longe das janelas, e com pouco ou nenhum ruído de fundo, é essencial.
- Previsibilidade: Explicar antecipadamente sobre os fogos e o que esperar pode ajudar a pessoa com TEA a processar a situação e reduzir a ansiedade.
- Fogos silenciosos: Incentivar o uso de fogos de artifício sem estampido, que produzem apenas efeitos visuais, é uma alternativa inclusiva e menos prejudicial.
Para animais:
- Distanciamento: Se possível, afastar os animais da proximidade dos eventos com fogos é a medida mais indicada.
- Ambientes isolados: Deixe-os isolados em ambientes mais fechados, com pouca luminosidade, preferencialmente escuros.
- Proximidade humana: A proximidade dos humanos com os quais estão acostumados pode deixá-los mais sossegados.