Por ser referência na área de saúde, no interior da Bahia, o município de Vitória da Conquista foi escolhido recentemente para ser objeto de pesquisa multicêntrica nacional sobre hanseníase do projeto “IntegraHans Norte e Nordeste”, sob a coordenação da Universidade Federal do Ceará (Faculdade de Medicina, Departamento de Saúde Comunitária) – Professor Jorg Heukelbach. O projeto é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq), que conta com parceiros nacionais dos estados da Bahia, Rondônia e Tocantins, além de parceiros internacionais (Espanha, Alemanha, França, Holanda e Suíça).

Na Bahia, além da Secretaria Estadual de Saúde e da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, por intermédio da Secretaria Municipal de Saúde, integra à rede de cooperação a Universidade Federal da Bahia (campus Vitória da Conquista) e Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (campi de Jequié e Vitória da Conquista). O projeto vai integrar, além de Vitória da Conquista, outros municípios daBahia, em especial o de Jequié, e os de Rondônia (incluindo Porto Velho) e os do estado de Tocantins.

Com o objetivo geral de caracterizar os aspectos operacionais, epidemiológicos (espaços-temporais), clínicos e psicossociais que influenciam a atenção à saúde para o controle da hanseníase, a pesquisa tem dois estudos de base: a análise de tendências históricas de indicadores epidemiológicos nacionais, relacionados com o território e as condições econômicas, e a análise espacial, ligando alguns indicadores de saúde a indicadores sociais e econômicos, como Bolsa Família, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). E, de uma forma integrada, serão avaliados fatores ambientais, de dinâmicas migratória e populacional.

Alberto Novaes

Segundo o professor doutor da Universidade Federal do Ceará e um dos membros da coordenação executiva do projeto, Alberto Novaes, o projeto IntegraHans possibilitará a construção de um panorama amplo da doença dentro dos municípios que integram a pesquisa. “A pesquisa trará subsídios para o planejamento, a avaliação de tendências e a organização de possíveis processos futuros, tanto de pesquisa quanto de intensificação das ações de controle do programa e da hanseníase localmente e nacionalmente”, esclareceu Alberto. Estão previstas atividades não apenas de pesquisa mas também de ensino e extensão, mobilizando aspectos de avaliação e monitoramento, com vistas a fortalecer a estruturação de uma rede de atenção consistente.

A articulação do projeto no município começou no mês de julho, inicialmente, com reunião com a Secretária Municipal de Saúde e as áreas técnicas, além dos encontros no Centro Municipal de Tisiologia e Dermatologia Sanitária, que presta atendimento às pessoas com hanseníase, e com os gestores da saúde, para apresentação da proposta de participação da cidade. Já no dia 16 de outubro, aconteceu reunião técnica com os pesquisadores locais, de Jequié e da UFC, onde foram discutidos os próximos passos do projeto.

Segundo a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Fernanda Aguiar, esta será uma grande oportunidade para o município. “As pesquisas evidenciam fatos e dados que subsidiam uma reorganização das práticas de saúde na assistência ao portador de hanseníase. Apoiamos a iniciativa por considerar um instrumento importante de transformação”, disse.

Para a assessora de Planejamento e Educação Permanente da Secretaria de Saúde, Eliana Amorim, mais uma vez, Vitória da Conquista demonstra poder de articulação nacional para o desenvolvimento de pesquisas que contribuam não só para a melhoria de suas condições locais de saúde mas também para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). “A organização da saúde do município é o que transformou ao longo desses anos Conquista em campo de pesquisa das diferentes áreas da saúde pública, contribuindo para a construção de conhecimento científico, fundamental para o avanço das políticas públicas de saúde”, avaliou Eliana.