Cultura
Postado em 19 de novembro de 2025 as 10:00:03
A cerimônia de tombamento do prédio antigo da Câmara Municipal de Vitória da Conquista foi realizada na noite de terça-feira (18), com a presença de representantes da Prefeitura, da sociedade civil e do Conselho de Cultura. O evento também marcou a reabertura do Memorial Maneca Santos, com uma exposição do artista plástico conquistense Silvio Jessé.
O Governo Municipal foi representado pelo secretário de Educação, Edgard Larry, que compôs o dispositivo de honra da cerimônia ao lado do presidente da Câmara, Ivan Cordeiro, dos vereadores Fernando Jacaré e Luís Carlos Dudé, além do diretor de Comunicação da Câmara, Fábio Sena, e do artista Silvio Jessé.
Secretário de Educação, Edgard Larry iniciou seu pronunciamento declamando um poema de Vicente Cassimiro, e exaltou a importância de preservar a memória de Vitória da Conquista para a construção de um futuro que honre a história do Município. “É um momento importantíssimo para o município, que possui uma história riquíssima. Precisamos preservar essa memória através de diversas ações, dentre elas, o tombamento dos seus prédios históricos. É preservando a memória que nós temos condições de transmitir às novas gerações todo um valor histórico que a nossa cidade tem e prepará-la para um futuro que vai crescer cada vez mais com base em pilares históricos”.
- Edgard Larry
- Ivan Cordeiro
Presidente da Câmara de Vereadores, Ivan Cordeiro destacou que o cuidado e respeito com a história de uma cidade faz parte do caminho para o desenvolvimento. “Conquista tem vocação para ser grande. De fato, nós temos trabalhado por essa Conquista grande, pela Conquista do futuro, dos 200 anos. Mas não haverá essa cidade se a gente não preservar a nossa história. Estamos falando aqui de um prédio centenário, que há mais de 50 anos abriga a Câmara Municipal. O desenvolvimento de Conquista passa pelo debate que acontece aqui, pela aprovação de projetos, então a gente precisa preservar essa história, essa memória”.
Já o presidente do Conselho Municipal de Cultura, Washington Rodrigues, expressou satisfação com a celebração do tombamento, que foi aprovado pelo Conselho após uma serie de reuniões do órgão, além de estudos do Núcleo de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Município. “É uma alegria imensa participar desse momento. Mais do que a preservação, temos a garantia de que esse prédio nunca mais será modificado, porque é o que diz a lei de tombamento. Isso é fundamental, porque há o processo de especulação imobiliária, de deterioração desses imóveis, mas com o tombamento nós garantimos que as futuras gerações possam conhecer essa história”.
Após o descerramento da placa do tombamento, os participantes se dirigiram ao recém-reinaugurado Memorial Maneca Santos da Câmara Municipal, que recebeu a exposição “Histórias, memórias, lugares”, do renomado artista plástico conquistense Silvio Jessé. Foram expostas 52 obras feitas com bico-de-pena, retratando a história e a arquitetura de Vitória da Conquista. “O convite foi uma honra, e me sinto emocionado. Sempre tive vontade de trabalhar com uma técnica diferente, a bico-de-pena. Pintar Conquista, pra mim, é um presente que dou para cidade que amo tanto. Nasci aqui e as memórias daqui são, para mim, importantíssimas. A memória tem que estar sempre viva e forte na cabeça da gente, é um processo de empoderamento, humanização”.
História
Construído em 1910 pelo mestre de obras Luiz Alexandrino de Melo, o popular Luiz Pedreiro, o imóvel foi originalmente residência do Coronel Manoel Fernandes dos Santos Silva (Maneca Santos), figura importante da economia local. Posteriormente, abrigou o Hotel Central, o Fórum Municipal e a Justiça do Trabalho, antes de sediar, na década de 1960, a Câmara de Vereadores. Hoje, transformado em Memorial Manoel Fernandes, o prédio representa a trajetória institucional e política de Vitória da Conquista. O edifício hoje abriga o Memorial Manoel Fernandes de Oliveira e alguns setores legislativos, como a presidência.
O tombamento do prédio foi oficializado por meio de um decreto do Governo Municipal no início do mês de novembro, juntamente com outros quatro imóveis da cidade. A medida — que reconhece o valor arquitetônico e o valor histórico biográfico das edificações, consolidando o comprometimento com a preservação e valorização da memória do município —, foi tomada após aprovação por unanimidade do Conselho Municipal de Cultura, em 23 de outubro, com base em parecer técnico elaborado pelo Núcleo de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Município.
Biografia de Luiz Alexandrino de Melo
Nascido em Salvador, Luiz Alexandrino de Melo, popularmente conhecido como Luiz Pedreiro, chegou em Vitória da Conquista ainda jovem. Sua técnica e maestria ajudaram a consolidar os traços do ecletismo arquitetônico que marcam o centro histórico da cidade. Considerado o melhor construtor do seu tempo, pela solidez de seu trabalho de arquitetura, construiu grande número de prédios históricos da cidade, como o prédio do Quartel (onde hoje funciona a Prefeitura); o sobrado do Cel. Paulino Fernandes (onde está hoje o Banco do Brasil), em 1906; o sobrado de Maneca Santos, onde funciona a Câmara de Vereadores, em 1912; o palacete residência do Cel. Pompílio Nunes e dezenas de casas residenciais de belas fachadas na cidade. Luiz Pedreiro faleceu em 1926, no município de Encruzilhada.


















