A Central de Interpretação de Libras (CIL) da Secretaria Municipal de Educação (Smed) deu início, nesta segunda-feira (10), ao curso de Língua Brasileira de Sinais (Libras), que visa atender, especificamente, alunos surdos.

Através deste curso, a CIL busca fornecer a Língua de Sinais como Primeira Língua (L1), ou seja, aquela que é utilizada para a comunicação. A língua oficial do país, a língua Portuguesa, é tratada como Segunda Língua (L2), que serve para instrução. As aulas acontecem na própria sede da CIL, situada na Avenida Braulino Santos, no bairro Candeias.

Ao se matricularem, os alunos passam por uma avaliação que tem a finalidade de elaborar um planejamento das aulas de acordo com as necessidades de cada estudante. Atualmente, a CIL possui nove matriculados de Vitória da Conquista e também de outros municípios que participam de aulas que acontecem em grupo e também individualmente.

Segundo a gerente da CIL, Jaqueline França, estes cuidados preliminares são necessários para obter um melhor aproveitamento. “No momento da inscrição, perguntamos se esse aluno tem contato com a Libras, porque, às vezes, eles já vêm de uma escola que não tem intérprete de Libras, ensino para surdos, ou uma metodologia bilíngue. Muitos deles ainda vêm de uma família de ouvintes que não têm interação com a comunidade surda e que ainda não passou pelo processo de aquisição da língua. Então a gente faz uma triagem durante a inscrição e, após esse primeiro contato e a partir das respostas dos familiares, muitos optam em inscrever os seus filhos”, afirmou Jaqueline

Jaqueline também destacou que a metodologia utilizada possibilita ao surdo aprender a língua da comunidade surda. “É um trabalho educacional que vai respeitar as particularidades de cada criança, de cada adolescente. Adolescente, estabelecendo as capacidades e também o aprendizado dessa criança, desse jovem, desse adolescente durante o curso”, salientou Jaqueline.

Professora Ruth

Para as aulas, os alunos podem vir acompanhados pelo pai ou responsável, que também pode participar do aprendizado. Um dos exemplos é o de Jamile Almeida, mãe de Breno Almeida, de cinco anos, e matriculado na Creche Conveniada Lar da Criança Meimei. Ela explicou que seu filho perdeu a audição com dois anos de idade. “Ficamos sem saber o que fazer, até conhecer o implante coclear e a Libras que estão ajudando muito no desenvolvimento dele, tanto social quanto na fala”. Ela explica que a Libras o ajuda a ter mais paciência e calma. “Antes ele era muito agitado, nervoso, porque não escutava e não conseguia se comunicar”.

A professora do curso, Ruth Santana, é surda e entende que este fator auxilia em um melhor aprendizado dos alunos, principalmente as crianças que geralmente apresentam uma maior facilidade em aprender. Ruth utiliza a pedagogia visual, com sinais, língua portuguesa e desenho, trazendo um contexto do significado da palavra, a memorização e a aprendizagem. Ela destacou que seu desejo é fornecer um aprendizado que abra oportunidades e principalmente empoderamento ao participar da comunicação em língua de sinais.