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Postado em 17 de maio de 2013 as 21:26:16
Antes de existir a política nacional dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), crianças e adolescentes com
sofrimento mental no Brasil ficavam relegados à própria sorte, escondidos por seus familiares ou internados em manicômios junto com os adultos, sem nenhum cuidado específico. Com o fechamento dos manicômios e a Reforma Psiquiátrica (Lei 10.126/2001), que foi fruto da Luta Antimanicomial, essa realidade mudou.
Em Vitória da Conquista, no ano de 2011, o Governo Municipal inaugurou o Caps Infantil e Adolescente para atender a demanda de crianças e adolescentes com sofrimento mental grave, que até então só contavam com o atendimento da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).
Funcionando na Rua Leonídio de Oliveira, 427, bairro Recreio, o Caps IA atende uma média de 250 usuários por mês, crianças a partir de um ano e meio de idade, com uma equipe multiprofissional. “Aqui no Caps IA, nós estamos abertos para triagem de novos pacientes todos os dias da semana, de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h. O paciente é acolhido por algum dos integrantes da equipe, que faz a primeira avaliação e depois passa o caso para equipe discutir de forma multiprofissional como será feito o tratamento desse usuário”, explica o psicólogo Pablo Vinícius Couto de Araújo.
Os pais devem estar atentos às crianças ainda bebês. “Muitos transtornos começam ainda na infância, a partir dos 6 aos 8 meses de vida é possível perceber alguma diferença no comportamento. São pequenos sinais que podem ser trabalhados e evitar um sofrimento maior no futuro. Muito choro ou apatia podem ser sinal de um futuro sofrimento mental”, alerta a psicopedagoga, Alessandra Chaves.
Moradora do bairro Vila América, Nilza Pereira dos Santos Souza, mãe deFelipe, de 11 anos, percebeu que seu filho era especial quando ele tinha 3 anos. “Quando o matriculei na creche, as professoras perceberam que o seu comportamento era diferente: ele não desenvolvia, ficava sempre pelo canto”. Antes de ir ao Caps IA, Felipe era acompanhado na Apae. “Descobri que tudo que meu filho faz é para chamar a atenção, ele faz amizade com todo mundo”, informou Nilza sobre seu filho, que é acompanhado no serviço duas vezes por semana e uma vez por mês pelo médico.
Também foi na escola que a moradora do bairro Nossa Senhora Aparecida, Cristina de Jesus Barbosa, teve aconfirmação de que seu filho, Iago, naquela época com 4 anos, era especial. “Eu soube que ele teria problemas assim que ele nasceu, mas só na escola é a que a professora percebeu e conseguiu agendar um neurologista. Há mais ou menos um ano, o Cras de meu bairro me encaminhou para este serviço”. No Caps IA, Iago, hoje com 8 anos, e sua mãe são atendidos uma vez por semana pela equipe e a cada dois meses pelo médico.
Além do Caps IA, o município possui uma rede, composta pelo Caps AD, Caps II e Hospital Psiquiátrico e diversas entidades, queauxiliana identificação de pessoas com sofrimento mental, seja por questões cognitivas, comportamentais seja por uso de substâncias psicoativas. “O trabalho em rede, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social, tem nos garantido a descoberta de novos casos, suporte para o atendimento e principalmente um integração para melhor assistir a população de Conquista”, avalia a coordenadora de Saúde Mental, Monique Brito.












