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Postado em 6 de maio de 2019 as 15:38:45

Primeiros filmes exibidos serão do cineasta francês Jean-Luc Godard
Nesta quarta-feira (8 de maio), a Casa Memorial Governador Régis Pacheco passa a abrigar o Cineclube Centro, iniciativa da Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Cultura. O evento segue a linha da exibição de filmes comentados com participação do público e acontecerá nas quartas-feiras, sempre a partir das 18h30.
Segundo o gerente de projetos da Secretaria de Cultura, George Varanese, responsável pela curadoria do projeto, esta iniciativa tem uma importância grande ao propor formas alternativas de ocupação dos espaços públicos da cidade, principalmente após o horário comercial. Além disso, um formato diferente será adotado.
“Ao invés de chamarmos um especialista para comentar, este comentário será um processo coletivo de entendimento dos filmes, desenvolvido pelos próprios espectadores; assim ganham-se outras vozes sem excluir o especialista, que vai estar presente também”, explica.
De acordo com o historiador Afonso Silvestre, que integra a equipe do projeto, a ideia reforça uma tradição de Conquista: a do cineclubismo. “Com mais intensidade a partir dos anos 80, cineclubes sempre foram fomentados na cidade através de iniciativas individuais ou de pequenos grupos de cinéfilos”, afirma ele, lembrando o cineclube J. Murilo, o Cine Seis e Meia, o Segundo o Cine e o Janela Indiscreta.
O primeiro ciclo de filmes do Cineclube Centro é um conjunto de mostras sobre os principais diretores da história do cinema. A mostra inaugural é sobre o cineasta francês Jean-Luc Godard, uma das principais expressões da Nouvelle Vague (ou nova onda), movimento surgido na França dos anos 60 que aproximou o cinema tanto da alta cultura quanto da política.
Conhecido por realizar um cinema polêmico e vanguardista, Godard tornou-se etnólogo pela Sorbonne (Universidade em Paris) e realizou seu primeiro filme, Acossado, em 1959. Esta sua primeira aparição causou polêmica por adotar inovações narrativas, as mesmas que Glauber Rocha começava a experimentar no Brasil e que mais tarde contagiaria cineastas em todo o mundo.
Godard realizou, em 64 anos de atuação, mais de 120 filmes, todos eles com aspectos revolucionários, seja na linguagem, seja nos conteúdos apresentados. A mostra do Cine Centro vai exibir quatro filmes do diretor. Confira as sinopses e o dia das exibições:
8/5 – NOSSA MÚSICA (Notre Musique, 2004)
Um ensaio cinematográfico dividido em três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso. Justaposição de imagens, ruídos e ideias para refletir sobre a irracionalidade das relações internacionais, principalmente das guerras, sobre o olhar e a compreensão do outro, o ato de perdoar e as possibilidades para a reconstrução do mundo e da vida. Como todo filme de Godard, uma investigação muito pessoal sobre as formas de se fazer cinema, sem perder a referência da disputa política, utilizando esta palavra em seu sentido mais estrito.
15/5 – O DESPREZO (Le Mépris, 1963)
Um produtor, em discordância profunda com a direção de Fritz Lang, pede a Paul que mude o roteiro. Arrogante, brutal e odioso, o produtor se sente atraído por Camille, a mulher de Paul. Camille, decepcionada com a atitude do marido, afasta-se dele.
22/5 – ADEUS À LINGUAGEM (Adie au Language, 2014)
Através de uma narrativa pervertida pela lógica godardiana, a relação entre uma mulher casada e um homem solteiro. Eventualmente, estão no mesmo local que um cão que vagueia e late. A relação avança pelas estações do ano até que se acaba, estragada pelo personagem do marido, ou ex-marido. Outro filme se inicia, mas é o mesmo. E o que era o ladrar de um cão, agora é o choro de um bebê. Como em Nossa Música, o filme também é uma investigação pessoal sobre como fazer cinema. E, embora o título sugira um rompimento com a linguagem, não é bem isto que Godard nos oferece.
29/5 – IMAGEM E PALAVRA (Le Livre d’Image, 2018)
Descrições em excesso podem prejudicar o entendimento de filmes de Jean-Luc Godard. Mas a ideia principal deste filme finalizado ano passado é a violência da história dos séculos XX e XXI, e a ideia de que a civilização pode não ter triunfado.