21 de março é o Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial. A data é uma lembrança ao “Massacre de Shaperville”, em 1960, quando mais de 20 mil negros saíram às ruas na cidade de Joanesburgo, África do Sul. Eles reivindicavam o fim da lei do passe, que os obrigava a portar cartões de identificação informando os lugares onde poderiam circular. No bairro de Shaperville, o exército avançou contra os manifestantes, resultando em 69 mortos e 186 feridos. Instituída pela ONU, a data propõe uma reflexão a respeito da luta contra o racismo em todo o mundo.

“Esse massacre ainda acontece hoje em dia”, lembra o coordenador municipal de Igualdade Racial, Beto Gonçalves. Ele compara o episódio de 1960 ao alto índice de assassinatos entre a juventude negra, além de todas as formas de racismo e preconceitos ainda existentes. “Então, olhando essa luta na África, do povo que realmente foi para a linha de frente garantir os seus direitos, a gente percebe que é o momento de a gente se espelhar nessas pessoas que morreram lá e não deixar passar em branco as nossas lutas”, completa.

Beto destaca ainda um número importante: assim como no Brasil, mais da metade da população de Vitória da Conquista é negra. “E aí a gente pergunta: onde estão esses negros? Nas periferias”, observa. Nesse sentido, ele ressalta a importância de se abrir espaço em todos os segmentos do município para a representação negra, seja no poder público, indústria, comércio e campo educacional. Além disso, o coordenador sugere outra reflexão: “A gente pode observar que essas pessoas às vezes não se identificam como negras. Então essa data também é uma oportunidade do próprio negro ser protagonista de si próprio.”

Na luta ao combate à discriminação racial, toda a sociedade deve colaborar. “A comunidade pode ajudar entendendo que a nossa nação tem uma dívida com o povo negro. Porque, primeiro, ele foi tirado da sua pátria para servir à nossa pátria. Se a gente for observar, quem contribuiu muito com o nosso país foi o negro”, explica Beto Gonçalves. Nesse sentido, é preciso despertar a consciência de do valor do negro em nossa sociedade e afastar o preconceito racial. “Todos nós temos o sangue negro. O povo brasileiro, corre na sua veia o sangue negro”, afirma.

Ações da Coordenação – Beto Gonçalves cita ainda o trabalho que a Coordenação Municipal de Igualdade Racial está desempenhando na busca de espaços e igualdade para a população negra. Nesse sentido, ele fala sobre o cursinho Pré-Vestibular Quilombola, cujo retorno das aulas está previsto para o mês de abril. O fomento à agricultura familiar também está nos projetos na Coordenação. Além disso, pode-se destacar o constante diálogo com o Conselho Municipal da Igualdade Racial e representações das comunidades quilombolas, de capoeiristas, mulheres negras e juventude negras, dentre outros, para composição de uma frente de trabalho de políticas públicas.