Cultura, Turismo, Esporte e Lazer
Postado em 25 de junho de 2022 as 00:37:35
Quem se refere ao paraibano Jessier Quirino costuma defini-lo como poeta, escritor, cantador, compositor, entre outros ofícios ligados à literatura e à música. Mas ele próprio, ao se autodefinir, diz que é um “prestador de atenção nas coisas do mato”. E, quando se apresenta em público, como nesta sexta-feira (24), na segunda noite do Arraiá da Conquista, ele canta e conta para as pessoas as coisas que aprendeu, por ter prestado tanta atenção no que se refere como “coisas do mato”.
O forte do espetáculo promovido por Jessier é o que ele chama de “nordestinidade apurada”. É o que ele traz por meio dos causos e histórias envolvendo matutos e sertanejos, sempre marcados pelo humor. Entre uma e outra declamação, a exemplo da famosa história do matuto que foi ao cinema na cidade grande e voltou para contar sobre isso aos conterrâneos, ele inseriu canções autorais, acompanhado pelos músicos que trouxe para acompanhá-lo.
A presença da banda, segundo ele, foi uma estratégia, por se tratar de um espetáculo em praça pública. “Incluímos os músicos para que, com isso, pudéssemos crescer em cena”, explicou.
“Cumpadre” de Xangai
Uma das canções de Jessier, Bolero de Izabel, foi cantada com a participação de um amigo de Jessier, o músico, compositor e cantador Xangai, atualmente secretário de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer em Vitória da Conquista – e, por sinal, o responsável por convidar Jessier para se apresentar no Arraiá da Conquista. Ambos se tratam por “cumpadres” – assim mesmo, no dialeto coloquial nordestino que os dois dominam.
“Quando Xangai assumiu como secretário, já tinha me adiantado que queria fazer algo voltado para uma coisa mais cultural. E que caberia um trabalho de nordestinidade apurada”, disse o “prestador de atenção”.
Valorização da nordestinidade
A união entre teatro e música, algo que Jessier faz em sua apresentação, também foi vista nos números apresentados pelos grupos de teatro Raiz do Nordeste e Apodio. A importância de que esse tipo de intervenção seja trazido ao público foi ressaltada pelo artista paraibano. “É uma coisa importante do ponto de vista pedagógico. É sempre muito bem-vindo. E palmas para os professores que fazem isso. É uma valorização da nossa nordestinidade”, afirmou.
Além de Xangai, Jessier tem outro amigo em Vitória da Conquista, o cantador e compositor Elomar Figueira, a quem visitou na tarde de quinta-feira (23), após desembarcar na cidade. “Tenho idolatria por Elomar. Nas minhas pesquisas, é a pessoa que se destacou e que será um destaque eterno”, ressaltou Jessier.
Respeito às tradições
Em plena terra natal de Elomar, um compositor que retrata em suas canções um universo próximo daquele que Jessier trouxe em sua apresentação no Arraiá da Conquista, o paraibano disse encontrar uma proximidade cultural e temática com a região onde nasceu. “A Bahia é um celeiro de talentos. É muito diferente dos soteropolitanos, que são outra coisa. Esta região é muito relacionada à nossa área dos estados da Paraíba, do Rio Grande do Norte, do Ceará e de Pernambuco. É um respeito às nossas tradições”, resumiu o artista. A uma conclusão assim, só se chega após prestar muita atenção nas “coisas do mato” que unem as duas regiões.
Fantástico
A nordestinidade apurada trazida por Jessier Quirino para o Arraiá da Conquista foi acompanhada de perto pelo médico cirurgião José Carlos Queiroz, de 63 anos. Enconstado na grade em frente ao palco, ao lado da companheira, a enfermeira Cynthia Amado, de 34, ele riu seguidamente dos causos que o artista contava. “É algo inédito, único no mundo. Um trabalho de excelente qualidade”, avaliou José Carlos, que acompanha a produção artística de Jessier há cerca de vinte anos. Conheceu as primeiras canções e histórias por meio de CDs que o artista lançava. Hoje, assiste aos vídeos postados no YouTube. “O trabalho dele resgata o nordestino”, diz.
Cynthia, que não conhecia ainda o trabalho de Jessier, garantiu que passará a prestar mais atenção, a partir de agora. “É fantástico”, resumiu a enfermeira.