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Postado em 5 de setembro de 2014 as 17:00:22
Essa também é a opinião do advogado e historiador Rui Medeiros, autor do estudo que serviu de base para que Prefeitura buscasse recursos para viabilizar o projeto
Ele nasce em Minas Gerais, numa região conhecida pela grande altitude, nas proximidades dos municípios de Monte Azul e Rio Pardo de Minas. E vem descendo até adentrar os limites do território da Bahia, através do município de Belo Campo. O sinuoso percurso prossegue adiante, chegando à região do distrito conquistense de Inhobim e seguindo por Itapetinga, Itambé e outros mais, continuando em direção leste até “morrer” em Canavieiras, onde desemboca no Oceano Atlântico. A coloração barrenta de suas águas valeu-lhe o nome pelo qual vem sendo conhecido desde o século 19, Rio Pardo.
É nesse extenso reservatório natural que a Prefeitura de Vitória da Conquista vem concentrando suas atenções, na complexa tarefa de encontrar uma solução definitiva para os problemas hídricos que sempre afligiram o município.
O mais recente ato dessa empreitada ocorreu no último dia 19 de agosto, em Brasília, quando o prefeito Guilherme Menezes participou de uma nova audiência com o ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, a fim de tratar do projeto da futura Barragem do Rio Pardo. Segundo os últimos estudos, a barragem poderá acumular mais de 430 milhões de m³ de água – reserva que poderá sanar o déficit hídrico não só de Vitória da Conquista, mas também de outros municípios da região.
Estudos em andamento – Os projetos básico e executivo já foram concluídos. A empresa IBI Engenharia, vencedora da licitação aberta pela Administração Municipal e responsável pelo projeto da barragem, desenvolve atualmente os estudos ambientais – aqueles que definem questões como o plano de reassentamento e indenização das pessoas que vivem na região onde será construído reservatório.
Ao mesmo tempo, avança o projeto do sistema adutor da barragem, que terá 49 quilômetros de extensão e será responsável por conduzir a água da barragem até a estação de tratamento localizada em Barra do Choça. A inclusão dos dois projetos – o do sistema adutor e o da barragem propriamente dita – no Programa de Aceleração do Crescimento foi a principal pauta da última visita do prefeito Guilherme Menezes ao ministro da Integração Nacional.
‘Sonho antigo’ – Para que o Governo Municipal pudesse ir às instâncias federais em busca de financiamento para viabilizar esse projeto, foi necessário, antes, um detalhado estudo preliminar. Uma espécie de memorial, que contivesse informações históricas e técnicas sobre o Rio Pardo e as possibilidades advindas de um futuro barramento. A responsabilidade por esse estudo recaiu sobre o advogado e historiador Rui Medeiros, graças a um pedido feito pelo prefeito Guilherme Menezes.
“A barragem é um sonho antigo da nossa população e, desde o primeiro momento, a Administração Municipal está comprometida em conseguir os recursos. Por exemplo, a nosso pedido, Rui Medeiros produziu o memorial que serviu de base para todas as solicitações que o Governo Municipal fez ao Ministério da Integração Nacional”, rememorou o prefeito, logo após a reunião de 19 de agosto.
‘Acúmulo surpreendente’ – Rui Medeiros se lembra bem do pedido feito pelo prefeito. “Foi solicitado a mim um estudo a fim de conseguir, junto a uma financiadora de estudos e projetos, a montagem de um plano. Eram estudos iniciais e complementares para a construção de uma barragem no Rio Pardo, na Região de Inhobim”, conta Rui. A partir disso, ele se lançou à empreitada, que envolvia a elaboração de toda uma descrição do perfil histórico do rio, sem esquecer também de algumas considerações de ordem técnica. Após as pesquisas e consultas ao vasto acervo pessoal que possui sobre o assunto, Rui produziu o documento de cerca de vinte páginas, que serviu de ponto de partida para viabilizar o projeto da Barragem do Rio Pardo.
Segundo o pesquisador, naquele momento já havia grande interesse em que o projeto se tornasse realidade. “A ideia da barragem estava dentro de cogitações de setores da sociedade conquistense. Especialmente aqueles que produziam café e aqueles que imaginavam que uma barragem no Rio Pardo seria a solução de água para algumas comunidades”, recorda. Rui destaca que a construção da barragem, na região de Inhobim, poderá regularizar o fluxo das águas do Rio Pardo na Bahia, que diminuiu após a construção da Barragem de Machado Mineiro, no início na década de 90.
‘Água em quantidade’ – Segundo Rui, assim que estiver concretizada, a Barragem do Rio Pardo poderá servir a uma série de alternativas viáveis, desde a geração de energia até a irrigação, passando ainda pela solução dos problemas hídricos de regiões extremamente secas e pela regularização do fluxo do rio. Ele confidencia que, de qualquer maneira, ainda que seu objetivo fosse somente “reter água”, a obra já valeria a pena.
“Um fazendeiro teria uma visão. Um industrial teria outra, até para unidades de agroindústria, etc. Eu me contentaria com a simples existência da barragem, porque sei que, uma vez feita, sua utilização aparecerá”, afirma o historiador, que não perde sua confiança na força do velho Rio Pardo. “Você vai reservar água em bastante quantidade, não tenho dúvidas. Porque, apesar de toda a seca, o Rio Pardo continua fluindo”, diz.