Educação
Postado em 7 de maio de 2025 as 16:40:28
A Secretaria Municipal de Educação (Smed), por meio da Coordenação da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Diversidades do Núcleo Pedagógico, promoveu nesta quarta-feira (7) um encontro do Projeto “Vozes das Pretas”. O evento ocorreu no foyer do Planetário Professor Everardo Públio de Castro e teve como público professor e alunos da Uesb. O objetivo da ação é valorizar, compreender, entender melhor a história e, na medida do possível, trabalhar para uma educação antirracista.
A professora Elisabete dos Santos Silva realizou uma palestra com base no trabalho acadêmico que apresentou realizado nas Pedrinhas. “As entrevistas foram com as anciãs da comunidade. Deu para perceber o ofício que estas mulheres desenvolviam, quebrando pedra, vendendo água e lavando roupa”. Elisabete acrescentou que elas contribuíram, de uma forma importante e significativa, na construção de Vitória da Conquista. “Naquela época não existia Pedrinhas, mas uma localidade. A partir do quebrar de pedras, do arrancar de areia em que a cidade precisava tanto construir, as pessoas começaram a perceber ali um grande potencial e este potencial foi visto a partir destas mulheres que construíam. Com isso deu-se o nome Pedrinhas”.
Ela acrescentou que as mulheres da localidade desenvolveram três tipos de empoderamento: o feminino, pois na época ocorria um machismo exacerbado e elas se rebelaram para buscar sobreviver e ajudar a família; o Emocional, ao tirar do nada alguma coisa, pois era preciso sobreviver e o que tinha nas pedrinhas era a água do poço escuro e pedra; e também o de Consciência, pois era necessário mudar a realidade, não se acomodar. “E as mulheres das Pedrinhas nunca se acomodaram”.
- Elisabete
- Aldina, Dener e Elisabete
Para a coordenadora Aldina dos Santos, o projeto está apresentando mulheres conquistenses invisíveis no sentido deste reconhecimento, mas que através de estudos, de pesquisas, elas passam a ter as suas histórias, as suas memórias pensadas, dialogadas, refletidas e valorizadas pelo trabalho. Segundo ela, serão apresentados três curtas: o primeiro voltado à apresentação das mulheres empoderadas apresentadas na palestra; o outro mostrando as sete maravilhas do mundo antigo, e o terceiro apresentando a artista Madalena dos Santos Reinbolt. “Uma mulher preta de Vitória da Conquista, cujos trabalhos estão sendo reconhecidos em outros municípios e estados do Brasil. São passos que estamos caminhando na educação, voltados para as questões étnico raciais de valorização, de pertencimento, de identidade, passos esses para que a população conheça, valorize a história e compreenda o processo de empoderamento”.
Professor do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Uesb em Vitória da Conquista, ministrando a disciplina de Sociologia, Dener Santos Silveira, aprovou o projeto considerando muito bonito tudo o que estava sendo apresentado. “A ideia de trazer os alunos está sendo muito gratificante, porque a gente consegue ter essa dimensão para além do aspecto teórico. A ideia da prática, aplicar a ideia das relações extras raciais fora dos muros da universidade está sendo uma experiência. Essa dimensão de como você pode ter um potencial de construção criativo das pessoas que historicamente foram consideradas mais vilipendiadas, discriminadas, como as mulheres negras ali das Pedrinhas”, disse.