Educação
Postado em 15 de novembro de 2013 as 11:01:51
“O público é grande, a gente vê a alegria dos meninos em receber os prêmios e a emoção dos pais em ver os filhos na tela”, observou um dos jurados*
Num determinado momento do projeto “O lugar onde vivo conta um pouquinho de mim”, etapa preliminar da 5ª edição do Festival de Cinema de Bate-Pé, o professor Davino Nascimento foi procurado por um grupo de alunos do 6º ano do Ensino Fundamental do Centro Educacional Eurípedes Peri Rosa. Segundo o professor, eles queriam exibir um curta-metragem no evento, que eles haviam produzido de forma independente. O resultado: eles receberam dos jurados os prêmios de melhor trilha sonora e melhor fotografia.
‘Projeto decolou’– Davino interpretou o ímpeto desses alunos como uma prova irrefutável de que o projeto, idealizado em 2009, já transpôs vários limites. “O cinema liberta e provoca. É tudo isso que está fora dos livros”, avaliou.

Da esquerda para a direita: o secretário de Educação, Ricardo Marques, e os professores do Lentes Rurais: Davino Nascimento, Lídia Lemos, Valdomiro Batista e Wilson Brasil
Segundo ele, essa atitude também se deve à criação do cineclube da escola, por meio do qual os alunos participam de sessões de cinema e, em seguida, discutem sobre os filmes exibidos. “Eles fizeram o filme sozinhos, porque já assistem”, disse. “Participaram de seis sessões durante o ano, com diversos professores discutindo filmes com eles. Então, como deixá-los de fora? Eles abraçaram. E aí, fica claro que o projeto de cinema em Bate-Pé decolou”.
‘Uma educação diferente’– Responsável pela disciplina de Língua Portuguesa, Davino faz parte do projeto Lentes Rurais, que inclui ainda os professores Wilson Ricardo Brasil, Lídia Lemos e Valdomiro Batista. Wilson e Lídia ajudaram a implantar a Mostra de Cinema Estudantil na Escola Municipal Paulo Setúbal, em Inhobim, onde lecionam. Valdomiro produziu filmes em todas as escolas municipais por onde passou – inclusive a atual, Francisco Antônio de Vasconcelos, em Cabeceira.
Todos eles participaram do projeto “O que se aprende com cinema – saberes e fazeres da relação cinema-educação”, realizado em 2009, por meio de parceria entre a Prefeitura Municipal e a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), e, a partir daí, resolveram levar as discussões para dentro das unidades de ensino onde atuam. Por conta disso, compuseram o corpo de jurados do 5º Festival de Cinema de Bate-Pé.
“O propósito do Lentes Rurais é uma educação diferente. É ensinar trazendo o aluno para aquilo de que ele gosta”, explicou Valdomiro. “Com essa inovação do cinema, trazemos o aluno para dentro da sala de aula. Ele passa mais tempo na escola, e com mais responsabilidades”.
‘Alegria e emoção’ – Participando como jurado pela terceira vez, Valdomiro já é capaz de detectar avanços no desempenho dos alunos como roteiristas, produtores, diretores e atores. “A maturidade dos meninos cresceu”, observou. “Hoje eles têm uma noção maior de edição e de roteiro. Eles escrevem o roteiro durante o ano todo, para depois escolher o melhor para poder gravar”.
Da mesma forma, o professor conhece bem a reação da comunidade de Bate-Pé, que comparece para assistir aos filmes, no que já parece ter-se tornado uma tradição local: “É sempre gratificante. O público é grande, a gente vê a alegria dos meninos em receber os prêmios e a emoção dos pais em ver os filhos na tela. Isso é o que mais nos gratifica”.
*Além dos professores Wilson Ricardo Brasil, Valdomiro Batista e Lídia Lemos, o corpo de jurados do 5º Festival de Cinema de Bate-Pé foi composto pelos estudantes Maria Andréia Santos, Anderson Prado, Raiane Teles e Cosmelúcio Costa, do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).







