Desenvolvimento Rural
Postado em 26 de setembro de 2013 as 18:03:59 e atualizado em 29 de setembro de 2013 as 21:13:31
Além de intermediar financiamentos, a Secretaria Municipal de Agricultura orienta sobre temas como plantio de mantimentos e manejo de rebanhos
Aos 64 anos, Virgílio Lemos da Silva é o típico agricultor familiar. Em sua propriedade no povoado de Ribeirão, localizado na região de Bate-Pé, ele planta feijão, milho, abóbora, andu, melancia e palma, entre vários outros mantimentos. Simultaneamente, cria bois, porcos e ovelhas. E, para manter todo esse sistema em funcionamento – e de forma que lhe traga bom retorno financeiro –, ele conta com a assistência técnica oferecida pela Prefeitura de Vitória da Conquista, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura.
E foi por isso que Virgílio recebeu uma visita da equipe técnica da secretaria, na tarde desta quarta-feira, 25. A comitiva foi formada pelos engenheiros agrônomos Dilermando Fonseca, João Rubens Chaves e Sálvio Sales, além do veterinário Sílvio de Almeida e do coordenador de Fomento da Agricultura Familiar, Leis Soares. A finalidade da visita foi conferir de perto os resultados parciais das técnicas que o agricultor adquiriu junto à Secretaria Municipal de Agricultura. “Estão dando resultado, e são muito boas. Agradeço muito e quero que a equipe continue sempre aqui, como está agora”, disse Virgílio.
Os agradecimentos do agricultor não são infundados. Em 2012, ele decidiu aumentar a produtividade de seu rebanho. Por intermédio da Secretaria Municipal de Agricultura, recorreu a um projeto de empréstimo junto ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), desenvolvido pelo Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Agrário. As condições de pagamento foram favoráveis: juros de apenas 2% ao ano, dois anos de carência e oito para saldar a dívida.
Com o dinheiro em mãos – cerca de R$ 40 mil – Virgílio comprou 12 vacas da raça girolando, cana e capim de corte para alimentá-las. O girolando é resultado de um cruzamento entre duas outras raças: o Gir, de origem indiana e com grande resistência a regiões secas, e o Holandês, europeu e conhecido pela vultosa produção de leite. Unindo as duas características, o gado girolando é ideal para o produtor que vai criá-lo na caatinga e pretende ter acesso a uma boa produção de leite.
Virgílio mostra-se satisfeito com os resultados parciais do financiamento que o Governo Municipal intermediou. Do investimento que fez, ele garante que já vê retorno. Afinal, até a natureza parece ter agido a seu favor: “Do gado que comprei, já tem quatro vacas paridas. E o bom é que todas pariram crias fêmeas”. Com o leite produzido pelo rebanho, Virgílio pretende produzir requeijão e comercializá-lo na região de Bate-Pé. E não haverá perdas: o soro, aquele líquido gorduroso formado a partir das sobras da fabricação do requeijão, servirá para alimentar os 14 porcos que a família cria.
Biogel: fertilizante inusitado, mas eficiente
Além do empréstimo ao Pronaf e das orientações técnicas quanto à criação das reses, a Prefeitura presta assistência técnica aos agricultores quanto às formas mais eficientes de plantio. No caso de Virgílio, a Secretaria Municipal de Agricultura passou-lhe a receita do biogel, um composto natural utilizado como fertilizante. Quando borrifado nas folhas das plantas, protege-as de eventuais pragas, como a lagarta e o pulgão. A fabricação é simples e inusitada: envolve esterco fresco, farinha de mandioca ou de milho, fosfato natural e água. A mistura precisa permanecer em fermentação durante aproximadamente 25 dias, para que tenha a eficiência desejada. Aconselhado pelos técnicos, Virgílio espera utilizar o biogel a partir de novembro, quando começará a plantar milho e feijão.
Palma adensada: melhor aproveitamento do solo e aumento da produção
Sabe-se que a palma é um recurso indispensável aos agricultores de regiões secas. Sabe-se, também, que a forma como a maioria dos produtores cultiva essa planta poderia ser mais eficiente. Uma orientação da Secretaria Municipal de Agricultura a Virgílio – e aos demais agricultores que tiverem interesse – foi o plantio de forma adensada. Trata-se de uma forma mais organizada de cultivo. As mudas são plantadas em linhas, com distância de 50 centímetros entre uma e outra. De uma linha à outra, a distância é de 1,5 metro. Com isso, o agricultor tem melhor aproveitamento do solo e, consequentemente, aumenta sua produção de palma. “Isso me ajudou demais. Fui lá na Secretaria e o pessoal me informou tudo, me orientou e acompanhou. Estou gostando muito”, reconheceu Virgílio.