Nesta quarta-feira (25) foi celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. As ações realizadas pela Prefeitura Municipal nesta data visam reconhecer a luta e a resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe.

E não há melhor lugar do que a praça pública para notabilizar a luta e as conquistas dessas mulheres, pois como já declamou o poeta Castro Alves: “A praça, a praça é do Povo! Como o céu é do Condor! É antro onde a liberdade cria a águia ao seu calor!”. É o local de debates desde a Grécia antiga.

Na Praça 9 de Novembro houve discussões sobre a importância da data e o enfrentamento à violência contra mulher. “Esse movimento é uma forma de fazer com que a comunidade lembre que o preconceito, o racismo, tem sido permanente e despertá-la para que seja garantido os direitos das mulheres negras”, declarou o coordenador municipal da Igualdade Racial, Beto Gonçalves.

O Movimento Cultural Ogum Xorokê abriu a programação com o som dos tambores e atabaques, chamando a atenção das pessoas que passavam pelo espaço. “Eu adorei, estou encantada. Esse dia é importante e tem que celebrar todo ano com essa mesma divulgação maravilhosa que está sendo aqui na praça, relembrando também a questão da igualdade dos direitos”, disse Bárbara Fernandes, que trabalhava nas imediações e foi atraída pelo batuque.

Valéria dos Santos, de 13 anos, era uma das responsáveis pelas batidas da banda de percussão Ogum Xorokê. O grupo tem 30 integrantes, sendo quatro mulheres. “Nós quebramos o preconceito de ser mulher e estar no meio de homem. Hoje mesmo, as outras não vieram e eu não estou nem aí pra o preconceito. Eu gosto muito de participar dessa banda”, afirmou.

Segundo Azul, responsável pelas aulas de percussão promovidas pelo Movimento no Glauber Rocha, outras quatro mulheres estão chegando e há vagas para mais interessados. As aulas acontecem todos os sábados, das 15 às 17h.

O público presente pode ver a exposição de Oficinas, assistir a apresentação de Bia Novais e Iracema Miller, além participar de atividade do Salão Trança de Raiz e Limpeza de Pele com o Sesc. A Coordenação de Políticas para Mulheres, por meio do Centro de Referência da Mulher Albertina Vasconcelos ( Crav), também participou do evento.

Homenagem –O Dia foi estabelecido no I Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, realizado em 1992, e reconhecido pela ONU, no mesmo ano. No Brasil, a data foi reconhecida 22 anos depois, sendo instituído o Dia Internacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra – em homenagem à líder do Quilombo de Quariterê, no Vale do Guaporé (Mato Grosso), que viveu no século 18 e que foi morta em uma emboscada.

“Queremos justamente relembrar essa mulher guerreira que, mesmo com a morte do seu esposo, ficou mais de duas décadas comandando o quilombo. No século XVIII foi um marco. Tereza de Benguela é um exemplo de resistência, de coragem e a data não podia passar em branco”, observou o coordenador da Igualdade Racial.