Antes de existir a política nacional dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), crianças e adolescentes com sofrimento mental no Brasil ficavam relegados à própria sorte, escondidos por seus familiares ou internados em manicômios junto com os adultos, sem nenhum cuidado específico. Com o fechamento dos manicômios e a Reforma Psiquiátrica (Lei 10.126/2001), que foi fruto da Luta Antimanicomial, essa realidade mudou.

Pablo Vinícius Couto de Araújo

Em Vitória da Conquista, no ano de 2011, o Governo Municipal inaugurou o Caps Infantil e Adolescente para atender a demanda de crianças e adolescentes com sofrimento mental grave, que até então só contavam com o atendimento da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).

Funcionando na Rua Leonídio de Oliveira, 427, bairro Recreio, o Caps IA atende uma média de 250 usuários por mês, crianças a partir de um ano e meio de idade, com uma equipe multiprofissional. “Aqui no Caps IA, nós estamos abertos para triagem de novos pacientes todos os dias da semana, de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h. O paciente é acolhido por algum dos integrantes da equipe, que faz a primeira avaliação e depois passa o caso para equipe discutir de forma multiprofissional como será feito o tratamento desse usuário”, explica o psicólogo Pablo Vinícius Couto de Araújo.

Alessandra Chaves

Os pais devem estar atentos às crianças ainda bebês. “Muitos transtornos começam ainda na infância, a partir dos 6 aos 8 meses de vida é possível perceber alguma diferença no comportamento. São pequenos sinais que podem ser trabalhados e evitar um sofrimento maior no futuro. Muito choro ou apatia podem ser sinal de um futuro sofrimento mental”, alerta a psicopedagoga, Alessandra Chaves.

Nilza Pereira dos Santos

Moradora do bairro Vila América, Nilza Pereira dos Santos Souza, mãe de Felipe, de 11 anos, percebeu que seu filho era especial quando ele tinha 3 anos. “Quando o matriculei na creche, as professoras perceberam que o seu comportamento era diferente: ele não desenvolvia, ficava sempre pelo canto”. Antes de ir ao Caps IA, Felipe era acompanhado na Apae. “Descobri que tudo que meu filho faz é para chamar a atenção, ele faz amizade com todo mundo”, informou Nilza sobre seu filho, que é acompanhado no serviço duas vezes por semana e uma vez por mês pelo médico.

Cristina de Jesus Barbosa

Também foi na escola que a moradora do bairro Nossa Senhora Aparecida, Cristina de Jesus Barbosa, teve a confirmação de que seu filho, Iago, naquela época com 4 anos, era especial. “Eu soube que ele teria problemas assim que ele nasceu, mas só na escola é a que a professora percebeu e conseguiu agendar um neurologista. Há mais ou menos um ano, o Cras de meu bairro me encaminhou para este serviço”. No Caps IA, Iago, hoje com 8 anos, e sua mãe são atendidos uma vez por semana pela equipe e a cada dois meses pelo médico.

Monique Brito

Além do Caps IA, o município possui uma rede, composta pelo Caps AD, Caps II e Hospital Psiquiátrico e diversas entidades, que auxilia na identificação de pessoas com sofrimento mental,  seja por questões cognitivas, comportamentais seja por uso de substâncias psicoativas. “O trabalho em rede, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social, tem nos garantido a descoberta de novos casos, suporte para o atendimento e principalmente um integração para melhor assistir a população de Conquista”, avalia a coordenadora de Saúde Mental, Monique Brito.