Todos os dias, Maria Vitória Pereira Silva vem à Escola Municipal Frei Serafim do Amparo. Estudante do 7º ano do Ensino Fundamental, ela nunca falta a uma aula. Sorridente e cativante, a jovem de 15 anos é adorada pelos colegas e professores. Esse cenário repete o que Maria Vitória já está habituada em casa: muito amor e suporte dos pais e irmão mais velho. Entre jogos virtuais no tablet e programas de TV; é a mãe, Jacira, quem costuma interromper o lazer para lembrar o horário de fazer as atividades escolares.

Na Escola Frei Serafim do Amparo, Maria Vitória não perde uma aula na turma de 7º ano do Ensino Fundamental.

Além de comparecer religiosamente às aulas regulares todas as tardes, Maria Vitória também é vista na Escola Frei Serafim no turno oposto, pela manhã, durante duas vezes na semana. Nessas ocasiões, ela frequenta a Sala Multifuncional do Atendimento Educacional Especializado, oferecido pelo Núcleo de Educação Especial, da Secretaria Municipal de Educação (Smed). A jovem é uma das sete alunas com síndrome de Down matriculadas na Escola que encontram no Atendimento Especializado espaço para desenvolver seus potenciais.

Além de Maria Vitória, o Núcleo de Educação Especial atende a mais de 900 crianças e jovens com deficiência (física ou intelectual), espectro autista ou altas habilidades. Atualmente, a Rede Municipal de Ensino conta com 13 Salas Multifuncionais atuando na educação desses estudantes. A previsão é que, ainda em 2019, esse cenário seja ampliado.

“O Núcleo de Educação Especial trabalha na questão do suporte para esse público, tanto para a escola, como professores. A Sala de Recursos oferece suporte para o aluno com deficiência. Não é uma sala de reforço, mas um lugar que acolhe esse aluno na missão de promover e desenvolver as suas potencialidades”, explica a psicóloga da equipe de Educação Especial, Clea Maria Lopes. Ela completa: “Vai trabalhar questões motoras, cognitivas, sociais; todas essas questões que são o contexto geral do aluno, e também trabalhar junto com a família.”

Maria Vitória entre a mãe, Jacira (à esquerda), e a professora Dilma (à direita).

Dilma Brito é a professora do Atendimento Educacional Especializado responsável por receber Maria Vitória na Sala de Recursos Multifuncionais. Além da jovem, Dilma também lida com mais de 60 alunos deficientes matriculados na Frei Serafim. “Existe uma concepção de que esses alunos não tem condição de estar inseridos na escola, no mercado de trabalho, de ter uma vida social como os outros ditos normais. E nós, a partir do convívio com eles, a partir do que a escola pode oferecer para eles, a gente vê o desenvolvimento deles de todas as áreas: de linguagem, social, de interações, das convivências. Então eles têm toda a condição de se desenvolver”, afirma.

Além das aulas regulares e do suporte da Sala de Recursos Multifuncional oferecidos pela escola, Maria Vitória também frequenta o Núcleo Saber Down, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), e a Associação Conquista Down. Tudo isso sempre acompanhada por sua mãe, Jacira Pereira. “Quando a gente vê a evolução dela, é um desafio que compensa o esforço. A gente não pode é desistir”, diz Jacira. Ao começar a falar da filha, ela se emociona: “É uma menina excelente, eu amo demais minha filha.”

“Quando a gente vê a evolução dela, é um desafio que compensa o esforço. A gente não pode é desistir”, afirma Jacira sobre sua filha.

Para Jacira, todo o esforço dedicado a Maria Vitória vale a pena e é muito compensador. “Quando ela nasceu, às vezes o pessoal falava: ‘Ela vai aprender, vai ler, vai se desenvolver, vai brincar.’ E às vezes eu pensava: ‘As pessoas estão me enganando, não vai ser assim.’ E hoje eu vejo que realmente é a verdade, ela é uma criança muito inteligente, não só ela como todas as crianças com Down”, conta. E finaliza: “É com orgulho que eu levo ela onde eu posso levar. Eu luto mesmo por Maria Vitória.”