Auditório da Uesb

A Prefeitura de Vitória da Conquista, em parceria com a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), por meio do curso de Biologia, está promovendo uma série de palestras informativas para capacitar profissionais e conscientizar a população sobre a esporotricose, doença causada pelo fungo Sporothrix, que se prolifera em ambientes como terra e troncos de árvores, por isso é conhecida como doença do jardineiro.

A capacitação iniciou nesta sexta-feira (4), no auditório da Uesb, com os médicos veterinários e estudantes dos cursos de biologia e medicina veterinária onde foram abordados sintomas, diagnóstico, notificação e tratamento da doença para animais e humanos. Segundo o coordenador de zoonoses, Luís Cláudio, a capacitação tem por objetivo a educação sobre a doença e também a sensibilização para notificação dos casos.

“As primeiras informações sobre a presença da esporotricose no município chegaram pela Organização Não Governamental (ONG) Arca Bahia e pela professora da Uesb, Gabriele Marisco, e a partir disso, começamos as conversas para organizamos um fluxo e protocolo para encaminhamentos e atendimentos dos casos em gatos e em humanos” explicou Luís.

Luís Cláudio, Gabriele Marisco, Leila Moreira

Segundo a professora Gabriele Marisco, entre 2016 e 2025 já foram identificados nas bases de dados de laboratórios particulares, clínicas veterinárias e também da Arca Bahia, mais de 400 suspeitas de esporotricose, sendo confirmados 100 casos. “Desde 2022 iniciamos as conversas e agora no início de junho foi implantado o Comitê de Zoonoses, um grande passo, que reflete o compromisso de todos, Prefeitura, universidades, ONGs e toda sociedade para resolver este problema de saúde pública e estamos aqui realizando a primeira capacitação sobre o assunto”, destacou Gabriele.

Para a vice-presidente da Arca Bahia, a capacitação é um grande passo para sensibilização dos profissionais que atendem os animais, neste caso os médicos veterinários e também para os profissionais de atuam nas unidades de saúde, médicos, enfermeiros e agentes de saúde. “Essa é uma doença dolorosa, que maltrata o gato, mas que felizmente tem tratamento e nós precisamos que as pessoas entendam como ela ocorre e que ela também acomete as pessoas. Então, estabelecemos esta parceria com a Uesb e com a Secretaria de Saúde para enfrentarmos juntos e controlar essa doença para que ela não venha a ser futuramente um grave problema de saúde pública”, ressaltou Leila.

Marla Desquível

A veterinária Marla Desquivel parabenizou o município e a universidade pela iniciativa de buscar a divulgação e a sensibilização sobre a doença. “Estamos falando de uma zoonose importante, um fungo que está na natureza, nas arvores, no solo, que contamina o gato e também as pessoas. Então, precisamos pensar seu controle de forma única, com estratégias de controle que cuidem da doença no animal gato e nas pessoas, mas também pensar como impedir que o solo seja contaminado por este fungo e continue perpetuando a doença”, salientou Marla.

Programação

  • Hoje (4), na Uesb: capacitação de médicos veterinários e estudantes de veterinária, com foco no diagnóstico e tratamento da doença em animais. Local: Uesb.
  • Segunda-feira (7), auditório Divaldo Franco: treinamento de agentes de saúde e agentes de combate a endemias, que atuam diretamente na comunidade e podem identificar casos suspeitos.
  • Dias 9 e 10, na Uesb: palestras para médicos e enfermeiros, abordando a manifestação da doença em humanos, protocolo de tratamento e estratégias para diminuir a incidência.

Comitê de Zoonoses

No dia 9 junho de 2025, foi implantado em Vitória da Conquista o Comitê de Zoonoses, composto por membros da Prefeitura, representantes do setor privado, e de setores públicos estaduais e federais. Essa iniciativa visa aprimorar a vigilância, notificação e investigação de casos envolvendo doenças zoonóticas na cidade. A necessidade de sua formação tornou-se ainda mais evidente com as notificações da esporotricose no município, doença pouco conhecida pela população. A partir da criação do Comitê, também será possível criar protocolos de atendimento e fluxos para a dispensação de medicamentos, e atendimentos médico e veterinário.

Segundo Luís, apesar da ideia do comitê ter surgido a partir da esporotricose, ele também atuará na vigilância e prevenção de outras zoonoses já conhecidas pela população, como a raiva e a leishmaniose. “O foco é desenvolver e implementar protocolos municipais para essas doenças, garantindo uma resposta eficaz e coordenada”.

Sobre a esporotricose

A esporotricose é uma doença fúngica que afeta tanto animais quanto humanos. O fungo Sporothrix é encontrado no meio ambiente, e os gatos, devido aos seus hábitos de arranhadura e contato com o solo, podem se contaminar facilmente. É importante ressaltar que o animal não é o vilão, mas sim a vítima, assim como os humanos. Ele acaba se contaminando por ter contato direto com o ambiente.

  • Nos gatos, a doença geralmente se manifesta inicialmente com lesões nas patas e no rosto, devido ao hábito de lamber. Essas lesões podem evoluir e se espalhar se não forem tratadas.
  • Nos humanos, a infecção ocorre geralmente no local onde houve contato com o fungo, como um arranhão de gato contaminado. Inicialmente, surge um nódulo avermelhado que pode coçar. Se não for tratado, a lesão pode se espalhar pelo corpo, com o aparecimento de novos nódulos.

Cuidados e prevenção

A esporotricose, também conhecida como a doença do jardineiro, exige alguns cuidados para evitar a contaminação:

  • Ao manipular terra ou plantas: use luvas e, se possível, máscara, para evitar a inalação de esporos do fungo que podem estar suspensos no ar.
  • Ao lidar com animais doentes: use luvas e, se possível, camisa de manga comprida. Tenha cuidado com espirros do animal, pois podem conter o fungo.
  • Diagnóstico e tratamento: no município, o Centro de Pneumologia e Dermatologia Sanitária é a referência para o tratamento humano da esporotricose. As clínicas veterinárias do município estão aptas a diagnosticar e tratar animais.

Quanto mais cedo a doença for diagnosticada e tratada, melhor será o prognóstico e mais rápida a recuperação, tanto para humanos quanto para animais.