Aílton Dias começou a escrever poesias aos sete anos, e agora passa seu conhecimento para crianças da mesma idade

“Conquista – cidade das rosas, deslumbrante por natureza, joia rara do sertão baiano, de infinitas belezas. A ti vai a minha gratidão, não sou filho dessa terra, mas a amo de coração!’’ Este é um trecho de cordel do livro Cidade das Rosas, escrito por Aílton Dias, em que o cordelista declara o seu amor pela cidade de Vitória da Conquista. Ele, que começou a escrever poesias aos sete anos, pôde passar seu conhecimento para crianças da mesma idade nesta terça-feira (19), através de uma oficina de cordel promovida pela Prefeitura Municipal para o Programa Conquista Criança.

Os alunos puderam conhecer a história de Vitória da Conquista através de versos de cordel e de desenhos feitos utilizando a técnica da xilogravura. Para Aílton Dias, é importante preservar a cultura nordestina, principalmente na era da internet. “É interessante trazer a literatura, porque muitos não sabem o que é cordel. Nem todas as crianças querem folhear um livro, porque é mais fácil achar tudo pela internet. Hoje, eu tenho a chance de explicar o que é, como é feito, como se declama, além de incentivá-las a conhecer e criar o próprio cordel”.

A oficina de cordel faz parte da programação do Arraiá da Conquista

Para a vice-diretora Maria Queiroz, a oficina é uma oportunidade de aproximar os alunos da cultura local. ‘‘Eles têm a chance de se inserirem, de uma forma culta e regionalizada, no mundo da escrita e da oralidade. O cordel também possibilita a expressão de uma forma particular porque, através dele, o aluno tem contato com a literatura local e pode se expressar utilizando suas palavras, seu meio social e familiar, para dizer o que sente ou pensa”, explicou.

O estudante Raylan Marinho, 11 anos, não conhecia a literatura de cordel, e ficou encantando com o que viu. “Foi bom porque eu nunca tinha ouvido falar, e ainda aprendi um pouco mais da história de Conquista”, ressaltou. Já Cleiciane Pires, também com 11 anos, adorou compor um trecho durante a oficina. “Decidi falar sobre o amor porque foi a primeira coisa que veio em minha mente. Gostei muito!”, afirmou.

O estudante Raylan Marinho, 11 anos: “aprendi um pouco mais da história de Conquista”.

Segundo a coordenadora Marizete França, “muitos não compreendem de fato o que é o cordel e a sua importância para o Nordeste. Esse é o momento que eles têm para descobrir e redescobrir curiosidades, origens, fatos, sobre o cordel”, finalizou.

A oficina de cordel faz parte da programação do Arraiá da Conquista, levando a cultura nordestina para a sala de aula. “Ao abordar a pluralidade cultural do Brasil, o professor deve promover no aluno o sentimento de valorização cultural do país, além do reconhecimento e respeito das diferentes culturas. Isso mostra que não existe cultura melhor ou mais desenvolvida que a outra. Por isso, entramos com essa programação, para resgatar e fortalecer a cultura nordestina em nossos alunos”, explica a secretária de Educação, Selma Oliveira.