Com a chegada dos festejos juninos, a alegria das celebrações vem acompanhada do estampido dos fogos de artifício, um elemento que, para muitos, é sinônimo de festa. No entanto, o barulho intenso e as luzes fortes representam um grande desafio para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e para animais, sejam domésticos ou silvestres. Neste momento é importante que as pessoas demonstrem empatia e adotem medidas para minimizar o impacto negativo dessas festividades. O psicólogo e coordenador de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Vinícius Reis, explica que o barulho dos fogos de artifício pode ser uma experiência extremamente dolorosa e perturbadora para pessoas com TEA. “Isso se deve à hipersensibilidade sensorial, uma característica comum no TEA que faz com que sons altos e luzes intensas sejam processados de forma avassaladora pelo cérebro, causando uma sobrecarga sensorial”.

Para indivíduos com TEA, o som estrondoso e imprevisível dos fogos pode desencadear:

  • Crises de estresse e ansiedade.
  • Choro e agitação.
  • Dor física.

Eles podem não compreender a origem do barulho, sentindo como se o mundo estivesse acabando, o que leva a um profundo desconforto emocional e comportamental.

O Sofrimento de animais domésticos e silvestres

O veterinário e coordenador do Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) de Vitória da Conquista, Aderbal Azevedo, resalta que o sofrimento de animais domésticos e silvestres durante os períodos de festividade com fogos por seu estampido e a luminosidade intensa pode causar estresse, medo e pânico nos animais.

Segundo Aderbal, os fogos de artifício podem provocar:

  • Tentativas de fuga, que podem resultar em ferimentos nos animais.
  • Problemas cardíacos, como taquicardia, podendo levar à morte em alguns casos.
  • Desconforto intenso pela luminosidade para animais silvestres, pricipalmentes para aqueles que estão em cativeiro e não podem escapar do ambiente barulhento.

Adebal traz como exemplo comparativo o barulho que incomoda animais de grande porte como a onça. “Se um impacto de um disparo de arma de fogo para grandes felinos, como leões e tigres, os faz fugir, imagine o que um animal pequeno e preso sente quando ouve o barulho dos fogos de artifício”.

Medidas de proteção e conscientização

Pequenas atitudes podem fazer uma grande diferença para garantir que todos possam vivenciar momentos de celebração com segurança e bem-estar.

Para pessoas com TEA:

  • Proteção auditiva: O uso de abafadores de ruído ou algodão nos ouvidos pode ajudar a minimizar a intensidade do som.
  • Ambiente seguro e calmo: Criar um espaço tranquilo e familiar dentro de casa, longe das janelas, e com pouco ou nenhum ruído de fundo, é essencial.
  • Previsibilidade: Explicar antecipadamente sobre os fogos e o que esperar pode ajudar a pessoa com TEA a processar a situação e reduzir a ansiedade.
  • Fogos silenciosos: Incentivar o uso de fogos de artifício sem estampido, que produzem apenas efeitos visuais, é uma alternativa inclusiva e menos prejudicial.

Para animais:

  • Distanciamento: Se possível, afastar os animais da proximidade dos eventos com fogos é a medida mais indicada.
  • Ambientes isolados: Deixe-os isolados em ambientes mais fechados, com pouca luminosidade, preferencialmente escuros.
  • Proximidade humana: A proximidade dos humanos com os quais estão acostumados pode deixá-los mais sossegados.