A Prefeitura de Vitória da Conquista deu um passo significativo no enfrentamento às mudanças climáticas ao reunir, pela primeira vez, um grupo de trabalho composto por 15 servidores de diversas secretarias municipais no Curso Urgência Climática. O município foi um dos selecionados para o projeto do Ministério das Cidades, em parceria com o Instituto Lincoln, sendo o único da Bahia e um dos três do Nordeste a integrar a capacitação.

A participação do município foi viabilizada pela Escola de Governo, vinculada à Secretaria Municipal de Governo, que submeteu a proposta em resposta a um edital do Ministério das Cidades. O curso, focado em abordar as emergências climáticas, foi estruturado em Conquista com uma ampla representação intersetorial. O objetivo é aprimorar a capacitação do corpo técnico municipal, conhecer exemplos de outras cidades e adaptar as melhores práticas para a realidade local.

O cronograma prevê reuniões, capacitações e oficinas para aprimorar o conhecimento e, subsequentemente, desenvolver um plano municipal mais eficaz e integrado para lidar com os desafios impostos pelas emergências climáticas, fortalecendo a resiliência das áreas mais vulneráveis da cidade.

Segundo o assessor especial da Secretaria Municipal de Meio ambiente, Diêgo Gomes, as atividades do curso, que se estenderão até dezembro, ocorrem às segundas, quartas e sextas-feiras. “Trabalhamos em formato presencial, aqui em Vitória da Conquista, e de forma híbrida com os participantes de outros municípios. A gente quis integrar a maior parte possível das secretarias para que a gente continue trabalhando de maneira uniforme”, explicou Gomes.

Para o engenheiro da Defesa Civil, Gabriel Queiroz, o objetivo vai além da capacitação: é analisar as melhores práticas de outros municípios para elaborar e implementar um plano específico para Vitória da Conquista. “A presença da Defesa Civil é importantíssima, uma vez que a gente lida com o enfrentamento de desastres e na gestão de riscos. Então a gente desenvolve ações de prevenção, de planejamento, de resposta e de reconstrução para o município na incidência dos desastres”, afirmou Queiroz.

O diretor de Habitação, Nildo Freitas, representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, destacou a relevância para as demandas habitacionais: “É importante a gente estar participando desse curso, até porque a gente tem algumas demandas também relacionadas à habitação, principalmente em áreas que são ocupadas de forma irregular. A Semdes já presta esse serviço também quando há alguma situação difícil por parte dessas famílias que vivem em áreas de risco”.

Durante a abertura do curso, a coordenadora-geral de Adaptação das Cidades às Mudanças Climáticas, Raquel Furtado Martins de Paula, explicou que o curso foca em cidades vulneráveis e aborda quatro ameaças climáticas: secas, chuvas extremas, aumento da temperatura e elevação do nível do mar. “Este curso é de grande importância, pois oferece uma visão cuidadosa e essencial, traz muitas possibilidades de fazer as mudanças que precisam ser feitas nos seus municípios para promover justiça climática, considerando as desigualdades territoriais históricas“, enfatizou.

Já a gerente de projetos especiais do Instituto Lincoln, Laura Mullahy, ressaltou o potencial da modalidade híbrida do curso, que reúne participantes de 14 cidades em seis regiões do Brasil e da África. “Um dos nossos objetivos com este curso é fomentar a construção de uma comunidade profissional engajada, voltada para a troca de experiências e conhecimentos sobre a crise climática. O objetivo principal é o desenvolvimento e implementação de políticas urbanas e climáticas integradas”, disse Mullahy, pontuando que a América Latina é a segunda região mais suscetível aos desafios globais.

A representante da ONU-Habitat alinhou o curso aos objetivos globais, como o ODS 11 (Cidades Sustentáveis), destacando o foco em prosperidade, equidade e inclusão social, além da prevenção, resposta e recuperação de crises. O trabalho visa apoiar as cidades a desenvolverem capacidades técnicas e institucionais para enfrentar a urgência climática a partir do território, transformando conhecimento em ação concreta.