Essa também é a opinião do advogado e historiador Rui Medeiros, autor do estudo que serviu de base para que Prefeitura buscasse recursos para viabilizar o projeto

Rio Pardo nasce em Minas Gerais, em uma região conhecida pela grande altitude

Ele nasce em Minas Gerais, numa região conhecida pela grande altitude, nas proximidades dos municípios de Monte Azul e Rio Pardo de Minas. E vem descendo até adentrar os limites do território da Bahia, através do município de Belo Campo. O sinuoso percurso prossegue adiante, chegando à região do distrito conquistense de Inhobim e seguindo por Itapetinga, Itambé e outros mais, continuando em direção leste até “morrer” em Canavieiras, onde desemboca no Oceano Atlântico. A coloração barrenta de suas águas valeu-lhe o nome pelo qual vem sendo conhecido desde o século 19, Rio Pardo.

É nesse extenso reservatório natural que a Prefeitura de Vitória da Conquista vem concentrando suas atenções, na complexa tarefa de encontrar uma solução definitiva para os problemas hídricos que sempre afligiram o município.

Equipe do Governo Municipal reunida com o ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, e o engenheiro Hipérides Macedo.

O mais recente ato dessa empreitada ocorreu no último dia 19 de agosto, em Brasília, quando o prefeito Guilherme Menezes participou de uma nova audiência com o ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, a fim de tratar do projeto da futura Barragem do Rio Pardo. Segundo os últimos estudos, a barragem poderá acumular mais de 430 milhões de m³ de água – reserva que poderá sanar o déficit hídrico não só de Vitória da Conquista, mas também de outros municípios da região.

Estudos em andamento – Os projetos básico e executivo já foram concluídos. A empresa IBI Engenharia, vencedora da licitação aberta pela Administração Municipal e responsável pelo projeto da barragem, desenvolve atualmente os estudos ambientais – aqueles que definem questões como o plano de reassentamento e indenização das pessoas que vivem na região onde será construído reservatório.

Ao mesmo tempo, avança o projeto do sistema adutor da barragem, que terá 49 quilômetros de extensão e será responsável por conduzir a água da barragem até a estação de tratamento localizada em Barra do Choça. A inclusão dos dois projetos – o do sistema adutor e o da barragem propriamente dita – no Programa de Aceleração do Crescimento foi a principal pauta da última visita do prefeito Guilherme Menezes ao ministro da Integração Nacional.

Prefeito Guilherme Menezes

‘Sonho antigo’ – Para que o Governo Municipal pudesse ir às instâncias federais em busca de financiamento para viabilizar esse projeto, foi necessário, antes, um detalhado estudo preliminar. Uma espécie de memorial, que contivesse informações históricas e técnicas sobre o Rio Pardo e as possibilidades advindas de um futuro barramento. A responsabilidade por esse estudo recaiu sobre o advogado e historiador Rui Medeiros, graças a um pedido feito pelo prefeito Guilherme Menezes.

“A barragem é um sonho antigo da nossa população e, desde o primeiro momento, a Administração Municipal está comprometida em conseguir os recursos. Por exemplo, a nosso pedido, Rui Medeiros produziu o memorial que serviu de base para todas as solicitações que o Governo Municipal fez ao Ministério da Integração Nacional”, rememorou o prefeito, logo após a reunião de 19 de agosto.

Rui Medeiros

‘Acúmulo surpreendente’ – Rui Medeiros se lembra bem do pedido feito pelo prefeito. “Foi solicitado a mim um estudo a fim de conseguir, junto a uma financiadora de estudos e projetos, a montagem de um plano. Eram estudos iniciais e complementares para a construção de uma barragem no Rio Pardo, na Região de Inhobim”, conta Rui. A partir disso, ele se lançou à empreitada, que envolvia a elaboração de toda uma descrição do perfil histórico do rio, sem esquecer também de algumas considerações de ordem técnica. Após as pesquisas e consultas ao vasto acervo pessoal que possui sobre o assunto, Rui produziu o documento de cerca de vinte páginas, que serviu de ponto de partida para viabilizar o projeto da Barragem do Rio Pardo.

Segundo o pesquisador, naquele momento já havia grande interesse em que o projeto se tornasse realidade. “A ideia da barragem estava dentro de cogitações de setores da sociedade conquistense. Especialmente aqueles que produziam café e aqueles que imaginavam que uma barragem no Rio Pardo seria a solução de água para algumas comunidades”, recorda. Rui destaca que a construção da barragem, na região de Inhobim, poderá regularizar o fluxo das águas do Rio Pardo na Bahia, que diminuiu após a construção da Barragem de Machado Mineiro, no início na década de 90.

“Apesar de toda a seca, o Rio Pardo continua fluindo”, destaca o historiador.

‘Água em quantidade’ – Segundo Rui, assim que estiver concretizada, a Barragem do Rio Pardo poderá servir a uma série de alternativas viáveis, desde a geração de energia até a irrigação, passando ainda pela solução dos problemas hídricos de regiões extremamente secas e pela regularização do fluxo do rio. Ele confidencia que, de qualquer maneira, ainda que seu objetivo fosse somente “reter água”, a obra já valeria a pena.

“Um fazendeiro teria uma visão. Um industrial teria outra, até para unidades de agroindústria, etc. Eu me contentaria com a simples existência da barragem, porque sei que, uma vez feita, sua utilização aparecerá”, afirma o historiador, que não perde sua confiança na força do velho Rio Pardo. “Você vai reservar água em bastante quantidade, não tenho dúvidas. Porque, apesar de toda a seca, o Rio Pardo continua fluindo”, diz.