Horta comunitária foi o ponto de encontro para jovens do Nuca, em busca de mais um Selo Unicef

Nesta quinta-feira (23), a Prefeitura de Vitória da Conquista, por meio das secretarias de Desenvolvimento Social (Semdes) e Desenvolvimento Rural (SMDR), promoveu, simultaneamente, três atividades na horta comunitária do bairro Jardim Valéria, com a participação dos agricultores, de adolescentes e jovens ligados ao Núcleo de Cidadania de Adolescentes (Nuca) e ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras 4 – Jardim Valéria), e de representantes do Centro de Referência Albertina Vasconcelos (Crav).

Durante a oficina, que contou com a presença dos agricultores e visitantes, os engenheiros agrônomos da SMDR falaram sobre a produção do adubo orgânico Bokashi, um composto que auxilia na revitalização de solos degradados pelo uso de adubos químicos, restabelecendo o equilíbrio e evitando ciclos de doenças e pragas. “Ao melhorar a qualidade da produção de hortaliças, esse tipo de adubo garante que o consumidor tenha na sua mesa alimentos mais saudáveis e nutritivos”, garantiu a coordenadora de Segurança Alimentar e Nutricional, Karine Barros.

Nas próximas semanas, o mesmo conteúdo será levado pela Coordenação de Segurança Alimentar e Nutricional às outras três hortas que fazem parte do programa Hortas Comunitárias, localizadas nos bairros Vila América, Recanto das Águas e Kadija. O objetivo é que sejam contempladas as 86 famílias que cultivam as quatro hortas comunitárias.

Março Mulher

Além de participar da oficina sobre as qualidades do adubo Bokashi, as mulheres que trabalham na horta do Jardim Valéria também receberam informações sobre a campanha Março Mulher e as políticas públicas de combate à violência de gênero, levadas pelo Centro de Referência Albertina Vasconcelos (Crav).

Equipe do Crav conversou com as mulheres sobre o combate à violência doméstica e de gênero

“A gente não sabe se essas mulheres vivenciaram ou já passaram por alguma situação de violência, mas o objetivo é que elas também multipliquem essas informações para outras mulheres”, explicou a gerente do Crav, Monique Cajaíba.

Os agrônomos Nilda Maia e João Rubens Chagas (à esq.) falam aos adolescentes sobre técnicas de cultivo de hortaliças

Núcleo de Cidadania

A manhã foi também de aprendizado para os jovens ligados ao Núcleo de Cidadania de Adolescentes (Nuca) e ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras 4 – Jardim Valéria), empenhados na busca por mais um Selo Unicef para Vitória da Conquista. O objetivo do Nuca foi concluir a missão 2 da Gincana pelo Clima e pela Alimentação Saudável, cujo tema abrange a redução do risco de desastres ambientais no município e o incentivo a novas práticas para uma alimentação saudável.

Responsável por levá-los até a horta, a mobilizadora do Nuca, Laís Pinheiro, afirmou que, mesmo que eles já conhecessem a horta, por morarem no território do Cras 4, a visita ao local proporcionou-lhes um olhar diferente. “Às vezes eles passam aqui e não sabem o que é, ou como cultivar. E, às vezes, as famílias deles cultivam nas hortas comunitárias, mas eles não sabem da importância que ela tem para a comunidade”, disse Laís.

“Eles entenderam que a horta funciona como um meio de incentivar a alimentação saudável, através de práticas saudáveis, também, porque eles não usam agrotóxicos. E as famílias também podem ter acesso a uma renda extra”, complementou a mobilizadora.

Técnicos da SMDR explicaram que insetos como a joaninha se alimentam de pragas como o pulgão e ajudam no controle biológico da horta

Instruções ajudam

A ausência de agrotóxicos, por sinal, é uma das principais características dos produtos plantados e colhidos nas hortas comunitárias. Na do Jardim Valéria, onde se cultiva alface, coentro, beterraba, couve, quiabo, cebola, entre várias outras hortaliças, a agricultora Gildete Nascimento, 63 anos, mantém contato constante com os técnicos da SMDR. “Eles sempre vêm nos dar instruções, e isso ajuda muito. João Rubens me disse, por exemplo, para plantar o coentro junto com a cebola. E deu certo”, contou Gildete, referindo-se ao engenheiro agrônomo que ministra as oficinas ao lado da colega Nilma Dias.

Nilma falou aos jovens do Nuca sobre o controle biológico na horta, dando como exemplo as funções benéficas exercidas por alguns insetos e fungos. “Como aqui eles não utilizam agrotóxicos, isso favorece o controle biológico”, informou a engenheira agrônoma.

Ingrid Santos, 17 anos, e Gildete Nascimento, 63, aprenderam com as discussões na horta comunitária

Embora já conhecesse a horta comunitária, por morar próximo dali, no Loteamento Morada Nova, bairro Campinhos, a estudante Ingrid Santos, 17 anos, considerou uma boa oportunidade para se aprofundar em assuntos como cultivo de hortas, preservação ambiental, garantia do Selo Unicef e, naturalmente, o combate à violência contra a mulher. “É importante participar para que eu, no futuro, saiba dos meus direitos como mulher e dos meus direitos como representantes de vários lugares, como o Cras 4, do qual eu participo muito”, avaliou a estudante, que pratica caratê e xadrez no serviço de convivência e, atualmente, cursa o segundo ano do Ensino Médio.

Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Social, Michael Farias, a junção das três temáticas numa mesma atividade não foi por acaso. “O Governo Municipal vem fortalecendo as ações voltadas para a proteção social de mulheres, a participação ampliada de crianças e adolescentes nos espaços comunitários e trabalhando a perspectiva do fortalecimento das hortas comunitárias em Vitória da Conquista. Então, nós mesclamos atividades de políticas públicas distintas, trabalhando a perspectiva que a prefeita Sheila Lemos vem nos instando a trabalhar, que é uma perspectiva de intersetorialidade”, comentou o titular da Semdes.