Educação
Postado em 5 de abril de 2013 as 22:47:51 e atualizado em 8 de abril de 2013 as 17:20:15
A Jornada Pedagógica 2013 para os profissionais da Rede Municipal de Ensino que atuam nas turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Presídio Nilton Gonçalves teve início nessa quinta-feira, 4, no auditório da Secretaria Municipal de Trabalho, Renda e Desenvolvimento Econômico. O evento, promovido pela Prefeitura de Vitória da Conquista, por meio da Secretaria Municipal de Educação, em parceria com o presídio, aborda o tema “Educação prisional como direito humano”.
Segundo o secretário de Educação, Luiz da Ibiapaba, o Governo Municipal tem assumido com fervor o compromisso de continuar beneficiando os presidiários com a educação. “Desde 2009, este projeto está em andamento no município, uma ação pioneira em todo o estado da Bahia. Pretendemos continuar ampliando essa iniciativa, porque se trata de ações centradas no ser humano, na sua formação e ressocialização. Nossa parceria com o presídio será cada vez mais fortalecida”, afirmou.
Em 2012, cerca de 240 internos foram beneficiados com o EJA. Este ano, 110 internos já estão escritos nessa modalidade educacional. “A unidade prisional do Presídio Nilton Gonçalves é a menor da Bahia e fomos a única unidade a conseguir o maior número de internos estudando, 240, o que correspondente a 80% da nossa população carcerária, e ano passado fechamos o ano sem nenhum analfabeto. Temos uma parceria com a Secretaria Municipal de Educação e queremos que os professores se unam a nós para que possamos formar uma equipe e fazer a diferença”, disse o diretor do presídio Nilton Gonçalves, Alexsandro de Oliveira.
De acordo com a legislação, o trabalho na unidade prisional envolve vários fatores. Um deles é a segurança do professor, que estará diante de algo novo e desafiador e do interno, que, para se abrir a oportunidade de ensino, também deverá se sentir confortável com a presença do educador e estabelecer uma relação de confiança. “O trabalho de educação prisional vai além da sala de aula, e os professores precisam passar por um treinamento para conhecer melhor a metodologia de trabalho e se envolver mais com o tema. Muitas pessoas ainda se assustam por não ter o conhecimento adequado sobre essa modalidade de ensino”, afirmou a coordenadora do projeto de Educação Prisional, Márcia Novaes de Oliveira.
Franco Oliveira dos Santos saiu há três meses do presídio e garante que os estudos dentro da unidade deram um outro sentido a sua vida. “Antes de entrar na unidade, eu trabalhava e não tinha tempo para estudar. Após 11 dias no presídio, comecei os estudos e isso abriu os meus conhecimentos e me fez perceber que a educação é uma oportunidade para melhorarmos de vida”.
Há um ano e meio, o professor Cláudio Santos atua como educador no presídio Nilton Gonçalves e afirma que o trabalho diário é uma luta constante, mas também uma grande satisfação. “A princípio foi um susto e um desafio, mas, ao conhecer a realidade prisional, percebi que tinha muito a se fazer. É um trabalho muito bonito e de grande responsabilidade”, relatou. Além disso, ano passado, o MEC determinou uma data específica para a aplicação das provas do Exame Nacional nas unidades prisionais e o Presídio Nilton Gonçalves cadastrou o maior número de alunos. “Quando nos deparamos com as redações ficamos encantados e surpreendidos, porque os textos estavam excelentes”, completou Cláudio.
Hoje, o evento tem continuidade no auditório do 9º Batalhão de Polícia Militar e serão abordados os seguintes temas: “Normas de segurança do Presídio Nilton Gonçalves”, “Ressocialização como prática pedagógica”, “EJA como educação libertadora” e “Brasil Alfabetizado no âmbito prisional”. Também marcou presença no evento o vereador Coriolano Moraes.