Cultura
Postado em 22 de dezembro de 2013 as 12:16:49
“O mais importante é tornar público esse tipo de composição, que mexe com a sensibilidade, com o pensar, com a profundidade humana”, disse uma expectadora
Disposta a acompanhar do local mais próximo possível o show de Milton Nascimento, na noite do último sábado, 21, a professora Dayse Maria Souza postou-se, logo cedo, junto à grade de proteção que fica em frente ao palco principal do Natal da Cidade, na Praça Barão do Rio Branco. Dali, ela pôde deleitar-se – e emocionar-se – também com o espetáculo anterior ao de Milton: a apresentação instrumental do arranjador e maestro Wagner Tiso, ao piano de cauda, e do violonista e guitarrista Victor Biglione, munido de uma potente
guitarra Washburn, do tipo Hollow body – que, segundo ele, produz um som “mais encorpado”.
“Perfeito”, sintetizou Dayse, enquanto observava as performances dos dois virtuoses, em seus respectivos instrumentos musicais. “É muito bom a gente saber que Vitória da Conquista nos proporciona isso. É importante que tenham projetos que valorizem a cultura, e que a gente se delicie com essas obras”, prosseguiu Dayse, que leciona no curso de Geografia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).
Segundo a professora, há vários reflexos positivos, a partir de iniciativas como o Natal da Cidade, que alia a valorização da cultura regional a espetáculos musicais de qualidade, em praça pública e de forma gratuita para a população. Um show como o de Tiso e Biglione, por exemplo, não seria visto em qualquer praça. “Isso precisa estar nos espaços. Tem que ser mostrado para a população”, avaliou Dayse. “O mais importante é tornar público esse tipo de composição, que mexe com a sensibilidade, com o pensar, com a profundidade humana”.
‘Dádiva’ – Em outras palavras, também foi isso o que disse Wagner Tiso, em entrevista concedida depois do show ao lado de Biglione. “Isso é da maior importância, é distribuir cultura para o público. O povo está encantado. Para a gente, foi um prazer tocar para esse pessoal todo. Foi uma dádiva poder mostrar isso para um público ávido por ouvir música”, observou o músico. “O povo está na praça, Milton está aí, e nós estamos aí com eles”, finalizou, referindo-se ao artista responsável pelo último show da noite, e com quem toca profissionalmente desde os anos 60.
‘Exemplo de cultura’ – Ex-integrante do excelente grupo musical A Cor do Som, nos anos 80, e já tendo acompanhado artistas como Gal Costa, Caetano Veloso e Gilberto Gil, Victor Biglione disse relacionar-se bem com baianos. E, por extensão, com o povo nordestino, por quem demonstrou admiração. “Adoro esta região do Brasil. É uma música muito forte e um pessoal muito querido. Até me emociono ao falar disso”, afirmou.
No que diz respeito a Vitória da Conquista e, especialmente, à opção da Prefeitura por promover um evento como o Natal da Cidade, Biglione também se mostrou admirado. “Vocês estão dando um exemplo de cultura”, disse, ressaltando que sua cidade por adoção – o Rio de Janeiro – não possui iniciativas culturais semelhantes, por parte do poder público. “Mais uma vez, eu saio da minha cidade para ver que outras cidades estão dando esse exemplo cultural. Vocês estão de parabéns”, elogiou o músico.