Desenvolvimento Rural
Postado em 19 de dezembro de 2023 as 14:33:55
Nesta terça-feira (19), a Prefeitura de Vitória da Conquista levou a Operação Municipal Carro-Pipa para duas localidades da zona rural afetadas pelos efeitos da estiagem, onde os moradores sofrem com o desabastecimento. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (SMDR) deslocou dois caminhões-pipa para o povoado de São Domingos, a pouco mais de 10 quilômetros da zona urbana conquistense, já bem próximo do município vizinho de Barra do Choça. Outros seis veículos foram para a Matinha, a cerca de 50 quilômetros da cidade, na região do distrito de Bate-Pé.
“A Prefeitura tem feito sua parte. A gente começou o ano com 10 carros, e aumentamos para 15. E, agora, nós aditivamos o contrato para trabalhar com o equivalente a 20 carros”, informou o secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Breno Farias.
“A gente negociou e o pessoal vai estar trabalhando também no final de semana para ajudar a zona rural, que tem sofrido bastante”, disse ainda o titular da SMDR, acrescentando que mais de 5 mil famílias da zona rural vivem com problemas de desabastecimento e recebem o fornecimento de água potável periodicamente. “A grande maioria desse atendimento é feito pela Prefeitura, pois a Operação Carro-Pipa nacional, do Exército, cortou nossos carros. Tínhamos 37 caminhões, hoje só temos 12”, relatou Breno.
“Sem água, a gente não vive”
Na região do povoado de São Domingos, são atendidas cerca de 350 famílias das localidades de São Domingos I e II, além de Vila Dias. A paisagem é típica de seca, incluindo áreas com capim seco, vegetação cinzenta e animais magros – embora a região esteja localizada numa área de transição entre a caatinga e a mata de cipó, onde as chuvas ocorrem com mais frequência do que no semiárido que predomina, por exemplo, em Bate-Pé. “Aqui já tem três anos consecutivos que a gente está abastecendo. Fazemos os mutirões de 30 em 30 dias”, explicou a coordenadora de Abastecimento da SMDR, Joana D’Arc.
A doméstica Alzenir Barbosa, 40 anos, agradeceu à equipe pelos milhares de litros de água que recebeu. “O Exército abastecia, mas tirou. Aí, ficou ruim pra nós”, lembrou a moradora. A água, segundo ela, já tem destino certo: “É para cozinhar e para fazer tudo, porque não tem outra água pra lavar e cozinhar”.
- Alzenir Barbosa
- Osvaldo Júnior
- Luiz Fernandes
O lavrador Osvaldo dos Santos Júnior, 36 anos, também encheu seus galões com o líquido precioso. “A água, para a gente, é tudo. Sem água, a gente não vive. Às vezes falta e a gente fica num sofrimento doido”, relatou Osvaldo.
O aposentado Luiz Fernandes, 81 anos, também lamentou a situação – agora, atenuada pela água que recebeu por meio da Operação Municipal Carro-Pipa. “Se a água não viesse hoje, eu ia embora para a cidade, porque não ia ficar sem água. Aqui tá tudo seco, como vocês podem ver”, relatou o morador.
A operação
Ao todo, a Operação Municipal Carro-Pipa dispõe de 15 caminhões contratados pela Prefeitura de Vitória da Conquista, cada um com capacidade para transportar 10 mil litros de água potável por viagem e percorrer 6 mil quilômetros por mês. Na prática, como disse o secretário Breno Farias, esse contingente realiza o trabalho que seria feito por pelo menos 20 desses veículos, transportando mensalmente 9 milhões de litros de água pela zona rural conquistense.

Breno Farias, Joana D’Arc e o equipamento que dessaliniza e adiciona cloro à água extraída pelos poços artesianos
Totalmente custeada pelo Governo Municipal, essa iniciativa opera de forma paralela à Operação Carro-Pipa, tocada pelo Exército Brasileiro em parceria com o Governo Federal. E, diferentemente dessa iniciativa que envolve as Forças Armadas, a Operação Municipal distribui a água potável de casa em casa. Em regra, são fornecidos 3 mil litros a cada família durante os mutirões, que ocorrem mensalmente. No caso de propriedades rurais maiores, a equipe costuma entregar o estoque inteiro de um caminhão – ou seja, 10 mil litros – e retorna àquele local após um intervalo de tempo maior, enquanto a família se compromete a economizar no uso da água.
- Breno Farias
Além da iniciativa própria de abastecimento em áreas com escassez de chuvas, a Prefeitura ainda é responsável pela manutenção de mais de 100 poços artesianos, instalados em localidades rurais por órgãos do Governo Estadual, como a Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb). Nesses casos, o Governo Municipal se ocupa dos serviços de limpeza, manutenção e energia elétrica dos equipamentos – o que inclui a assistência técnica dos dispositivos responsáveis por dessalinizar a água extraída pelos poços e adicionar o cloro, a fim de garantir que a população possa consumi-la sem problemas.