Nesta quinta-feira (14), a Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SMDE) e da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), participou de uma audiência pública na Câmara Municipal para discutir a seca que assola o município há quase um ano e as medidas de convivência nesse período de estiagem que está afetando diretamente a população do campo. Estiveram presentes vereadores, representantes dos governos municipal e estadual, de cooperativas e associações, além de moradores da zona rural.

O secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Breno Farias, destacou as ações que o Governo Municipal realiza com o objetivo de minimizar os impactos causados pela estiagem. Segundo ele, é necessário que todos os entes se unam para enfrentar a seca. Para isso, a SMDR solicitou à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) um balcão para a venda de milho subsidiado para o produtor rural.

Breno destacou ainda o aumento no abastecimento de água para a população rural, ações de limpeza nos pequenos barramentos, aguadas e lagoas, que estão, em sua maioria, praticamente secas para represar a águas das chuvas quando elas chegarem, e disse que a SMDR já formalizou pedido de ajuda aos órgãos estaduais e federais para garantir a sobrevivência dos produtores rurais e do rebanho neste momento de calamidade provocado pelos longa estiagem.

O secretário também solicitou à Embasa, o atendimento direto às populações de Cabeceira do Jiboia e Inhobim, com a extensão de rede de água, o que beneficiará cerca de 10 mil pessoas. O gestor também pediu a disponibilização de pontos para abastecimento dos carros-pipa em locais mais próximos da zona rural, além da abertura de poços artesianos pela Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia (Cerb).

“Este ano, a Prefeitura Municipal aumentou a capacidade de abastecimento por meio de carros-pipa, chegando a atingir nove milhões de litros por mês e instalamos 22 chafarizes. No ano que vem, a previsão é de implantar cerca de 60 ou 70”, declarou Breno, ao lembrar da abertura de 200 novas aguadas também em 2023.

A coordenadora da Defesa Civil, Rosângela Freitas, lamentou a redução do número de carros-pipa de 37, em 2016, para 17. “Hoje nós temos somente 12 carros e infelizmente uma evasão dos pipeiros, pois os valores disponibilizados para o pagamento são muito baixos”, disse. Rosa também ressaltou que a Defesa Civil de Vitória da Conquista e outros 27 municípios da região Sudoeste encaminharam aos Governos do Estado e da União, uma carta aberta pleiteando apoio, mas ainda não foram atendidos.

Para o presidente da Câmara de vereadores, Hermínio Oliveira, a escassez de água é visível no sofrimento dos animais. “Daí, a necessidade de buscar soluções para a construção da Barragem do Rio Pardo, que está parada”. Já o vereador Edjaime Rosa (Bibia), que é presidente da Comissão de Agricultura e líder da Bancada de Situação, afirmou ser imprescindível reconhecer que, em tempos difíceis como esses, é quem detém voz que, verdadeiramente, tem o poder de impactar positivamente na situação. Ele referiu-se à busca de recursos, obras, serviços e outras alternativas, pelos políticos, junto aos governos estadual e federal para minimizar os efeitos da seca na região.

Líder do Governo na Câmara, o vereador Luís Carlos Dudé disse que o Governo do Estado precisa agilizar a obra da barragem do Catolé, que está parada, e que a prefeita Sheila Lemos tem buscado apoio e recursos para ajudar o homem do campo a superar os momentos de calamidade, como a seca que assola o município. Destacou que Sheila foi a Brasília e entregou um documento solicitando a construção da barragem do Rio Parto, por entender que essa é uma solução viável para a cidade.

Necessidade de esforços conjuntos

Convidado para participar da audiência, o vice-presidente da Cooperativa Mista Agropecuária Conquistense (Coopmac), Antônio César Neri, disse que é preciso encarar esse problema com a seriedade necessária em todos os âmbitos: municipal, estadual, federal e na comunidade, para reivindicar providências efetivas.

Para o presidente da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (Car), Antônio Gomes Neto, a seca é um desafio, mas também uma oportunidade para a busca conjunta de solução. Sobre o desafio de conviver com a estiagem, o presidente do Sindicato dos Pequenos Produtores Rurais, Júnior Figueiredo, declarou: “eu vivo no campo há 49 anos e quero continuar no campo, não quero perder a esperança na agricultura familiar, mas precisamos de ações e de aprofundar o debate com seriedade e emergência”.

O representante da Rede Colaborativa de Segurança Rural, Wagner Lopes, sugeriu a formação de uma comissão para buscar soluções, inclusive, para tratar da construção da barragem do Rio Pardo. Já o gerente interino da Unidade Regional da Embasa, Gilmar Costa, lembrou que, em 2020, foi assinado um contrato com o município, constando o atendimento a Cercadinho, Inhobim e Cabeceira. “Esse projeto foi contratado e está em execução. Além disso, também temos no contrato o fornecimento de 1.100 carros-pipa por mês”, completou ao mencionar as ações da Embasa.

Já o representante do Banco do Nordeste, Fabiano Pereira, relatou que a audiência foi um momento importante para debater e buscar amenizar o problema da estiagem. “É necessário conscientizar os produtores para se prepararem para esse momento e o Banco do Nordeste tem linhas de crédito para atender os grandes e os pequenos agricultores, com taxas mais baixas, não é uma solução, mas uma ajuda. Com relação as parcelas vencidas entre os anos 2020 e 2022, podem ser promulgadas para o final do contrato”, concluiu.

De acordo com o representante da Associação Vale do Muquém, Patrick Almeida, é necessário organizar o trabalho do homem do canpo. “Se não organizarmos nosso trabalho, não avançaremos”, disse. Ele também destacou que a população precisa ter cuidado com alguns políticos, que usam a seca para ganhar votos. “A população precisa estar atenta a essas estratégias manipuladoras e precisamos exigir compromissos reais e efetivos por parte dos líderes políticos”. Valter Félix, da Associação de Irrigantes de Barra do Choça, enfatizou a necessidade de avanços concretos, para transformar palavras em ações imediatas. Ele destacou a mudança climática como um fator determinante, afirmando que a produção é inviável sem água.

Representando a Associação do Assentamento Cipó, Carla destacou as demandas da sua região, dizendo que fez uma solicitação junto à Cerb, em 2021, mas ainda não obteve respostas. “Eu fui entregar pessoalmente na Cerb, estou aqui com o recebido do documento, então, sim, temos críticas, mas também temos agradecimentos. A gente tem que agradecer muito à Subprefeitura, a Secretaria de Agricultura, à prefeita, que eu tenho certeza que está fazendo o que pode, e, principalmente à Joana, que nunca deixou faltar e sempre correu atrás”, disse.

Também usaram a palavra, os vereadores Marcus Vinicius, Nelson de Vivi, Ricardo Babão, Augusto Cândido, Nildo Freitas, Andreson Ribeiro, Lúcia Rocha, Luís Carlos Dudé, Luciano Gomes, Valdemir Dias, Adinilson Pereira, Viviane Sampaio, Edivaldo Ferreira Jr, Chico Estrella e Subtenente Muniz.