A estratégia retém água da chuva no subsolo, tornando o solo úmido e permitindo o plantio de hortas e árvores frutíferas

Manoel: “Para nós, é uma beleza”

“Você vê que a horta está bonitinha, não está?”, pergunta, orgulhoso, o agricultor Manoel Ribeiro de Oliveira, 66 anos, enquanto passa levemente a mão direita sobre os pés de coentro verdes e floridos, chegando à altura de seus cotovelos. Também há couve, pimenta, tomate-cereja, alface e beterraba, apenas para citar alguns. As cores da horta saltam aos olhos de quem visita a propriedade localizada em Cachoeira das Araras, região de Bate-Pé.

Barragem subterrânea: apenas parte da lona fica sobre o solo

O vigor das hortaliças forma um leve contraste com a vegetação localizada no entorno, que parece não apresentar a mesma vitalidade. E a explicação está na barragem subterrânea construída ali pela Prefeitura de Vitória da Conquista, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura, em fins de setembro do ano passado. “É bom demais para a gente. Para nós, que trabalhamos na agricultura, é uma beleza”, anima-se Manoel, morador de Cachoeira das Araras há cinquenta anos.

As barragens subterrâneas são um novo projeto levado à zona rural pelo Governo Municipal, especialmente em regiões secas. Ao todo, cinco já foram construídas. Trata-se de uma estratégia para barrar a água da chuva, retendo-a no solo e tornando-o úmido. Primeiro, abre-se uma valeta e estende-se uma lona no fundo e numa das paredes, a fim de impermeabilizá-los. Assim, quando vier a chuva, parte da água que desceria em direção aos ribeirões ficará retida ali.

Cisterna com manilhas – “Com esse trabalho, é possível abrir uma cisterna com manilha, que o produtor pode utilizar para hortas e também para árvores frutíferas e andu, porque as raízes são mais profundas”, explica Sálvio Sales, um dos engenheiros agrônomos da Secretaria Municipal de Agricultura. Foi isso o que Manoel fez em sua propriedade, seguindo as orientações da equipe técnica: com as manilhas, abriu uma cisterna de cerca de três metros de profundidade, bem ao lado da barragem subterrânea. A água acumulada após as chuvas foi bombeada em direção à horta de que ele hoje se orgulha. “Dá para plantar horta, andu, feijão, muita coisa, porque as terras aqui são boas. Só falta água. Agora, a água está aí na terra”, alegra-se o agricultor.

Zilda: “Agora tem água para o gado beber”

‘Melhorou bastante’ – Em frente à casa de Manoel, num terreno que pertence à sua cunhada, Zilda Francisca dos Santos, a Prefeitura construiu outra barragem subterrânea. Ali, o objetivo foi bem específico. Há no local um tanque, cuja água é para consumo do gado, e que sempre secava pouco após o fim do período chuvoso. Após a construção da barragem, a época das chuvas veio e passou, e o tanque, ao contrário do que sempre ocorria, continuou cheio, matando a sede dos animais. “Melhorou bastante. Antes secava no início do ano. Depois da barragem, não secou mais. Agora tem água para o gado beber”, comemora Zilda.