Mesmo adorando filmes de terror, Micaele Dias, 18 anos, decidiu participar do Cine-Pipoca, programação que faz parte do Novembro Negro, realizada pela Coordenação Municipal de Igualdade Racial. A sessão foi realizada no Centro Juvenil de Ciência e Cultura, quando foi exibido o documentário Travessias Negras, que narra a história de jovens negros que ingressaram na Universidade Federal da Bahia (Ufba), através da política de cotas. No documentário, eles compartilham as experiências relacionadas ao mundo universitário, lições e desafios vividos durante esse período.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2015, apenas 12,8% dos negros na faixa entre 18 e 24 anos de idade ingressaram no ensino superior, mas esse número ainda é pequeno se comparado aos brancos, que correspondia a 26,5% no mesmo período. “Mesmo hoje em dia, o mundo ainda tem uma visão de que negro não pode estar no mesmo local que branco, que lugar de negro não é na escola. Esses filmes abrem mais a mente para que todos vejam que cor ou classe social não importa, e sim o respeito’’, destacou Micaele.

Apesar da pouca idade, Daniel Lucas, 12 anos, sabe muito bem a necessidade de discutir sobre a Cultura Negra de uma forma geral e a importância dela na sociedade, principalmente para ele que é tão novo. “Eu acho muito boa essa iniciativa para as crianças, os adolescentes conhecerem mais um pouco desta cultura e poder sair um pouco da sala de aula pra assistir uma coisa interessante também’’.

Lívia Borges, 16 anos, aluna do 2º ano, destaca a necessidade de ações como essa: “Traz mais cultura. Eu gostei muito da iniciativa, gostei de aprender sobre essa cultura. É uma cultura fascinante e grandiosa’’.

Para a monitora da Equipe de Gestão do Centro Juvenil, Alice Irigoyen, o Novembro Negro é uma oportunidade de levar a Cultura Negra para a população: “É um momento de reflexão, divulgação de culturas, e a gente precisa mostrar isso pra comunidade. E essa atividade, do Cine-Pipoca, consegue atingir alunos de diferentes escolas daqui do município’’.

Opinião compartilhada pelo coordenador de Igualdade Racial, Beto Gonçalves. Segundo ele, é fundamental trazer esses debates para o ambiente escolar: “A intenção é levar uma informação audiovisual para que eles possam assistir e ter um censo crítico. É uma oportunidade de discussões sobre como combater o racismo’’, declarou.

A programação do Novembro Negro segue nesta terça-feira, 28, com a exposição das vestimentas da religião do candomblé. Na abertura, vai acontecer o Feijão de Ogum. A mostra estará disponível no Centro Juvenil de Ciências e Cultura, das 11h às 16h. O mesmo local sediará ainda outra exposição, de indumentárias, artefatos e utensílios religiosos, nos dias 28 e 29, das 8h às 16h.

No dia 30, no Centro Glauber Rocha – Educação e Cultura, será realizado o evento Trançando Africanidades. A programação conta ainda com um seminário no Colégio Modelo Luiz Eduardo Magalhães, no dia 3 de dezembro, das 8h às 18h.