Dona Baratinha anuncia aos pretendentes que tem “lacinhos no cabelo e dinheiro na caixinha”

O Centro de Convivência do Idoso, mantido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes) levou seu grupo teatral, as “Talentosas do CCI”, para encenar a clássica história infantil “O Casamento da Dona Baratinha” para alunos da Escola Cardoso e Albuquerque (Alto Maron), na tarde desta segunda-feira (10). Além da peça infantil, o grupo levou aos pequenos outros dois personagens: os palhaços Pirraça e Pirracita, que coordenaram um sorteio de brindes entre os alunos.

Essas atividades atendem à simbologia de duas datas: o Dia Internacional do Idoso, celebrado em 1º de outubro, e o Dia das Crianças, a ser comemorado na próxima quarta-feira (12). Segundo a gerente do CCI, Mayara Ribeiro, as comemorações, referentes a duas faixas etárias opostas, explicam os objetivos do serviço ao propor essa programação. “A oferta tem que envolver essa mistura de gerações. Estamos promovendo aqui a intergeracionalidade: a interação entre pessoas de diferentes idades. Isso faz parte do serviço de fortalecimento de vínculos”, informou Mayara.

Em seus últimos momentos de vida, dr. João Ratão observa o caldeirão de feijoada

Por isso, aproximadamente cinquenta crianças de 6 a 12 anos, que cursam do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, assistiram ao espetáculo: a história da simpática e exigente personagem que, orgulhosa de seus préstimos – lacinhos no cabelo e dinheiro na caixinha –, recusou, um a um, três pretendentes: um boi, um burro e um carneiro. Até que finalmente se rendeu aos encantos do escolhido: o doutor João Ratão, um roedor tão elegante quanto guloso.

Talentosas do CCI agradecem ao público, após a encenação

Por sinal, como narra a história, essa característica do noivo foi a responsável pela não consumação do casamento. Atraído pelo cheiro da feijoada que era preparada pelos dois macacos cozinheiros, ele caiu dentro no caldeirão fervente e deixou a baratinha viúva antes mesmo dos votos de matrimônio. Triste pela morte trágica do noivo e arrependida por ter sido tão exigente, a protagonista, então, retorna à sua janela e continua a expor seus laços e sua caixinha, cheia de vinténs, à espera de um novo pretendente.

Lição de esperança

Luiz Gustavo Malta, de 10 anos, aluno do 5º ano, ainda não conhecia a historinha, mas achou divertida a forma como a peça foi encenada. E gostou, especialmente, da reviravolta que impediu a realização do casamento. “Achei engraçado que o noivo caiu dentro do caldeirão de feijoada”, riu o garoto.

Sofia Loren, 9 anos, e Luiz Gustavo, 10: ela refletiu sobre esperança; ele se divertiu com a história que não conhecia

Já a pequena Sofia Loren Pereira, 9 anos, atualmente cursando o 9º ano, já tinha familiaridade com os dramas da dona Baratinha. “Na minha antiga escola, a gente tinha uma rodinha de histórias”, relembrou. Além da diversão, ela extraiu outros elementos contidos na narrativa feita pelas Talentosas do CCI. “O que me chamou a atenção foi a dona Baratinha não perder a esperança. Quando a gente não consegue alguma coisa, que não dá certo, a gente tem que continuar confiante, que nem a dona Baratinha”, avaliou a estudante.

Alegrando a juventude

Para a coordenadora da Escola Cardoso e Albuquerque, Maria José Novais, a celebração do Dia das Crianças deverá trazer essas reflexões para seus alunos. “A gente acredita que as crianças precisam valorizar mais os idosos e colocá-los como pessoas importantes em suas vidas. Elas precisam valorizar as pessoas mais velhas e aprender com elas”, afirmou Maria José.

Intérprete da dona Baratinha, a aposentada Semírames Lacerda, 81 anos, apreciou a experiência de levar seus dotes artísticos para crianças. “Isso é uma maravilha. Nós trazemos um pouco da nossa experiência em coisas que eles ainda não conhecem. E a cooperação ajuda muito nesse processo”, disse.

Peça foi encenada para crianças de 6 a 12 anos, do 1º ao 5º ano da Escola Cardoso e Albuquerque

Já Lourdes Melo, 71 anos, que interpretou o doutor João Ratão, avaliou que a encenação põe em prática os objetivos do CCI – ou seja, o fortalecimento de vínculos. E, neste caso, os vínculos com o público infantil. “As crianças hoje não escutam mais histórias assim. Sua avó não te contava histórias? Sua mãe também não contava? Então. É isso o que estamos fazendo, alegrando essa juventude”, disse Lourdes.