Maria das Graças Alves, Beto Gonçalves, Roberto Silva e Tata João: “esse é o governo dialogando com todas as religiões”.

Símbolo de proteção para as religiões de matriz africana, o turbante ganhou significado ainda maior na trajetória de Valério Santos. Adepto do Candomblé há mais de 10 anos, o seu caminho pela crença foi marcado pela superação diante da intolerância e do preconceito.  “Hoje, usar turbante é motivo de orgulho e resistência. Já sofri muito preconceito por minha religião, principalmente por parte de familiares”, afirma.

Assim como Valério, muitas pessoas levantaram a bandeira contra a intolerância em uma ação que aconteceu nesta segunda-feira (22), na Praça 9 de novembro. O evento teve apoio da Coordenação de Igualdade Racial da Prefeitura em comemoração ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. “É papel da Coordenação de Igualdade Racial desenvolver atividades como essa, que visam educar a população contra a intolerância religiosa. Esse é o governo dialogando com todas as religiões e com a nossa sociedade em geral”, afirma Beto Gonçalves, Coordenador de Igualdade Racial.

Com o intuito de aproximar os conquistenses da cultura africana, a programação do evento contou com oficinas de turbante e atabaque, além de agraciar os espectadores com uma apresentação de samba de roda. Vivian estava passando pelo local e não pensou duas vezes em mudar o percurso só para conferir o evento.  “Apesar de eu não fazer parte de nenhuma religião africana, simpatizo muito com a cultura e acho importante que eventos como esse difundam algo que representa não só uma minoria, mas todo o Brasil”, comenta a estudante.

Vivian Letícia Alves, estudante de publicidade

Durante a tarde, muitos fizeram fila para participar da oficina de turbante oferecida pela professora Luanda Araújo. De todas as cores e estampas, o objeto vai além de um simples adereço e possui significados ainda maiores. “Conhecidos como Ojás pelo Candomblé, o turbante é usado como símbolo de religiosidade e vaidade. No Brasil, ele também representa o empoderamento da mulher negra e a reafirmação da sua cultura”, conta Luanda, que é filha de santo.

Luanda Araújo (de óculos escuros): “o turbante representa o empoderamento da mulher negra”.

A realização do evento é da Associação de Capoeira Viva Conquista, Rede Caminhos dos Búzios e Conselho Municipal de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, com o apoio da Prefeitura.

Dia Nacional e a Lei de Combate e a Intolerância Religiosa

O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa é uma homenagem à memória da mãe de santo Gildásia dos Santos, que faleceu em 21 de janeiro de 2000, vítima de intolerância religiosa. Nesta mesma data completa-se também mais um ano desde que a Lei de Combate à Intolerância Religiosa foi sancionada no Brasil.

Os tipos de intolerância mais praticados são discriminação, depredação, difamação e invasão. Na Bahia, 132 casos foram registrados entre 2014 e 2017 pelo Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público do Estado da Bahia.