Cerca de 60 mulheres estiveram reunidas no Cras 2, do bairro Vila América, para participar de uma oficina sobre “Empoderamento Feminino no Mundo do Trabalho”, na tarde desta quinta-feira (16). A atividade fez parte da campanha Março Mulher e foi realizada em parceria pela Sala da Mulher Empreendedora, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE), e pelo programa Acessuas Trabalho, desenvolvido em Vitória da Conquista pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes).

A supervisora do Acessuas Trabalho, Narriman Freitas, explicou a ação. “A oficina traz para elas toda a questão da autoestima, do empoderamento, e se tem alguma questão voltada para vulnerabilidade social, como violência doméstica. Então, a gente traz o protagonismo dessas mulheres, com informações também do que é empreendedorismo, o que é ser um microempreendedor, a ideia de cooperativa e tudo o mais que as fortalece nessa jornada do mercado e do mundo trabalho”, disse.

De acordo com a gestora da Sala da Mulher Empreendedora, Efigênia Ferreira, é preciso desconstruir o estigma machista e patriarcal que culturalmente coloca a mulher no lugar de cuidar e não de produzir. “A gente trabalha muito isso para mudar essa forma de pensar e fazer com que ela reconheça em si o potencial de empreendedora que ela já tem, vendo seus talentos e fazendo com que ela reconheça e faça esse empreendimento ser algo a trazer a sustentabilidade econômica para ela. E que essa geração de renda se perpetue para muito além das fronteiras dessa família, que seja um desenvolvimento para a própria cidade”, afirmou.

A gerente do Cras 2, Kelly Newton, contou que o órgão faz um trabalho constante de identificar e responder as demandas apresentadas pelas usuárias. “Vislumbramos em nossas usuárias algumas que trabalham de forma autônoma, de forma informal, então é mais um conteúdo pra fazê-las entender que há como prosperar em seus trabalhos, em suas atividades individuais e coletivas. E também valorizar as suas atividades, pois muitas vezes elas não conseguem ver as potencialidades que existem por trás do seu trabalho”, destacou.

Empreendedoras

Eliana da Silva Pereira produz artesanatos de crochê, tricô, pintura e costura, porém não comercializa sua produção. “Acho que falta um pouco de encorajamento, dessa liberdade de ter algo mais, de ter outra renda”, contou. Após assistir a palestra desta tarde, ela disse estar se sentindo mais encorajada para mudar de perspectiva e investir no seu talento. “Acho que a mulher de atitude tem que ser justamente isso, ter a coragem, se colocar à frente de tudo sem ter medo do que a sociedade vai pensar e sem ter medo de vender o seu produto”, completou.

Ao contrário de Eliana, Alzeni Neves dos Santos decidiu arriscar: no fim de 2019, pediu demissão da loja onde trabalhava como vendedora há 15 anos para se dedicar à produção de artesanato. Hoje, ela reaproveita materiais que seriam descartados no lixo para dar vida a artigos de decoração, vende toda a sua produção pelas redes sociais e vive unicamente dessa renda.

Para a empreendedora, a atitude valeu a pena, e hoje ela busca constantemente se aperfeiçoar na atividade e realizar troca de experiência com outras mulheres. “Participar desses encontros é importante, porque você se torna conhecida pelas pessoas, divulga o seu trabalho e cria força também, passa sua força e ajuda outras pessoas a criarem coragem pra começar. E você, às vezes, passando por dificuldade, cria forças pra continuar”, disse.