Desenvolvimento Social
Postado em 20 de outubro de 2019 as 11:10:10
Pessoas em situação de rua jogam futsal em quadras municipais.
Não há barreiras no futebol. Não importa a quantidade de jogadores, se há uniforme, a classe social dos participantes ou se o jogo é no campo ou na rua. Quando há vontade de fazer a bola rolar, o jogo acontece.
Paulo Vilas Boas (20) sabe muito bem disso: “Nós jogava na rua mesmo. Nós montava o time, fazia dois gols de pedra e nós jogava. Desde 5 anos sempre joguei futebol. Sempre nós dá um jeito de jogar”, relata o jovem que vive em situação de rua há 10 anos. Mas agora o jovem tem um espaço mais estruturado para mostrar seu futebol. Há quatro meses, o brumadense chegou à Vitória da Conquista e passou ser atendido pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social para a População em Situação de Rua (Creas Pop).
Lá, além do acesso a programas e serviços públicos, das oficinas e das palestras, toda terça e quinta-feira, o público assistido pode protagonizar um espetáculo futebolístico. Paulo e os “parças” sempre participam do Baba do Centro POP. “Sempre eu gosto de vir que aqui é bom. O baba nosso é sempre de boa e nós acha bom”, afirmou o boleiro que, na manhã da última quinta-feira (17), como de costume, jogava futsal no Ginásio de Esportes Raul Ferraz.
Segundo o educador social do Centro de Referência Especializado de Assistência Social para a População em Situação de Rua (Creas Pop), Djair Souza, a atividade organizada pelo serviço atende à demanda de oferta de prática esportiva para pessoas em situação de rua. Na terça, o baba é no Estádio Municipal Edvaldo Flores e uma vez por mês eles vão para o Serviço Social do Comércio (Sesc). “São em torno de 40 usuários do serviço que participam da atividade. Nós também organizamos torneios com a Cotefave*. Já estamos até programando um para o mês que vem”, informou Djair.

Roberto, com a bola no pé, tenta driblar Paulo, que se defende
Quem também se divertia com as jogadas era Roberto Santos (33). Mesmo sem enxergar de um olho, ele ama e leva jeito para o esporte. “Futebol para mim é tudo. Futebol para mim é uma coisa que não tem palavras porque é uma coisa que tira a tristeza, tira os maus pensamentos, tira a má influência e o Centro POP ajuda muito a gente nessa parte do futebol. Então agradeço muito. Gostei de todo mundo daqui. O pessoal sempre acolhedor”, revelou o soteropolitano que há seis anos está em situação de rua e há cinco meses veio para Conquista.
*Comunidade Terapêutica Fazenda Vida e Esperança que atua na recuperação de dependentes de substâncias psicoativas, lícitas e ilícitas.








