“O tema da juventude foi escolhido com bastante sabedoria”, disse o rapper e escritor

Pode-se dizer que, no universo do rap e do hip hop, a relação entre artistas e público é bem mais fiel e racional do que se imagina. O show do rapper Gog no Festival da Juventude, na noite de domingo, 12, foi mais uma prova da veracidade da afirmação. Assim que o artista subiu ao palco, o espaço central da Praça Barão do Rio Branco já estava ocupado por um exército de jovens com toucas, bonés e outros acessórios que compõem o estilo visual do estilo hip hop.

No caso de Gog, entretanto, o conteúdo das canções é bem mais importante e atrativo que o mero aspecto visual. Boa parte do público, por já conhecê-lo, sabia disso. E sabia também que Gog não é somente um rapper. Antes disso, o brasiliense de Sobradinho-DF é um militante que alia seu talento à sensibilidade social que o levou a ser membro do Conselho Nacional de Políticas Culturais do Ministério da Justiça.

“É a música preta, a música revolucionária brasileira”, resume o artista. “É pela música brasileira, mas também por toda a juventude negra brasileira, pelas oportunidades que têm que ser exercidas pela periferia. Protagonismo, autoestima, essa é que é a minha música”, define-se.

Gog afirmou: “o Festival da Juventude de Vitória da Conquista me chamou bastante atenção”. O motivo, segundo ele, é o fato de a lógica do evento estar em sintonia com o debate atual em torno do tema “juventude”.

“Esse debate sobre a juventude é a grande cena nacional hoje. O Governo Federal dialoga que a juventude deve ser aquela que possa apontar soluções para os problemas que estão aí”, apontou o artista. “Então, vejo que o tema da juventude foi escolhido com bastante sabedoria”.

Passos de break – Dada a fidelidade que caracteriza a relação entre artistas e fãs no hip hop, vejamos o caso do jovem Andrei de Jesus Teixeira. Ele é de Brasília-DF e mora em Porto Seguro-BA, onde atualmente trabalha como agente de segurança patrimonial. Mas, segundo Andrei, sua paixão é mesmo o hip hop. Tanto que ele viajou para Vitória da Conquista unicamente para ver a apresentação de seu ídolo e conterrâneo Gog. Pouco antes do início do show, era possível vê-lo na Praça Barão do Rio Branco, executando inspirados passos de break.

“Estamos aqui para crescer e fortificar o nosso rap e todas as culturas, sejam elas quais forem. É de coração. A gente faz isso por paixão”, disse. Andrei elogiou o Festival da Juventude por abrir espaços para que os adeptos do hip hop pudessem se fazer ouvir: “Quero agradecer e parabenizar a Prefeitura e todos aqueles que fizeram e tiveram influência neste movimento aqui, que é maravilhoso: deixar a gente mostrar a nossa cultura e o que a gente gosta. Parabéns”.