Educação
Postado em 2 de dezembro de 2024 as 09:15:50
e atualizado em 4 de dezembro de 2024 as 17:57:33

A Secretaria Municipal de Educação (Smed), por meio da equipe gestora das Escolas Nucleadas, promoveu o 3º Encontro de Educação para as Relações Étnico-Raciais, na Prefeitura da Zona Oeste (PZO), localizada no Centro Cultural Glauber Rocha.
O diretor das Escolas Nucleadas, Juthay Carneiro Oliveira, ressaltou a importância de promover formação a todos os profissionais de educação sobre combate ao racismo estrutural. “Esse já é o terceiro encontro e estamos planejando mais um ciclo de formação para o ano de 2025”. Para ele, a educação deve promover, prioritariamente, ações para a promoção da igualdade racial, pois essa questão afeta fortemente o desenvolvimento de aprendizagem dos estudantes.
A coordenadora pedagógica das Escolas Nucleadas, Lucinéa Gomes de Jesus, informou que a formação é como um instrumento potente no combate a todas as formas de racismo, e que, em sua trajetória profissional, ela sempre esteve engajada em ações de promoção e combate às desigualdades raciais e, agora, coordenando as 16 unidades de ensino que compõem as Escolas Nucleadas, se sentiu desafiada e motivada a trabalhar ainda mais em prol de uma educação descolonial.
O professor e coordenador do Programa de Extensão Laboratório de Ensino de Matemática (LaboMat), da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Gerson dos Santos Farias, falou da Educação Matemática Antirracista, a partir da Etnomatemática dos povos africanos e indígenas. Ele destacou a importância de se discutir, criticamente, o currículo escolar para a superação da concepção colonialista da educação, com vistas à desconstrução dos estereótipos em Matemática. “É necessário que se promova o intercâmbio da universidade com os espaços escolares do campo e das comunidades quilombolas, uma vez que ambos possuem compromissos com a formação de professores. Tais aproximações configuram a criação de uma rede de apoio, que contribui para a formação crítica e reflexiva de educadoras e educadores antirracistas”.

Coordenadora Pedagógica das Nucleadas, Daniela dos Santos, Elizabete, Lucinéa, Gerson e Poliana
Mestranda e professora da rede municipal de ensino de Vitória da Conquista, Elizabete dos Santos Silva compartilhou uma discussão baseada no seu objeto de pesquisa intitulado “A Mulher Negra da Comunidade das Pedrinhas, Etnia, Identidade e Formas de Empoderamento”, no qual apresenta a história real de mulheres dessa localidade que com o seu trabalho braçal e pesado se empoderaram, desenvolvendo e sobrevivendo em meio às dificuldades e situação de miséria. “Essas mulheres guerreiras que, em meio ao nada, descobriram um caminho para sobreviver quebrando pedra, lavando roupa e vendendo água. As dificuldades não as fizeram parar, pelo contrário, elas criaram trincheiras de resistência para a sua vida, da família e da cidade, pois por meio do seu trabalho ajudaram a construir nossa cidade. Diante disso, existe um paralelo muito forte na relação das mulheres das comunidades rurais e quilombolas que vivem em situações semelhantes, precisando ressignificar suas vidas por meio da luta e resistência em meio as dificuldades”.
A professora, mestre e pesquisadora do campo da Educação Quilombola, Poliana Rejane, analisa a educação como possível estratégia para o fortalecimento e manutenção das memórias tradicionais dos povos quilombolas. Em sua trajetória estudou sobre as relações sociais desenvolvidas, historicamente, pelas famílias da comunidade de Lagoa Torta dos Pretos, e de que forma elas contribuem para a consolidação da memória coletiva, observando a origem das famílias, suas relações étnicas e seus reflexos na Educação, por meio da análise dos Currículos.
Ela acrescentou que o evento é relevante porque abre oportunidades de troca de conhecimento, além de despertar nos profissionais de educação das Nucleadas a vontade de mudança de perspectiva, a fim de promover a descolonialidade do currículo que precisa incluir, urgentemente, em seu programa, os saberes e conhecimentos das comunidades campesinas e comunidades quilombolas. E acrescentou que não existe promoção de igualdade racial sem envolver os sujeitos como construtores de suas histórias, a começar pelos estudantes em sala de aula, daí a importância do professor antirracista no combate às desigualdades raciais.
- Equipe das Nucleadas
- A coordenadora pedagógica da Alimentação Escolar, Adriana Ribeiro, 2ª em pé da esquerda para direita, representou a Smed.
- Juthay, o secretário Municipal de Desenvolvimento Social, Michael Farias, Poliana e o coordenador de Promoção da Igualdade Racial, Ricardo Alves de Oliveira








