A manhã deste domingo (8) foi diferente para quem costuma ir ao Cristo da Serra do Periperi, no alto do bairro Cruzeiro. Um grupo de aficionados de brincadeiras tradicionais, como bola de gude, pião e pipa, escolheu o local para se reunir e relembrar os tempos em que os aparelhos celulares e outros dispositivos eletrônicos ainda não haviam tomado o protagonismo no cotidiano de crianças e adolescentes.

Mas não era apenas uma distração. Foi uma iniciativa institucional idealizada pela Coordenação da Juventude, setor vinculado à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE), chamada Festival Pipa, Pião e Gude – ou, simplesmente, Pipigu.

“Nosso objetivo é oferecer à nossa população, ao nosso público jovem, e também às crianças e adolescentes, a possibilidade de vivenciar brincadeiras que antigamente reuniam mais pessoas e nos deixavam mais próximos”, explicou o coordenador municipal da Juventude, Luiz Augusto Cardoso, enquanto manejava a linha de sua pipa.

“Estamos num dos mais emblemáticos pontos turísticos da nossa cidade, que é o Cristo de Mário Cravo. Um espaço que nos possibilita hoje soltar uma pipa, jogar um pião, uma gude e também reunir as famílias”, acrescentou o coordenador.

Luiz Augusto Cardoso

A partir das 7h, a área do entorno do Cristo foi ocupada por nostálgicos como o técnico em eletrônica Gustavo dos Santos, 29 anos, que confeccionou sua própria pipa, utilizando papel de seda, varetas de bambu e fibra, cola escolar e a tradicional “linha 10”, bastante conhecida entre os pipeiros.

Gustavo criou uma pipa com 65 centímetros por 45, que ele conseguiu alçar a uma distância de aproximadamente mil metros. “Muitos pais que soltaram pipa, na nossa época, hoje em dia, com a correria, não conseguem passar essa prática para os filhos”, disse o pipeiro.

Gustavo dos Santos

“Acho que esses jogos estão perdendo espaço com o tempo, mas deveriam ser retomados, principalmente para as crianças de hoje. Ajudam muito, tiram o pessoal de más influências, dá um entretenimento a mais, que está precisando bastante”, avaliou Gustavo.

Fábio Lima e Jime Sampaio

Revivendo memórias

Outro que acordou cedo para brincar no Cristo foi o professor Jime Sampaio, 39 anos. Ele foi até lá com o cunhado, o analista de sistemas Fábio Ramón Lima, 42 anos, para jogar bola de gude. “O interesse vem pelo fato de a gente querer revisitar essas brincadeiras mais antigas, que fizeram parte da nossa infância, e para apresentá-las para as crianças”, disse Jime.

Mas ele também gostou de ter o monumento criado por Mário Cravo como cenário para esse exercício de nostalgia. “É uma oportunidade de visitar este ponto turístico da cidade, que é interessante, bonito e que deveria ser melhor explorado. Que essas iniciativas aconteçam de forma mais corriqueira para que a gente possa tanto explorar este espaço quanto revisitar essas brincadeiras”, explicou.

Para Fábio, foi uma manhã de domingo em que as memórias se juntaram à diversão. “Brinquei muito disso quando era criança”, relatou, mostrando as bolinhas de gude. “Fiquei bastante empolgado, imaginando reviver essa memória e jogar um pouquinho para me divertir”, disse o analista de sistemas.