Conferência elegeu 20 propostas para serem defendidas na conferência territorial, em 2023

Com elaboração de propostas e eleição dos delegados que vão participar da conferência territorial de 2023, chegou ao final, nesta quarta-feira (23), a 11ª Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, realizada na sede da Pastoral do Menor da Paróquia Nossa Senhora das Graças.

Os participantes foram divididos em grupos de trabalho para discutir, separadamente, os cinco eixos propostos pelo Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes (Conanda). Eles abordaram diferentes aspectos do tema geral que norteou as atividades do evento neste ano: a situação dos direitos humanos de crianças e adolescentes em tempos de pandemia da Covid-19, as violações e vulnerabilidades a que esse público foi exposto durante o período e as ações necessárias para reparação e garantia de políticas de proteção integral, com respeito à diversidade.

Após as discussões, cada um dos grupos elencou quatro propostas referentes aos seus respectivos eixos temáticos: são duas propostas referentes ao âmbito municipal, uma relacionada à dimensão estadual e mais uma de alcance nacional. No total, foram elaboradas 20 propostas que serão levadas e defendidas pelos 26 delegados (também eleitos hoje) à conferência territorial que ocorrerá em 2023.

Leda Freitas, do Comdica, destacou a representatividade na divisão dos grupos e na eleição dos delegados

Segundo a presidente do Conselho Municipal dos Direitos de Crianças e Adolescentes (Comdica), Leda Freitas, o foco do evento nas crianças e adolescentes também se refletiu na eleição dos delegados, pois a maioria dos eleitos se encaixa nessa faixa etária. “Tivemos mais delegados crianças e adolescentes do que adultos”, disse Leda.

Todos os delegados eleitos estiveram envolvidos nas discussões dos cinco eixos temáticos. De acordo com Leda, houve uma preocupação no que diz respeito à representatividade. “Contemplamos as crianças e adolescentes com deficiência, o público LGBTQIA+, as instituições não governamentais e governamentais. Estão indo crianças e adolescentes contemplando toda a rede de Vitória da Conquista”, explicou a presidente do órgão realizador da conferência.

Crianças e adolescentes presentes nas discussões

No grupo responsável pelo eixo temático 3, o estudante Ysac Bomfim Santos, 11 anos, participou das discussões sobre ampliação e consolidação da participação dos jovens nos espaços de discussão, e ainda da garantia, proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes durante e após a pandemia da Covid-19.

“Várias pessoas deram ideias boas”, disse o estudante, que mora no bairro Senhorinha Cairo e cursa o 5º ano do Ensino Fundamental, na Escola Municipal Frei Serafim do Amparo. “Falei sobre a segurança alimentar, porque algumas pessoas não comem bem”, contou o jovem delegado.

Ysac, eleito delegado aos 11 anos: “A gente não pode se esquecer dos indígenas, porque eles fazem parte da nossa vida”

Ysac garantiu que, em 2023, estará a postos, pronto para representar Vitória da Conquista na conferência territorial. “Estarei lá para defender as propostas, falar sobre o que as pessoas da zona rural precisam. E também os indígenas. A gente não pode se esquecer deles, porque eles fazem parte da nossa vida. Se não fossem eles, a gente não estaria aqui”, afirmou.

Já no grupo dedicado ao eixo 5, que elaborou propostas sobre a garantia de recursos para políticas públicas direcionadas a crianças e adolescentes, durante e após a pandemia, a adolescente Simara Souza Camaleão, 17 anos, empenhou-se nas reivindicações por mais opções de lazer para o público de sua faixa etária.

Embora não tenha sido indicada para a função de delegada, ela confia em que as sugestões serão defendidas pelos colegas na conferência territorial. “Creio que as discussões e as propostas que a gente fez vão ajudar bastante, porque vão ter falas dos jovens sobre o que a gente quer realmente. Então, acho que vai ser bem legal”, avaliou a jovem moradora do bairro Nossa Senhora Aparecida, atualmente matriculada no 1º ano do Ensino Médio no Colégio Estadual José de Sá Nunes.

Simara, 17 anos: “As discussões e as propostas que a gente fez vão ajudar bastante”

Delegada afirma que tema precisava ser debatido

Entre os delegados eleitos hoje, houve quem, mesmo não sendo mais adolescente, já representou esse público em conferências anteriores. É o caso de Fernanda Silva, 34 anos. Até 2005, quando tinha 17, ela participava das conferências como adolescente, representando o Instituto Social Vivendo e Aprendendo (ISVA). Hoje, ela foi eleita delegada como representante do Conselho Tutelar da zona leste, do qual é integrante.

Fernanda: de representante dos adolescentes a conselheira tutelar

Fernanda garante que a experiência adquirida pelas participações anteriores, ainda que fosse tão jovem, repercutem na disposição que ela hoje apresenta para reivindicar melhorias para o público visado pelo evento. “O tema fala de algo que nós não esperávamos: a pandemia. É um tema que tem que ser debatido porque trouxe consequências e impactou nas relações familiares e sociais de crianças e adolescentes. E a minha vontade de ser conselheira tutelar surgiu na conferência estadual de 2005, em Salvador”, recordou.