Entre os dias 18 e 22 de novembro, ocorreu em Fortaleza (CE) o Campeonato Brasileiro de Karatê. Uma professora e quatro alunos da Rede Municipal de Vitória da Conquista participaram da competição com destaque, ganhando medalhas e se classificando para disputar o mundial da modalidade em Malta, em março de 2026.

Na Escola Municipal Tenente-Coronel Manoel Joaquim Pinto Paca, uma professora e três alunos competiram. A professora Rafaela Araújo é faixa preta, primeiro dan. Medalhista de prata, ela vai em busca do terceiro título mundial. Rafaela começou a praticar com quatro anos de idade no Instituto Social Vivendo e Aprendendo. “Vendo o trabalho do meu professor, tive esse sonho de transformar a vida de outras crianças, assim como ele transformou a minha. Daí, veio o meu interesse de ser professora de Karatê e de atuar também dentro do município”, disse a professora, que começou a trabalhar na Rede Municipal por meio da seleção realizada em 2022.

Nesse ano, ela prestou o concurso para a área de Karatê. Sempre trabalhou na Escola Municipal Tenente-Coronel Manoel Joaquim Pinto Paca e descobriu o talento de três crianças, que deram seus primeiros golpes nessa arte marcial na unidade de ensino. Hoje, praticam tanto na escola quanto na academia. “Eu observo aqueles alunos que vêm se dedicando dentro do Karatê, na sala de aula, porque conta muito, boletim, nota, as atividades, disciplina, em todo o âmbito familiar. E eu dou a oportunidade a eles de treinarem fora comigo”, relatou Rafaela.

Evelyn Silva é faixa verde, tem 10 anos e está no terceiro ano. “Comecei o Karatê aqui na escola por conta da professora Rafaela. Antes eu não gostava. Com ela, eu comecei a me interessar mais”, disse a estudante, que se classificou para o mundial ao ganhar duas medalhas: a de ouro, no kata (luta imaginária) equipe, e a de bronze, no kata individual. “O kata me ajuda na disciplina e a manter o foco”, resumiu.

Rhuan Pereira tem 9 anos e está no terceiro ano. Atualmente é faixa amarela. No campeonato, foi medalhista de prata e bronze. Segundo ele, o interesse pelo karatê começou cedo. “Quando eu vim pra essa escola, tinha a aula, aí eu me interessei”, disse. Rhuan afirmou que treinou muito para o Brasileiro e tem boas expectativas para o mundial. “O karatê me ajudou a ter mais disciplina e ser mais dedicado aos estudos”, destacou.

Faixa vermelha e atualmente no quarto ano, Maria Helena Martins tem 10 anos. Ela participou do campeonato brasileiro e fez bonito. “No kata individual leve, minha categoria, participaram 32 atletas. Eu fiquei em sétimo lugar”, ressaltou. Ela também começou a praticar na escola e complementa os treinos na academia. No início, segundo conta, não se interessou muito. “A partir do terceiro, eu passei a me interessar mais”, explicou. Ela considera que, além da disciplina, “o karatê é uma prática esportiva que proporciona mais saúde”.

A diretora Rosângela Santana Santos comentou sobre a sensação de alegria pelo fato de os alunos estarem se destacando como atletas, num trabalho que foi iniciado e continua a ser desenvolvido na unidade de ensino. “A escola de tempo integral proporcionou que os estudantes tivessem uma modalidade esportiva. E o karatê veio trazer isso, a disciplina. E, com a disciplina, eles conseguiram alcançar resultados maravilhosos para a escola e para eles também, no geral”, avaliou a gestora.

Débora, Henzo e Elisângela

Na Escola Municipal Pedro Francisco de Moraes, o aluno Henzo Felipe Santana Andrade também deu seus primeiros passos no karatê. Hoje ele é faixa amarela, tem 12 anos e está no quinto ano. Medalhista de bronze no campeonato em Fortaleza, também está classificado para o mundial. “Eu comecei aqui na escola. Em fevereiro farei dois anos de prática”, contou. A professora Débora Viana percebeu o potencial do aluno e o matriculou numa academia para que ele se aprimorasse ainda mais. Henzo continua a praticar na escola. Para ele, “o karatê ajudou a manter o foco e a controlar a ansiedade”. O estudante participou do campeonato na categoria kata em equipe.

No evento em Fortaleza, a professora Débora Viana atuou na arbitragem. Ela pratica o karatê há 13 anos e está na Rede Municipal há sete. “Desde criança eu sempre quis ser professora de educação física. E aí, através do Karatê, eu consegui. Comecei a dar aula pela academia, auxiliando os outros professores. E aí, quando eu cheguei na faixa roxa, já com 18 anos, apareceu a seleção da Prefeitura. Já passei por algumas escolas na Rede e agora estou aqui na Pedro Francisco”, relatou.
Ela acrescentou que alguns atletas da instituição têm se destacado durante este ano. “O Henzo participou de alguns campeonatos. E em todos os campeonatos que ele foi, ele medalhou”, elogiou.

Para a diretora Elisângela Aguiar, é gratificante saber que os alunos, além do cognitivo, podem desenvolver outras habilidades. “Entre essas habilidades está o esporte, que eles tanto gostam”, apontou. Ela acrescentou que hoje a escola tem a oportunidade de oferecer três modalidades: judô, futebol e karatê. “E, neste último ano, tivemos um destaque com o Henzo e outros alunos que conseguimos levar para campeonatos, tanto dentro da cidade quanto também na região. E agora esse nacional, que foi em Fortaleza. E para além de levar, ainda conseguimos medalhar. Ficamos muito felizes, porque foi um trabalho que começou aqui, a sementinha foi plantada na escola, nas aulas de Karatê da professora Débora, e que agora está ganhando outras proporções, dando um direcionamento para a vida dos alunos no que se refere às habilidades esportivas e àquilo que eles querem para o futuro deles”, comemorou.