Educação
Postado em 1 de dezembro de 2014 as 10:59:12
Foi a vez dos alunos da Escola Municipal Paulo Setúbal exibirem os filmes que produziram
Em sua terceira edição, a Mostra de Cinema Estudantil de Inhobim exibiu para o público que lotou o pátio da Escola Municipal Paulo Setúbal, na noite da última sexta-feira, 28, uma programação de filmes em que predominaram as produções de suspense, seguidas de perto pelas que retratavam histórias relacionadas à cultura local do distrito.
Seguindo a mesma lógica das mostras semelhantes, realizadas nos distritos de Bate-Pé e Dantelândia – juntas, as três compõem o Prêmio Lentes Rurais –, os filmes foram produzidos pelos alunos, que, após terem passado por oficinas teóricas sobre as técnicas de produção, partiram para a prática, munidos de aparelhos celulares e câmeras fotográficas, e filmaram suas próprias histórias.
As 14 produções finalizadas foram exibidas para pais, alunos, professores e funcionários da escola, na noite do dia 28, concorrendo a premiações em 12 categorias. A elas, somou-se uma novidade: o Prêmio Forasteiro, disputado por três filmes produzidos por alunos da Escola Municipal Eurípedes Peri Rosa, de Bate-Pé.
‘Criatividade’ – Segundo a professora Lídia Lemos, coordenadora da Mostra, o projeto conseguiu se consolidar, de forma semelhante ao que já ocorreu há algum tempo em Bate-Pé. Isso, para ela, deve-se também ao apoio que vem recebendo no ambiente escolar. “A consolidação, este ano, é importante pelo fato da direção da escola ter apoiado intensamente. Quanto mais a escola participa, mais o projeto se consolida e tem garantias de continuidade”, observou Lídia.
Essa continuidade, aliás, aumenta a cada ano a responsabilidade da escola em manter o projeto à altura das expectativas geradas nos alunos. “Eles mesmos já esperam por isso. Existe a necessidade de atender à expectativa que a gente criou com o projeto”, disse a professora, que cita como característica importante outro elemento comum aos três projetos cinematográficos em andamento na zona rural: a liberdade que é dada aos estudantes para que eles próprios decidam o que querem filmar. “Sempre deixamos isso livre, pois percebemos que isso deixa a criatividade deles fluir bem melhor do que se déssemos os temas”, afirmou.
‘Tivemos liberdade’ – A ideia na cabeça, o celular na mão e a liberdade total para filmar e se expressar. Tal lógica foi explorada ao máximo pela turma que produziu o filme “Anjo”, o grande vencedor da noite. A obra foi premiada em três categorias. Após receber dois troféus, referentes aos prêmios de melhor roteiro e melhor fotografia, a equipe já estava indo embora da escola quando, surpreendida pelo anúncio feito pela professora Lídia Lemos, teve de retornar para receber seu terceiro e mais empolgante troféu na noite: o de melhor filme.
“Tivemos liberdade e tiramos a história de um livro. A gente também introduziu histórias da região dentro do roteiro, o máximo que pudemos”, explicou Lucas Santana, 18 anos, um dos integrantes da equipe, já demonstrando intimidade com o jargão cinematográfico. “A gente participou no ano passado e este ano. E, para o ano que vem, a gente participa de novo, porque a gente gosta muito. A gente está aprendendo fora da sala de aula”, disse ainda o estudante.
A história do filme mostra um religioso que vai propagar sua fé numa região desconhecida e acaba se perdendo. É ajudado, então, por um índio, que o leva a encontrar-se novamente com as pessoas com quem estava. Em meio à euforia por reencontrar os colegas, ele se dá conta de que o personagem que o ajudou desaparecera. Fica, para o espectador, a sugestão de que era o ente sobrenatural que dá nome ao filme.
‘Participação efetiva’ – Embora já esteja na Escola Municipal Paulo Setúbal há alguns anos, o professor José Roberto Amaral afirmou que foi este ano, o primeiro de sua gestão como diretor, que ele se deu conta do que a Mostra de Cinema Estudantil significa para a comunidade escolar. “Eu não tinha dimensão da grandeza desse projeto”, reconheceu. “A escola toda se envolveu. Os professores participaram de uma forma bem efetiva”.
Não à toa, a direção e um grupo de educadores do programa Mais Educação ganharam o Prêmio Lentes Rurais, pela forma como contribuíram para que a Mostra se concretizasse de forma bem-sucedida. A depender da disposição do gestor, o entusiasmo prosseguirá em 2015. “Para o próximo ano, continuaremos nessa mesma linha, com a escola envolvida no projeto”, assegurou Amaral.
‘Linguagem rica’ – Com isso, ganha a comunidade, pois a iniciativa de promover projetos que envolvem cinema e educação se consolida um pouco mais a cada ano na Rede Municipal de Ensino. “A riqueza dessa linguagem é fundamental para os alunos. Ela consegue atraí-los, e eles a transformam em produção textual e visual”, disse o coordenador de Administração Escolar, Vilanei Chaves. “Isso interfere na vida escolar dos alunos e a comunidade acaba participando. Esse é o maior interesse do Governo Municipal: construir junto com as escolas uma produção cada vez maior”, acrescentou Vilanei, que representou o secretário municipal de Educação, Valdemir Dias.
Conheça todos os premiados da 3ª Mostra de Cinema Estudantil de Inhobim:
Melhor atriz – Simara Souza (“A morte de Roxinho”)
Melhor atriz coadjuvante – Marcela Rocha (“A boneca mal-assombrada”)
Melhor ator – Cléber de Oliveira (“Gravidez na adolescência”)
Melhor ator coadjuvante – Lucas Cantínio (“Pânico 2”)
Melhor roteiro – “Anjo”
Melhor direção – “Pânico 2”
Melhor fotografia – “Anjo”
Melhor trilha sonora – “A morte de Roxinho”
Melhor edição – Júlio Marcos Oliveira
Melhor filme – “Anjo”
Promessa 2015 – “A noiva do cemitério”
Prêmio Lentes Rurais – Direção da Escola Municipal Paulo Setúbal / Grupo de educadores do programa Mais Educação
Melhor filme forasteiro: “A vingança do além” (produzido por estudantes de Bate-Pé)