Desenvolvimento Econômico
Postado em 26 de maio de 2014 as 11:33:21
Segunda edição do Cine Juve exibiu “O contador de histórias”, de Luis Villaça
Assim que chegou ao fim a exibição do filme “O contador de histórias”, de Luis Villaça, na noite da última sexta-feira, 23, as luzes da sede do programa Estação Juventude, na Secretaria Municipal de Trabalho, Renda e Desenvolvimento Econômico (Semtre), foram novamente acesas e deixaram à mostra alguns pares de olhos marejados entre os espectadores. Todos eram estudantes do ProJovem Urbano e moradores do bairro Bruno Bacelar, que ali participavam da segunda sessão do projeto Cine Juve.
Com essa iniciativa, o programa Estação Juventude pretende estreitar os laços entre o poder público municipal e os diversos segmentos da juventude de Vitória da Conquista, valendo-se da linguagem do cinema. “Este primeiro momento está sendo de descobrimento e contato”, explicou Kétia Damasceno, integrante da coordenação do projeto, que já visualiza a possibilidade de inverter a lógica de atuação e levar o Cine Juve até os bairros, em sessões itinerantes.
Os olhos marejados presentes na plateia deveram-se à identificação que houve entre alguns espectadores e a história retratada pelo filme. “O contador de histórias” é baseado na vida do mineiro Roberto Carlos Santos, que, após fugir de um internato infantil e viver nas ruas durante anos, conheceu uma nova vida através do afeto de uma pedagoga francesa que o adotou.
‘Estímulo’– A estudante Milena Santos, 23 anos, achou que ali pôde identificar um paralelo com o preconceito de que diz já ter sido vítima, por morar num bairro periférico. “É muito difícil assistir ao filme e não se identificar. É como um estímulo para não desistir, seguir em frente e crescer”, disse Milena, após a sessão. Ela esteve afastada dos estudos por cinco anos e, há oito meses, retomou-os por meio do ProJovem Urbano.
Outro que apreciou a sessão foi Daniel de Carvalho, 22. “Gostei da história. Tudo estava indicando que ele iria virar um bandido. Aí, apareceu a mulher e acreditou nele, modificou a vida dele”, comentou o estudante. Assim como Milena, Daniel se manteve afastado da escola por cinco anos, até voltar às aulas graças ao ProJovem Urbano. Ambos os jovens tiveram essa oportunidade após serem encaminhados a esse programa federal pela unidade do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) que atende à região onde está localizado o Bruno Bacelar.
‘Superação’– Após a exibição do filme, que foi mediado por Kétia e por Helder Rocha, os espectadores ainda puderam ouvir as experiências do cordelista Ailton Dias, autointitulado “o poeta do povo”. Dias já trabalhou como lavrador e pedreiro e hoje se dedica à literatura. É autor de mais de cinquenta livretos de cordel, além de dois livros publicados por meio do Proler/Uesb. Na conversa com os estudantes, no Cine Juve, ele declamou poemas e falou sobre as dificuldades pelas quais já passou na vida – que, segundo ele, também o levaram a identificar-se com o personagem central de “O contador de histórias”. “O filme tem um pouco de superação e desespero. Não há como não fazer parte da vida da gente”, avaliou.
‘Ação de aproximação’ – Segundo o secretário municipal de Trabalho, Renda e Desenvolvimento Econômico, Gildelson Felício, o Cine Juve ilustra bem a lógica de funcionamento do programa Estação Juventude. Há o espaço fixo, aberto a que a comunidade o ocupe, mas também existe o outro lado: o fato de o programa se deslocar para promover ações nas comunidades. “Nós recebemos as demandas dos jovens, mas também vamos até eles. São ações de aproximação com a juventude”, resume Gildelson.