Desde 2004, os pacientes ostomizados são considerados pessoas com deficiência física, segundo o decreto nº 5.296/2004. Por isso, possuem os mesmos direitos assegurados no Estatuto da Pessoa com Deficiência e necessitam de um serviço especializado que é garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em Vitória da Conquista, o Centro Municipal Especializado em Reabilitação Física e Auditiva (Cemerf) é referência na assistência às pessoas com ostomias intestinais ou urinárias.

Assistência à pessoa ostomizada no município – O serviço foi implantado no Cemerf em julho de 2017 e presta assistência especializada a mais de 200 pacientes de Vitória da Conquista e de outros 18 municípios pactuados. Desde a implantação até outubro de 2019, o Cemerf já concedeu 38.439 bolsas coletoras aos pacientes ostomizados.

Seu Jailton é um paciente ostomizado há 16 anos

Um desses pacientes é Jailton Sousa, que em 2003 teve o diagnóstico de câncer colorretal e precisou passar por uma colostomia, que faz a comunicação do cólon com o exterior. “Foi uma descoberta inesperada, porque eu fui fazer um exame de próstata e saí com esse diagnóstico de lá. Quando eu soube que não teria como reverter foi muito difícil, mas isso foi só no começo porque com seis meses eu já estava conseguindo me adaptar ao uso da bolsa e hoje completo 16 anos como ostomizado”, conta Jailton, que é presidente da Associação dos Ostomizados de Vitória da Conquista (AOVIC).

Após a cirurgia de ostomia, o paciente precisa se adaptar às mudanças nos padrões de eliminação, assim como os hábitos alimentares e de higiene para evitar complicações no estoma. É dessa forma que o Cemerf tem contribuído para reabilitar os pacientes ostomizados. “O serviço tem nos deixado contentes, desde o atendimento na área de orientação, seja alimentar, de enfermagem, com a estomoterapia, como também no suprimento com os materiais necessários para o uso do ostomizado”, pontua Jailton.

Os pacientes são encaminhados ao Cemerf pelos hospitais, postos de saúde ou por demanda espontânea e recebem, mensalmente, os suprimentos de materiais, além de acompanhamento multidisciplinar. “Após o cadastro, ele também vai ser orientado quanto aos cuidados com o uso da bolsa, o período de troca e higiene. O paciente já leva a quantidade necessária para um mês e já fica marcado o retorno para o mês seguinte”, explica a enfermeira gerente do serviço de ostomia do Cemerf, Rosalina Macedo.

A gerente ainda destaca que os pacientes recebem todas as informações necessárias para que vivam de forma independente. “Eles têm qualidade de vida, viajam, andam de bicicleta, correm. É um paciente reabilitado! Ele consegue se adaptar muito bem e ter uma vida normal. A bolsa é vida, porque ele precisa dela para ter autonomia”, pontua Rosalina.

Para realizar o cadastro no serviço de ostomia do Cemerf é necessário apresentar xerox e original do cartão Sus, CPF, comprovante de residência, RG, relatório médico de alta solicitando o acompanhamento especializado.

O que é? – A palavra ostomia, ou estomia de eliminação, se refere a uma intervenção cirúrgica realizada quando é necessário construir um novo trajeto para eliminar a urina e as fezes, por meio do estoma, que é um pequeno orifício feito no abdômen permitindo comunicação de um órgão com o meio externo.

A colostomia, ileostomia e urostomia são intervenções cirúrgicas realizadas em pessoas, que sofreram perfurações no abdômen ou doenças no reto, no intestino e na bexiga. A estomia pode ser feita de forma permanente ou temporária, com possibilidade de reversão cirúrgica, a depender do caso de cada paciente.