Módulos foram desenvolvidos com base na experiência dos professores

Os alunos dos professores Geslaney Brito e Paulo Macedo, nos cursos de violão do Conservatório Municipal de Música de Vitória da Conquista, estão seguindo um novo método pedagógico, desenvolvido pelos próprios professores. Já estão prontos os volumes 1 e 2 dos módulos de violão popular e viola caipira, e encontra-se em fase de conclusão, o de violão clássico.

Geslaney Brito, de violão clássico, e Paulo Macedo, de viola caipira e violão popular, fizeram os primeiros rascunhos do método ao longo de seis meses. Para elaborar os métodos que hoje são seguidos nas aulas do instrumento, os professores levaram em conta a experiência de ambos no ensino de música e a necessidade de reformulação do processo pedagógico.

“A gente vai experimentando formas de ensinar. Então, o que eu senti que deu resultado foi justamente esse montante de estudos. Vários autores dos quais nós já tínhamos conhecimento, e também os que buscamos na própria biblioteca do Conservatório. Dessas pesquisas e da nossa experiência com o ensino de música com os alunos, saiu essa metodologia”, explica Paulo Macedo.

Paulo Macedo e Geslaney Brito criaram módulos que unem a teoria e a prática no aprendizado de violão

Geslaney informa que a ausência de um método próprio dificultava o trabalho dos professores. “Tentamos criar um método próprio, com a assinatura da equipe do Conservatório. Os professores de violão popular tinham muita dificuldade de trabalhar com o aluno a questão da aproximação da prática com a teoria”, afirma o professor.

Curso de violão no Conservatório dura quatro semestres

O responsável pelas aulas de violão clássico ressalta que o novo método oferece, inclusive, conteúdo para os alunos complementarem seus conhecimentos, mesmo após terem concluído os quatro semestres de duração do curso no Conservatório. “A gente entendeu que alguns alunos querem continuar fazendo algum repertório intermediário entre o simples e o mais complicado. Então, a gente também está desenvolvendo a continuidade desses métodos, que seria o repertório”, informa.

Particularidades de cada estilo

A elaboração do novo método levou em consideração as características específicas de cada modalidade. No caso do violão clássico, o conteúdo privilegia solos, melodias e harmonias a partir de um repertório instrumental, pontuado por canções consagradas de compositores clássicos, como Bach, Chopin, etc.

Já o violão popular acrescenta aos solos, melodias e harmonias, noções de ritmo, acorde, batidas e dedilhados, além do canto. A viola caipira, por sua vez, traz particularidades de um estilo que envolve ponteios, batidas e dedilhados, que são diferentes até mesmo na sonoridade produzida pelo instrumento – que tem dez cordas divididas em cinco pares, diferentemente das seis cordas do violão convencional utilizado nos repertórios clássicos ou populares.

Laila está aprendendo violão popular há oito meses

No violão popular, o canto leva a um outro componente, que é o repertório – que varia de um aluno para outro, de acordo com suas preferências pessoais. Os módulos dão conta dessa demanda, segundo seus autores. “Vamos ensinar o aluno a tocar o que ele gosta. Mas, para que ele toque o que gosta, ele tem que, antes, passar por um percurso. E esse percurso é o que nós montamos aqui, nestes módulos”, observa Paulo Macedo.

Método está facilitando, diz estudante

A estudante Laila Monteiro, 15 anos, utiliza em suas aulas o novo método de ensino do violão popular. O interesse pelo instrumento surgiu a partir da observação. “Eu via meu tio tocando e achava muito bonito. Queria saber tocar e ter um dom. Aí, me interessei por tocar”, recorda.

Há cerca de oito meses, ela participa das aulas no Conservatório. Já aprendeu as primeiras técnicas com a mão esquerda e as que são reservadas à mão direita. Atualmente, está aprendendo a executar seus primeiros acordes. E para se exercitar nessa tarefa, Laila se vale de canções de estrutura simples, a exemplo de “Parabéns pra você”, “Felicidade” (Lupicínio Rodrigues) e “Terezinha de Jesus” (Braguinha).

Assim que ela dominar mais efetivamente todas essas técnicas, poderá colocá-las em prática ao tocar as canções de que mais gosta, como as da jovem cantora e compositora estadunidense Billie Eilish. “Gosto muito de músicas internacionais. Estou gostando bastante. Facilita muito, e, aos poucos, estou conseguindo. É um pouco difícil, mas está indo”, diz a estudante.

Coordenação incentiva e valoriza criação de novo método

O coordenador do Conservatório, Alex Lacerda, já percebe os resultados positivos na adoção do método para violão e viola. “Com o exímio trabalho dos professores, a construção desses métodos trouxe inúmeros benefícios, não apenas para os professores, mas também uma melhora significativa no dinamismo de toda a instituição. E o mais importante: na aprendizagem dos alunos”, destaca Alex. Também é essa a interpretação da pedagoga Nayara Lima: “Isso demonstra que nossos professores possuem autonomia e desenvolvem um trabalho baseado em suas experiências ao longo de suas carreiras profissionais. Essa experiência os permite vivenciar muitos métodos e, com isso, eles extraem os instrumentos necessários para a criação de seu próprio método”.

Dos 390 alunos atualmente matriculados no Conservatório, 160 frequentam as aulas de violão clássico, violão popular e viola caipira. Os métodos criados por Geslaney e Paulo Macedo são utilizados por 79 alunos (5 de viola caipira, 39 de violão clássico e 35 de violão popular). Os outros 230 se dividem entre os cursos de piano, teclado, sax, flauta e canto coral. Um novo edital para seleção de alunos será publicado em fevereiro de 2023. Para obter maios informações, o telefone do Conservatório é (77) 3422-8144.

Caso a pessoa prefira se informar pessoalmente e conhecer o Conservatório, o endereço é Praça Tancredo Neves, nº 95, Centro.