A compreensão do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e as formas de acessibilidade, inclusão e atendimento têm sido objeto da preocupação e sensibilidade de gestores de diversas áreas da Prefeitura de Vitória da Conquista. Na semana passada, como parte do Abril Azul – estabelecido pela ONU como forma de dar visibilidade ao TEA, dois momentos tiveram o tema como objeto de discussão.

Na quinta-feira (27), no Cras Nova Cidade, uma roda de conversa com famílias de usuários com filhos que possuem o transtorno, serviu para esclarecer dúvidas, a partir da troca de experiências com pais que tiveram resultados positivos nos cuidados com seus filhos autistas.

A ação contou com a participação de Vitória Aparecida Sales, da Associação Conquistense para Atendimento Especializado à Pessoa Autista (Acaepa), que falou sobre a associação e a experiência como mãe de filho que tem o espectro autista. Segundo Vitória, a informação ainda é a maior arma contra o preconceito.

Eliude Bonfim, do Cras, e Vitória Aparecida. da Acaepa, falam sobre o TEA

“O autismo precisa ser falado, independente do mês de campanha. Hoje nossa preocupação é com a família que recebe o diagnóstico e não sabe o que fazer com essa informação, por isso este momento aqui é muito importante”, declarou Vitória. “A temática ainda é recente e existem muitas dúvidas por parte dos pais. Por esse motivo a necessidade de estarmos realizando esses eventos com mais frequência”, explicou a gerente do Cras, Eliude Bonfim.

Para Silvio Brito Santos, morador do Alto Maron, pai de Iore, quem tem TEA, o diagnóstico tardio foi um grande desafio que a família está aprendendo a cada dia. “ Quando a gente teve a confirmação, ele já tinha quatro anos. Mas têm sido apaixonante porque meu filho é carinhoso, atencioso . Por isso, este momento é muito importante para nos informarmos e compartilharmos com outras famílias nossas experiências “ ressaltou Silvio.

Preparação no Conservatório de Música

Na sexta-feira (28), o Conservatório Municipal de Música (CMM) promoveu um momento de formação com o servidores do órgão, com o tema “Conhecer para entender o Transtorno do Espectro do Autismo (TAE)”, cuja proposta é incentivar a inclusão de alunos que tenham autismo ou alguma síndrome ou deficiência rara.

A palestra principal ficou a cargo da professora e especialista, Marília do Amparo, que destacou a importância de inserir e tratar com os alunos de forma específica, conforme cada processo de aprendizado. “A ideia é preparar professores acerca dos métodos para a educação de alunos com espectro autista, que podem variar no uso de equipamentos, como coletes sensoriais e outros recursos. Como não são todos os autistas que possuem hipersensibilidade aos sons, aos demais é amplamente recomendável a educação musical “, comentou Marília.

Marília do Amparo fez palestra sobre inclusão

Psicóloga responsável pelo Conservatório, Naiara Lima, disse que diagnósticos de TAE têm sido cada vez mais frequentes em toda a rede municipal de ensino e, diante disso, é imperativo promover um preparo especial aos agentes de todos os setores da educação. “Temos hoje seis alunos com transtorno do espectro autista no CMM. Esta palestra é um primeiro passo para ampliar o conhecimento sobre o assunto, para que haja uma preparação contínua dos nossos profissionais e para que este público seja atendido com qualidade” relatou Naiara.

“Não adiantaria disponibilizar vagas para alunos sem oferecer condições ideais para atendê-los. Por isso, a palestra com a especialista foi essencial, sobretudo para elucidar e mitigar dúvidas que eu e muitos outros professores tínhamos de como lidar em algumas situações”, declarou o coordenador e também professor do CMM, Alex Lacerda.