Auditório da OAB

Os agentes de endemias de Vitória da Conquista participaram nessa quarta-feira (11), no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), de uma capacitação sobre novas tecnologias para o combate do Aedes aegypti promovido pelo Instituto de Saúde e Ação Social (ISAS) e pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A iniciativa faz parte da campanha “São João sem Dengue” e visa intensificar as ações de vigilância e controle do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.

Novas armadilhas em destaque: Pneutrap e V-Atratativa

O treinamento abordou o uso e a manutenção de duas armadilhas que prometem revolucionar o trabalho de campo: a Pneutrap e a V-Atratativa. O coordenador de endemias, Renato Freitas, explicou que a Pneutrap, com suas duas paletas de alcateia, permite que as fêmeas do mosquito depositem ovos em um ambiente mais tranquilo, o que a torna mais eficaz na coleta de dados. Já a ovitrampa, utilizada no município, possuí apenas uma paleta, e foi atualizada para um modelo mais eficiente com duas paletas. 

“Neste primeiro momento, as armadilhas serão instaladas no Parque de Exposições, onde acontecerá o Arraiá da Conquista, para evitar que conquistenses e visitantes sejam picados pelo Aedes aegypti e assim a gente possa ter um São João sem Dengue.

Renato Freitas

Ainda segundo Renato, desde que foram implantadas as armadilhas ovitrampas, em outubro de 2024, já foram retirados de circulação no município, 517 mil ovos do Aedes aegypti. “Nós sabemos que é deste total de ovos, 70%  são fêmeas e 30% são machos e que cada fêmea pode picar até 48 pessoas e assim transmitir a dengue”, explica Renato, acrescentando que cada fêmea coloca em média 300 ovos.

Pneutrap: Inteligência para a tomada de decisões

Durante a capacitação, o coordenador do projeto, Alex Correia, criador da armardilha, detalhou as funcionalidades da Pneutrap, ressaltando sua importância estratégica na vigilância, controle, monitoramento e diagnóstico do vetor. “Elas têm o objetivo de produzir dados e informações relevantes para a tomada de decisão estratégica em relação ao vetor”, disse Correia.

Alex Correia

A Pneutrap se destaca por:

  • Formato de pneu tridimensional: Proporciona um ambiente ideal para a ovoposição das fêmeas, reduzindo o estresse e aumentando a eficiência da coleta de ovos.
  • Duas paletas de alcateia: As paletas, impregnadas com um atrativo, formulado com orientação do Ministério da Saúde, levedura de cerveja, são o local onde as fêmeas depositam seus ovos.
  • Válvula de contenção: Impede que os mosquitos eclodam e se tornem adultos, garantindo que todo o ciclo de vida ocorra dentro da armadilha.
  • Monitoramento facilitado: As vistorias podem ser estendidas para 10 a 12 dias sem risco, e as paletas, que são removíveis, podem ser facilmente monitoradas e contadas.
  • QR Code para dados precisos: Cada armadilha possui um QR Code que permite o registro de coordenadas geográficas e o acompanhamento do trabalho através de um sistema de informação. Isso possibilita a avaliação de indicadores entomológicos e epidemiológicos, fornecendo dados cruciais para a gestão.

Alex enfatizou que a Pneutrap é fundamental para identificar a positividade e a densidade do vetor, ou seja, a quantidade de fêmeas grávidas circulando e a velocidade de sua reprodução. “A Pneutrap é uma armadilha principal para todos os processos de avaliação da situação epidemiológica porque ela vai identificar a positividade e a densidade do vetor a partir da contagem dos ovos”, concluiu.

V-Atratativa: Controle biológico e abrangente

A V-Atratativa é uma armadilha holandesa com capacidade para até 5 litros de água, utilizando um produto biológico que não oferece riscos à saúde. “Ela é composta, digamos assim, de um balde com capacidade de até 5 litros de água” explicou Alex.

  • Estudo entomológico e epidemiológico: A instalação da V-Atratativa é precedida por um estudo da área, considerando os indicadores da Pneutrap e do Levantamento de Índice Rápido (LIRA) de infestação.
  • Produto biológico com poder residual: Um sachê contendo um fungo e um larvicida é diluído na água. Ao ter contato com a água ou a tela flutuante, a fêmea do mosquito se contamina e, ao contaminar outros criadouros, impede o desenvolvimento das larvas.
  • Segurança: A armadilha impede o acesso de crianças e animais à água, restringindo-o apenas ao Aedes aegypti.
  • Interrupção do ciclo de vida: A estratégia da V-Atratativa garante que as larvas se desenvolvam apenas até um certo estágio, sem atingir a fase de pupa ou mosquito adulto, interrompendo a reprodução do vetor.

Ainda segundo Alex Correia, após os festejos juninos, as armadilhas serão instaladas em 14 bairros do município que apresentam maior índice de infestação. “ Nós vamos trabalhar com 650 armadilhas pneumotrap nestes bairros e também com a V-Atratativa, aliadas ao uso de outras tecnologias inovadoras como drone, bicicletas elétricas e tinta repelente”.

Para o agente de endemias, Carlos Costa, que já supervisionou as armadilhas ovitrampas, as novas tecnologias vêm para somar o trabalho realizado pela equipe de endemias do município. “Essas tecnologias são muito e estamos aqui aprendendo  como manusear essas armadilhas, essa nova forma de trabalhar. Eu espero que dê tudo certo e que seja um marco, pois, a gente já obteve grande avanço com a ovitrampas”, ressaltou Carlos, que tem as melhores expectativas sobre as novas armadilhas que contribuíram para eliminar a circulação do mosquito em Conquista. 

Carlos Costa

Essa capacitação, que contou com a parte teórica na OAB, e prática, no Parque de Exposições,  é um passo importante para fortalecer as ações de controle do Aedes aegypti em Vitória da Conquista, garantindo um São João mais seguro e livre da dengue.