A ação aconteceu na subprefeitura de José Gonçalves

“Quem aqui em algum momento já foi chamada de louca?” perguntou a coordenadora de Política para Mulheres, Dayana Evelinne Andrade, durante roda de conversa para grupo de mulheres na subprefeitura de José Gonçalves e todas as participantes levantaram a mão em resposta positiva à indagação.

Neste momento, o grupo foi informado pela coordenadora que xingamentos como este são formas de violência contra mulher e pode ser configurado como violência psicológica, um tipo de violência que ninguém vê e que deixa marcas profundas e pode ser o início de um ciclo violento que leva à agressões físicas e pode culminar com o feminicídio.

A atividade foi organizada pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras Rural) e faz parte da programação Março Mulher 2021 que este ano traz o tema “A Violência que ninguém Vê”.

Enquanto ouvia as informações, Ana* concordou e comentou para todas ouvirem: “algumas palavras machucam mais do que a violência física”. Segundo Dayana, em 2020, o Disque 180 recebeu mais de 105 mil denuncias de violência contra mulher, um aumento por conta da pandemia de Covid-19. “Nós estamos vivendo uma pandemia de violência doméstica dentro da pandemia de Covid-19. No ano passado, somente na Bahia foram registrados 113 casos de feminicídios”, alertou Dayana.

Maria* contou para todos a sua história. “No início, ele assistia o jornal comigo e dizia que era bem feito a mulher apanhar ou morrer por desrespeitar o marido. Eu me sentia ameaçada. Depois um dia brigamos e ele me bateu, saí de casa por um tempo, mas depois voltei e ele continuou do mesmo jeito. Procurei ajuda e a Lei Maria da Penha possibilitou que eu deixasse ele. Hoje, graças a Deus, estou feliz sem ele. Ele vivi a vida dele e eu a minha”, declarou Maria.

Lena* comentou que a maior dificuldade que as mulheres tem de denunciar é por conta do medo: “o medo do agressor impede a mulher de procurar ajuda”. Por isso, a importância de buscar ajuda com a família, com um amigo (a), vizinho (a), com a Polícia, no Cras, no Centro de Referencia Especializado de Assistência Social (Creas), no Crav (Centro de Referência da Mulher) ou ligar para o Disque 180.

Durante a conversa, o grupo teve a oportunidade de tirar dúvidas sobre a Lei Maria da Penha, Medida Protetiva, tipos de violência e serviços ofertados pela Prefeitura para mulheres que estão em situação de violência.

*Para preservar a identidade dos depoimentos dessa reportagem, optamos por modificar os nomes das participantes.